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“Romanceiro da Inconfidência” de Cecília Meireles – Resumo de Cada Capítulo

“Romance” é um estilo de poema com a estrutura de redondilha maior e rima assonante (foco em sons de vogais).

A obra foi escrita em 1953. A obra é aclamada como uma epopeia e um distanciamento lírico intimista marcante de Cecília Meireles.

É uma narrativa inventiva baseada num evento real, a Inconfidência Mineira de 1789, com o objetivo de tonar a cidade de Ouro Preto, a antiga Vila Rica, independente da corte real.

São 85 romances e 5 partes:

Do romance 1 ao 19, o ambiente, tanto físico, de paisagem, cidade e tensão que antecede a Inconfidência. A corrida do ouro com o misto de tradições e folclores explicam o ambiente de forma sincrônica e anacrônica.

Do romance 20 ao 47, trama e frustração, há um foco na cidade de Ouro Preto, o que se passava por ali que traria o espírito insurrecional. Há a invocação e importância do falar, tanto pelo espírito poético, mas das ações de denúncia, apoio, mentiras e declarações entre os inconfidentes.

Do romance 48 ao 54, a morte de Cláudio Manoel da Costa e Tiradentes, a forma que morrem aumenta o fator lendário da história. A violência e a cegueira da busca do ouro marcam a parte.

Do romance 65 ao 80, o infortúnio de Gonzaga e Alvarenga, há uma análise do sofrimento dos dois escritores e de como poderia nem ser tudo isso quando olhado com outra perspectiva. Há uma perspectiva da África e de outras pessoas também envolvidas com os vivos do episódio e os delatores.

E, por fim, do romance 81 ao 85, a presença da dona rainha Dona Maria I. Apesar de ela mesma ter dado a sentença, ela lamenta e sofre com o que aconteceu na terra. Há, por fim, o testamento de Marília, fechando a fala final dos inconfidentes.

As figuras da obra são reais, há uma releitura poética dos eventos, com inserções fantásticas. A história remota não de figuras proeminentes e influenciadoras, mas inimigos poderosos.

Parte 1

Fala inicial 16 versos e 7 sílabas poéticas, 9 versos e 7 sílabas poéticas 8 sílabas poéticas, 16 versos, 13 versos e 8 sílabas poéticas, 11 versos e 7 sílabas poéticas 21 04 1792 XVI, IX, XVI, XIII, XI X, IX, X, I,

O eu lírico fala das vozes do passado “vinte-e-um de abril sinistro”, do terror e das promessas. Há uma falta de memória, mas um pedido do eu lírico que não se chore pela memória dos que já foram. Há uma lamentação da Rainha louca e de não ouvirem a voz das orações. Procuram-se culpados e inocentes, mas tudo é um mistério.

Cenário

10 sílabas poéticas, versos em tercetos, no esquema de rima de ABA, BCB, CDC Há a descrição paisagística de Ouro Preto, do gado, dos rios, das montanhas, de tudo que ali conta do que foi antes. Ali, os fracos encontraram os fortes, o amor encontrou violência. O eu lírico relembra das mulheres dos árcades brasileiros, procurando sobreviventes e testemunhas. Apesar do passado não estar mais lá e não entender as escritas do presente, o campo entende. Como quem não encontra musas, o eu lírico fica com a visão de Alferes, Tiradentes, para escrever a história.

Romance I ou da revelação do ouro No sertão, os americanos (para nomear quem andava no novo continente) anda pela região, povoada de insetos, novos cheiros, luz e pedras. Ele conhece os arredores, apesar de ver muita vida e não ser encostado, o seu objetivo é o ouro que se esconde pelos rios. Se o cheiro de onça era perigo, agora é do homem, que ali infesta a área procurando ouro com inúmeros equipamentos. Com essa fome que não se sacia, que faz até homem matar outro e morrer por isso, nasce Ouro Preto.

Romance II ou do ouro incansável Há uma descrição do ouro, como ele é doce e suave, as possibilidades do que pode ser colocado e adornado. Mas o que o torna feio são quem os procuram: ladrões; políticos; contrabandistas. Em um local que nasce riqueza, a pobreza aumenta.

Romance III ou do caçador feliz Há a descrição de um caçador, que tropeça em diamantes em ouro e que parece caçar o que não está caçando.

Romance IV ou da donzela assassinada A história é sobre uma moça que, enquanto limpava seu lenço, o seu pai a apunhalou pelas costas, achando que ela estava de romance com alguém pelo período do Natal. Para conectar-se à história, o punhal era de ouro. Morreu pela honra do pai sem poder se quer ser entendida.

Romance V ou da destruição de ouro podre O Arraial de Ouro Podre estava sendo limpado pelo fogo. A violência durante o período é assustadora, mandam enforcar e esquartejam depois, queimam locais sem remorso, só pensam na riqueza. Em toda essa história, o eu lírico diz a um garoto que durma, para que ele não veja as atrocidades ou ouça o que acontece. Há uma invocação de quem se dava título ao Conde de Assumar, o D. Afonso VI, um rei com pouco poder, incapaz e traído pelo irmão, Pedro II. O eu lírico fica triste de como os pequenos tiranos mandam mais que o rei. Há uma lamentação de Filipe dos Santos, participante da Revolta de Vila Rica, que foi esquartejado e espalhados os seus pedaços em torno da cidade como exemplo. Mas, como diz, morreu, “outros, porém, nascerão.”.

Romance VI ou da transmutação dos metais Há um relato poético do casamento de D. José I de Portugal e Mariana Vitória da Espanha dos noivos que fariam a união de Portugal e Espanha em 1727, José tinha 13 anos e Mariana 9 anos, ainda vindo com a temática histórica do romance anterior. O pai de D. José I, D. João V, gastou muito na festa de forma espalhafatosa. Na conexão desta história, há a chegada do pagamento de “os quintos de ouro das minas/que do Brasil são mandados”, imposto cobrado por 20% do material extraído desde 1534, por D. João III. Na narrativa, os caixões estão com “grãos de chumbo / cunhetes acogulados”. Os monarcas se sentiram traídos. Há quem suspeitasse de Sebastião Fernandes Rego, fraudador do Brasil colônia e trapaceiro.

Romance VII ou do negro das Catas Catas pode ser uma cidade de Minas. Há um relato de um negro cantando, antes mesmo do sol nascer, que já trabalhava. É uma inclusão da figura dos negros no Brasil, ainda que no período colonial. Na literatura, custou muito tempo até finalmente termos negros na literatura como personagens em vez de plano de fundo ou objetos. Ele canta da terra que sente saudades e de como a escravidão acabaria com sua vida e sonho de liberdade. Presença estética da anáfora, repetição de uma construção ou palavra no início dos versos (”Já se ouve cantar o negro”, 7 sílabas poéticas).

Romance VIII ou do Chico-Rei Chico-Rei é uma personagem lendária que era um antigo monarca na África, foi trazido como escravo ao Brasil e ganhou alforria, com o trabalho, tornou-se “rei” em Ouro Preto. Em 5 sílabas poéticas, há a narração da lamentação dos escravos que viviam em Luanda e Congo, que agora viviam para minerar pelos portugueses em Minas. Apesar de alguns versos parecerem ter mais, a contagem de sílabas poéticas para com vírgulas, por isso as partes com “, meu povo” não contam. Os negros pedem salvação e que até, um dia, quem sabe, descansem em paz, para Nossa Senhora do Rosário, figura que simboliza a conexão do céu e terra na reza.

Romance IX ou de Vira-e-sai Santa Ifigênia, santa que ajudou no catolicismo se espalhar na Etiópia, é invocada. Na história, ela é virgem e casada com o Senhor, apesar de tentarem queimar a casa que morava, após mandar mata o evangelista Mateus que a dedicou a Deus, as chamas foram enviadas para a casa real. No romance, o eu lírico pede ajuda para ela com Chico-Rei e os negros.

Romance X ou da donzela pobre Há uma relação de antítese no que é apresentado à donzela do romance. Os parentes dela procuram ouro em lugares vazios, ela reza em locais que falam de planos celestes com ouro e riqueza da terra, há uma comparação dos olhos, apesar de serem olhos grandes, eles dão medo. O reino de Deus é longe do dos humanos. “Pobre” pode ser lido como “coitada” ou “inocente”, não só de riqueza.

Romance XI ou do punhal e da flor Uma donzela foi cortejada na Sexta-Feira da Semana Santa por um Ouvidor. Porém, procurando satisfação, o parente dela vai até ele e o Ouvidor saca um punhal.

Romance XII ou de Nossa Senhora da Ajuda Há uma descrição das posses do Marquês de Pombal, tanto de estátuas de santos quanto de louça cara. A “que mais valia” era uma de imagem de Nossa Senhora da Ajuda, uma das diversas invocações de Maria, mãe de Jesus. Haviam sete crianças rezando ali, entre elas, Joaquim José, o Tiradentes. O eu lírico pede à Santa que o salve. Como na época eram tempos de ouro, não poderia o salvar do futuro tempo de sangue.

Romance XIII ou do Contratador Fernandes João Fernandes de Oliveira era contratador e explorador de diamantes, além de apaixonado pela ex-escrava Chica da Silva. Em uma conversa entre ele e o Conde de Valadares, que pressionaria o Marquês de Pombal para não dar mais os direitos de procura de diamantes, ele é recebido com muito bom gosto e carisma, marca do Contratador, pois assim ele ganhava o respeito e favores das pessoas de Minas. O que o Conde queria era dinheiro, tinha voz para prendê-lo mas esperava algo que dissesse que ele não estava do lado da Corte. Fernandes até falava como a riqueza deixava o homem mal e não melhorava nada. O Conde nem ouvia tudo isso. O eu lírico lamenta como os pobres pagam pela soberba dos ricos.

Romance XIV ou da Chica da Silva Chica da Silva era uma ex-escrava que, apesar do senso comum de que era bela e sensual, era feia e banguela. Muito do que se sabe dela não é possível diferenciar de mito e verdade, apesar de ser uma figura lendária que alcançou a alforria. Ela era muito rica e tinha muito poder. Há até comparações de que nem os reis de Portugal tiveram uma mulher tão rica como ela, “a Chica-que-manda”.

Romance XV ou das cismas da Chica da Silva Presença de rima grave ou feminina, feito em palavras paroxítonas. Chica da Silva tem medo da visita do Conde ao Contratador, pensando no que poderia ser o seu real intento. Dentro dela, o pensamento da inconformação de como a Corte que só aproveita do melhor da exploração de Ouro nas minas, não vê as mazelas e a destruição do ciclo do ouro. O Contratador não entende a malícia do Conde, porém Chica da Silva não se sente bem.

Romance XVI ou da traição do Conde A rima se foca em ser toante ou assonante, que é o foco nos sons vocálicos e ignorando as vogais entre, como cavalo-cascalho e longe-volve e alarmado-vassalo. Trazem novidades à Chica da Silva e ao Contratador, sendo que a primeira não gosta do mensageiro Conde, o Contratador tinha que voltar a Portugal, mesmo sendo fiel. Era desejo do Conde, além da cobiça, Fernandes não sabia o que fazer e Chica da Silva estava enfurecida.

Romance XVII ou das lamentações no Tejuco Em sete sílabas poéticas e com a rima feita nos versos pares, altas-madrugadas-mulatas-douradas-falsas-desgraçadas, com a ajuda da construção de “ai que” e “e que” do contraste dos sonhos, dos castigos, dos corpos malhados e das almas tão ruins. Fernandes ia embora e Chica ficava em prantos. O eu lírico amaldiçoa o ouro e seu desejo, além de como corrompe os homens.

Romance XVIII ou dos velhos do Tejuco O eu lírico contempla o futuro que perguntarão de Chica da Silva. Tejuco é o segundo maior afluente do rio Paranaíba que passa em Minas Gerais. O título “velhos do Tejuco” pode ser uma alusão aos Lusíadas do “Velho do Restelo” do Canto IV dos Lusíadas, já que ele amaldiçoa as aventuras por trazerem dor aos lusitanos em troca de fama, deixando a família e a pátria, em uma oposição de antigo x novo, passado x presente, já que as ideias monárquicas eram anti-expansionistas. Dali, a história pode sair, mas nada levarão, nem deixarão “o nome da caveira”.

Romance XIX ou dos maus presságios Fernandes fica e Chica lamenta. Dizem que a história se repete, levam ouro, deixam um rastro de sangue e de lágrimas, podem até mudar os nomes mas é tudo o mesmo. Não tinha santo que protegesse, lenda para se inspirar.

Parte 2

Cenário Dividido em dísticos, parelhas, ou dois versos, descrevendo um avanço temporal para falar de Vila Rica. É mais do mesmo, cidade com igreja, entre montanhas, com gente de Minas, o silêncio, a obediência, uma névoa que se cria desse cenário de exploração.

Fala à antiga Vila Rica O local é repleto de água, natural e de lágrimas. Há uma retenção por parte do eu lírico de contar da história dos homens que pisaram naquelas terras que o sol mal encosta.

Romance XX ou do país da Arcádia A Arcádia vem da referência do período literário de fuga aos ideias de escapismo. Como retratado pelo eu lírico, é tudo por parte de desejo. Ele invoca os nomes de amadas de árcades brasileiros. A natureza é muito importante como retrato de sentimentos.

Romance XXI ou das ideias A região é cercada de ouro, diamantes, negros, mulatos e indígenas. A terra toda revirada procurando-se ouro. As ideias de repartição começam a surgir, no meio de pessoas que nascem, voltam, de quem vê a diferença e vê a injustiça. Há o uso de gradação pelas palavras que seguem uma linha lógica de começo, meio e fim. Há uma disparidade da vida de Portugal, pedindo ouro e vivendo em guerra, do Brasil que só manda ouro e só fica pior, começam a receber ideias dos Estados Unidos de independência. Fazem comparações do casamento da família real com o amor impossível dos árcades.

Romance XXII ou do diamante extraviado Um negro carregava um diamante no meio da noite. Era uma tentativa de vender para comprar a alforria e podia ser morto por isso. De forma curiosa, não é visto, ou é fingido não ser visto.

Romance XXIII ou das exéquias do príncipe O príncipe morre e as relações com França e Inglaterra não melhoram em 1788. As estrofes são divididas em introdução (dois iniciais), desenvolvimento e conclusão (dois finais). Há um foco sonoro no som “o” e na tentativa de deixar uma feição de espanto ou revolta. Apesar de muitos chorarem, muitos fingem a tristeza e outros nem entendem. Ele também poderia ser a esperança de um novo período, uma jovem mentalidade de inovação, mas o Brasil estava fadado a ficar com um pensamento antiquado.

Romance XXIV ou da bandeira da inconfidência Há uma descrição de um clima de desconfiança. As pessoas ficam em janelas, vigiando o que acontece, as reuniões para um levante popular acontecem de noite. Como tudo é ainda muito idealizado, há mais perguntas do que respostas. A bandeira é criada ainda que no imaginário para a Inconfidência Mineira e o mote “Liberdade, ainda que tarde”. “Inconfidência” é um ato de deslealdade, ou seja, ela nunca aconteceu, todos foram julgados por um ato que iria acontecer e foi interceptado. Mesmo que a liberdade não acontecesse ali, todos sabiam que a queriam.

Romance XXV ou do aviso anônimo Há notícias que a guarda real irá para a cidade, anunciando sangue e justiça. Há avisos de esconder jóias e correr para quem mentiu. Há um foco no som de “v” e som de “s”, como um som de vento que prenuncia a tempestade.

Romance XXVI ou da Semana Santa de 1789 O romance começa com o imperativo “Lembrai-vos”. Há uma troca de falas do eu lírico marcadas por parênteses, enquanto a narração é positiva, as parênteses trazem melancolia. A narração é sobre a luta da liberdade e seus custos e sacrifícios.

Romance XXVII ou do animoso Alferes Alferes é outro nome para Tiradentes, que é uma posição militar antiga equivalente ao segundo-tenente ou a de porta-bandeira, que era uma porta de entrada para o oficialato. Ele era bom conhecedor da região, não tinha vindo de família pobre, foi dentista (o que o fez ganhar o apelido) e era militar. Em uma terra de belezas naturais, Tiradentes, que promete segurança e sossego, sente uma sombra que paira, deixando tudo feio e sombrio. Ler página 86

Romance XXVIII ou da denúncia de Joaquim Silvério Há uma narração da carta que Joaquim Silvério denunciaria o complô da Inconfidência Mineira. Como aponta o eu lírico, a escrita é traiçoeira e as intenções de se enriquecer, tal qual na história ficam os heróis mortos e com estátuas em praças e os denunciadores cobrando dinheiro nas cartas.

Romance XXIX ou das velhas piedosas Há um mensageiro, Joaquim Silvério, levando as cartas na Semana Santa. Como nada suspeitam, não vêem a falsidade das ações e desconfiança que precisariam.

Romance XXX ou do riso dos tropeiros Passaram loucos, acusando Portugal e de como iriam trazer liberdade. Incomodava-se com o tanto que a terra era rica e ali ficavam sem direito nenhum. As pessoas riem, apesar da loucura que realmente faz sentido, há uma conformidade de aceitar a situação, até porque era passível de morte ser contra a corte real.

Romance XXXI ou de mais tropeiros O louco reclama de como toda a riqueza vai para Portugal, deixando-os pobres. Tinham inspiração dos Estados Unidos e sua independência. Como é visível, “loucura” e “coragem” são pontos de vista. Este mesmo louco foi preso com algumas cartas ao Visconde e Vice-Rei. O uso do verbo conjugado, mesmo que no mesmo tempo verbal, traz uma diferença do Romance XXX. Apesar de rirem dele, ficavam quietos com o seu destino.

Romance XXXII ou das Pilatas O eu lírico conta de um pobre que vai para o Rio. Se até sonhar era quase um crime, quem diria falar algo disso.

Romance XXXIII ou do cigano que viu chegar o Alferes Um cigano viu Tiradentes vindo. Tinha um semblante de pessoa cansada e perseguida. A vida de Tiradentes foi tal qual, trabalhou muito para não ser recompensado.

Romance XXXIV ou de Joaquim Silvério O eu lírico compara Joaquim Silvério com Judas, acusando-o de pior e mais ganancioso que Judas, já que a figura bíblica pediu menos e teve remorso, o oposto do delator. Curiosamente, o nome Joaquim remete a um rei orgulhoso e imoral que renegava Deus. Ele desafiou Deus e é um símbolo de esperança de libertação. Outra história é símbolo de luta contra injustiça e opressão.

Romance XXXV ou do suspiroso Alferes “Apanhar” vem do verbo espanhol que significa “arrumar”. Há um espanto da vegetação e dos rios, além das bocas que sussurram de uma inconfidência e de traidores escrevendo.

Romance XXXVI ou das sentinelas Dois soldados passeiam. Em uma imagem, é como se Tiradentes estivesse colocando sementes de revolução em outras pessoas para que brotasse algo. Porém, o Alferes sente a sombra de vários soldados sentinelas que o levarão para julgamento. O traidor não ouve.

Romance XXXVII ou de Maio de 1789 Os revolucionários sonham com a chegada do dia glorioso, enquanto Joaquim Silvério pensava no perdão de suas dívidas. Durante o mês de maio deu-se a perseguição dos inconfidentes e da denúncia de Joaquim Silvério do ato antes da Derrama, ato que aconteceu poucas vezes e que servia como arrecadação do ouro no Brasil para Portugal. Tiradentes havia fugido e o procuravam. Como é uma história real que está com narrativa ficcional, a história perdura até o fim de maio, mas Tiradentes havia feito uma viagem ao Rio e depois voltado a sua cidade, que ficou cercado na própria casa por soldados e se rendeu, achando que a revolução ainda poderia acontecer sem ele no dia 10. Ele foi para o Rio no dia 7, denunciado pela família no dia 8.

Romance XXXVIII ou do embuçado Uma pessoa embuçada, com o rosto escondido por um capuz, aparece em Vila Rica. Ele trouxe mais perguntas do que respostas (com o romance preenchido com 34 perguntas em 36 versos). Ele trazia a notícia de que deveriam fugir, pois seriam presos e enforcados.

Romance XXXIX ou de Francisco Antônio Francisco era um coronel, minerador e fazendeiro que se juntou ao movimento pelos ideais separatistas. A mulher dele que denunciou Joaquim Silvério por ter traído o movimento. O romance o descreve como uma pessoa enorme, gorda, rica e detentora de muitas posses. Ele fala alto como não se devem meter pessoas com poucas convicções em grandes planos. Tinha inspiração na revolução dos Estados Unidos, foi enviado a Moçambique.

Romance XL ou do Alferes Vitoriano Vitoriano foi participante do movimento, foi chicoteado. Vitoriano anda pela calada da madrugada. Ele levava um recado pelo Coronel Francisco Antônio, que já estaria preso ou morto naquela hora. Porém, foi interceptado, chicoteado e nem conseguiu entregar o recado.

Romance XLI ou dos delatores Aqui se passa como foi a delação, como se ouviu de tantas pessoas e que nem mais se sabe de onde saíram as informações. Passaram entre militares, políticos, agentes. O problema de toda a Inconfidência Mineira é que não houve justamente um crime, houve a sentença por lesa-majestade, quando há traição com a fidelidade à família real. O nome de quem se foi fica, mas não é claro se houve nem se quer revolta.

Romance XLII ou do sapateiro Capanema Há uma reclamação de um sapateiro reclamando dos “branquinhos do Reino”. Há alguns romeiros indo a uma taverna. As notícias corriam soltas sobre as prisões, sentenças e julgamentos, falavam que era desde levante, a contrabando e extravio. Como eles ouvem a história, ficam com raiva dos portugueses, foi como se os condenados tivessem levantado mais pessoas para a revolução. E, no fim, a personagem para em uma cadeia.

Romance XLIII ou as conversas indignadas A dinâmica de “Romanceiro da Inconfidência” é interessante pela perspectiva do colono. Em vez de podermos ver a história com olhos de quem colonizou o Brasil, os colonos vêem a injustiça, o ouro sendo levado, a violência sem tamanho por quem queria uma vida melhor. Tiradentes fica sozinho, sem ter o que ou quem o salve.

Romance XLIV ou da testemunha falsa Há pouca esperança para os presos, ainda que acusariam até os próprios pais se isso os salvassem. O problema da história épica é que os inimigos são infinitamente mais fortes e poderosos do que os heróis, além de mais violentos. Tal qual Camões disse que o mundo vive ordenado para quem faz o mal, aqui se fala de como há mais prêmios para o Mal do que para o Bem, como os heróis recebem glórias e compaixão só depois de degolados. O medo toma conta dos presos, a verdade virou conveniência e crença.

Romance XLV ou do Padre Rolim Padre José da Silva e Oliveira Rolim foi sentenciado. Apesar deste ser o resultado, a definição não foi simples, houve muitas trocas de cartas. Tinha vida bizarra e vivia longe, mas a desgraça vem mesmo que você tente se afastar.

Romance XLVI ou do caixeiro Vicente Vicente era um capitão e caixeiro que foi condenado a exílio perpétuo. Apesar da acusação de Joaquim Silvério, Vicente contou o que sabia sobre Tiradentes, temendo por sua vida.

Romance XLVII ou dos sequestros As ordens são enviadas para encontrar os inconfidentes, encontram livros que inspiraram o ato, como de Horácio, Júlio César e Ovídio, como compêndios, dicionários e tratados que influenciaram até a França e os Estados Unidos. Nada fica no mesmo lugar, procurando evidências, provas, destruindo tudo no caminho. A inteligência não tem vez contra brutalidade.

Fala dos pusilânimes Pusilânime é um outro jeito de chamar alguém de corajoso. O romance é uma forma de lembrar a recompensa da liberdade, de poder aproveitar o que existe hoje de bom. Todavia, não é algo que veio de graça ou que não possa deixar de ser seu. O problema é que houve o esquecimento. Cecília Meireles traz de volta uma história que por 200 anos permaneceu intocada para que fosse relembrada e relida. Cecília Meireles é reconhecida por ser uma escritora dos temas que fugiram e foram esquecidos. A sombra e o vento são elementos importantíssimos, pois são usados como metáfora para perda, tristeza e solidão.

Parte 3

Romance XLVIII ou do jogo de cartas Há novamente o uso de sombra e vento para falar da tristeza e da perda. Há um jogo sinestésico dos naipes, principalmente com o símbolo de ouros.

Romance XLIX ou de Cláudio Manuel da Costa Cláudio Manuel da Costa foi um escritor árcade preso na Inconfidência Mineira. Ele se suicidou antes de ser levado para o exílio. Há quem disse que se enforcou, apunhalado ou com veneno. Até consideraram ser outro corpo e não do poeta.

Romance L ou de Inácio Pamplona Inácio Correia Pamplona foi um dos delatores de Tiradentes. O português fugiu ainda quando ouviu a notícia da morte de Cláudio Manuel da Costa. Ninguém explicava para onde foi com essa perda e nem como morreu o poeta árcade.

Romance LI ou das sentenças As sentenças são dadas tanto para inocentes quanto culpados, sem medida ou dó. A justiça pesa mais quando não há como ir contra ou ter armas. Quem tem dinheiro, consegue escapar ou ter as penas reduzidas.

Romance LII ou do carcereiro O eu lírico prevê um fim ruim para a história. Há uma digressão do eu lírico de como os escrivões não contam a história pelo lado da vítima, os infelizes são deixados de lado, no sentido de não terem poder.

Romance LIII ou das palavras aéreas O vento retorna como elemento da mudança constante, além de como a vida foge rapidamente. O tempo é acima de tudo, tal qual não é possível controlá-lo. Há também a importância e o peso das palavras, sejam elas escritas, ouvidas ou pronunciadas.

Romance LIV ou do enxoval interrompido Uma pastora costurava um enxoval. Infelizmente, o jovem a que ela costurava para casar não está mais vivo. Há uma conversa com a natureza e a pastora tal qual os poemas do Trovadorismo de cantigas de amigo.

Romance LV ou de um preso chamado Gonzaga Tomás António Gonzaga é preso, período que também escreve a segunda parte das liras de “Marília de Dirceu”. Ele está só e triste, da terra nem quer o ouro. Um homem inteligente e respeitado agora preso para ir para outra terra.

Romance LVI ou da arrematação dos bens do Alferes Há uma reunião de inventário para avaliar o preço dos bens de Tiradentes. Em uma terra que só se preocupam com dinheiro, tudo que vinha do herói era arrematado para ser qualquer outra coisa, menos a memória de um revolucionário. Enquanto eles possuem praticidade real, o sentimento que eles levam são tristes.

Romance LVII ou dos vãos embargos Minas está sobre o domínio do governador da capitania D. Luís da Cunha Meneses, violento, impulsivo e irracional. E assim como a história mostra, ele não seria culpado ou punido por isso.

Romance LVIII ou da grande madrugada O amanhecer é um símbolo para algo novo ou o fim de um período ruim. A escuridão novamente aparece como uma figura do presente e do futuro de perda. A figura do governador da capitania passa como um lembrete de não trair o rei nem em pensamentos.

Romance LIX ou da reflexão dos justos Há uma lamentação de Tiradentes ter trabalhado tanto e agora estar preso e sozinho. Não tem a quem falar, ficou solitário, apenas sobrando o choro.

Romance LX ou do caminho da forca As pessoas vêem o caminhar de Tiradentes para a forca, todos o conhecem. A história é interessante pois brinca com a fantasia do que poderia ser, o que distancia a história da factualidade, trazendo a condição humana sem negar a realidade histórica. Ninguém intervinha, muito menos tinha quem pudesse ajudar da decisão de Maria I, considerada uma rainha louca.

Romance LXI ou dos domingos do Alferes A mãe de Domingos já sonhava com o nome do filho que seria “Domingos”. Pensava no nome de título e como ele viria bem para a família, tal qual o dia sagrado faz jus.

Romance LXII ou do bêbedo descrente Há uma indagação do eu lírico de ver pessoas sendo enforcadas, ainda que fosse culturalmente uma coisa triste. Mais ainda o fato de tantas comemorações e gente importante da patente militar por ali se era só um criminoso sendo executado.

Romance LXIII ou do silêncio do Alferes Tiradentes tem um silêncio ao seu redor de quando proferia suas afirmações do passado e da injustiça que vivia agora.

Romance LXIV ou de uma pedra crisólita Em meio de escuridão do futuro e do presente, uma pedra que não foi lapidada era segurada. Tiradentes estava morto, a pedra continuava ali. Tal qual a revolução era contra a riqueza gananciosa, a ideia sumiu com a morte dele.

Parte 4

Cenário Há uma descrição do jardim que foi de Gonzaga, homem rico e que pode também ser uma metáfora às liras que escrevia. Só cresciam espinhos naquela terra infértil. As rosas ali definham, um símbolo de desejo que morreu, desejo da inconfidência e também de Dirceu e Marília.

Romance LXV ou dos maldizentes Há um lamento dos poetas árcades, nomeados com pessoas que usam nomes fingidos e que falam por consoantes. Pensavam tanto na Arcádia e de como foi na Inglaterra e na França e agora tudo se foi.

Romance LXVI ou de outros maldizentes Há pessoas perguntando de como ficou Tomás António Gonzaga. Ficou sem muito dinheiro. Falam de como tinha outro nome e como amava outra mulher. Diziam como era tudo tolice. Como que se fosse para fugir da febre poética, era enviado para Moçambique.

Romance LXVII ou da África dos Setecentos Há uma lamentação da África, de quem sai de lá é cativo escravo e quem chega foi por exílio. Ler página 185

Romance LXVIII ou de outro Maio fatal Em outro ano, no mês de maio, semelhante ao que deflagraram a Inconfidência Mineira, era uma despedida. Vila Rica estava pobre, não havia mais ouro. Não há mais desejos da Arcádia de outro momento, tudo volta ao silêncio, as pessoas se estranham.

Romance LXIX ou do exílio de Moçambique Há uma narração sentimental de Gonzaga indo para Moçambique, lamentando não sentir mais o Amor.

Romance LXX ou do lenço do exílio Em uma construção de uma estrofe em quatro versos, há um verso em parênteses para cada estrofe, trazendo um estado de exceção ao eu lírico. Há uma tentativa de bordar-se um lenço como lembrança da terra natal e de tudo o que já foi.

Romance LXXI ou de Juliana de Mascarenhas Juliana de Sousa Mascarenhas foi a mulher com quem Tomás António Gonzaga casou em Moçambique e teve dois filhos. Ainda casado, Tomás António Gonzaga escreveu a terceira parte das liras de Marília de Dirceu a sua amada no Brasil, com quem planejava ir para Moçambique, mas não conseguiu a levar. O eu lírico conversa com Juliana, dizendo que ali ela teria como ser mais bonita que Marília, que conseguiria conquistar o coração do preso exilado, que traria uma nova vida.

Imaginária serenata Há uma lamentação do eu lírico feminino em ser de uma pessoa que está distante do amado, porém não fisicamente, mas na mente dele. Apesar da história poder se encontrar nos documentos históricos, Cecília Meireles teve o trabalho de encontrar nos ecos da história o o ritmo poético em meio aos ritmos sociais da Inconfidência Mineira. Mesmo que ela nunca aconteceu e já foi terminada romances atrás, a história continua para podermos ter acesso ao ritmo emocional e poético das personagens (bem conhecidas e satélites da Inconfidência)

Romance LXXII ou de Maio no Oriente Em outro mês de maio, de novo, Juliana e Gonzaga se casam. As pessoas do casamento dizem que Gonzaga tinha sonhos de Arcádia e imaginava um amor que agora poderia o ter. Apesar de ser um mês que se comemora Virgem Maria, é perceptível que na obra Maio tem um sinal de um mês terrível. Curiosamente, maio é um mês que nunca termina no mesmo dia da semana e começa no mesmo dia da semana que todos os outros meses do ano. Há uma simbologia de um mês de primavera no hemisfério norte, mas é uma tradução mal feita no Brasil, já que é outra estação.

Romance LXXIII ou da inconformada Marília Marília era para ter ido com Tomás António Gonzaga para Moçambique a pedido do poeta, mas ela nunca soube se ele se quer ficou vivo depois da prisão ou do que aconteceu com ele. O campo conversava com Marília, em uma tentativa de locus amenos (o campo/o lugar que acalma), mas ela dizia que ele jamais o deixaria, com a desculpa dele estar alienado (o que ele estava, já que o escapismo era comum como recurso linguístico). Ela até julgava que ele tivesse a esquecido e até mesmo casado, ainda que repetisse que só seria possível se estivesse fora de si.

Romance LXXIV ou da rainha prisioneira Há uma lamentação para Maria I, considerada uma rainha louca no período. Há um paradoxo com seu nome, já que é um nome santo que significa perdão e esperança, dois sentimentos que ela não trazia no seu reinado no Brasil. Por conta do seu estado mental, o filho mais novo, João, nomeado João VI, governou em seu lugar como regente. O seu reinado foi conhecido como a Viradeira, um período de abalo de governança, instabilidade financeira e de desconfiança até das ciências por ser fervorosamente religiosa, o que era totalmente o oposto do tanto de ouro que recebiam do Brasil. Ainda há um perigo iminente que eram os países da França, Inglaterra e Espanha que eram mais fortes no período, sem contar a ascensão de Napoleão. Ler página 204

Fala à Comarca do Rio das Mortes A Comarca do Rio das Mortes era uma antiga parte da capitania de São Paulo e Minas de Ouro (que englobava quase todo o centro-oeste, sudeste e sul do país). Há uma lamentação dessa região que, apesar de ter tanta fauna e flora, estava destruída. Em uma região tão bela com tanta vida, hoje passam fantasmas de outro tempo.

Romance LXXV ou de Dona Bárbara Heliodora Bárbara Heliodora foi poetisa, ativista do movimento e casada com o inconfidente Alvarenga Peixoto, considerada heroína do movimento. Apesar de ter sido linda, tinha caído em demência e perdeu seus bens quando Alvarenga Peixoto foi exilado. Viveu os últimos anos da vida com a irmã e os filhos, lamentando a ida do marido. Era considerada a estrela que soube guiar o marido.

Romance LXXVI ou do ouro fala Ouro Fala também é um lugar no sul de Minas Gerais. Mas há também uma brincadeira, pois há como que uma simbologia do ouro usado em peças, objetos e riqueza como se o ouro denunciasse um passado, como se as regiões abandonadas dos aluviais contassem uma história, que denuncia o passado.

Romance LXXVII ou da música de Maria Ifigênia
Maria Ifigênia é a filha primogênita do casal Bárbara Heliodora e Alvarenga Peixoto. Há um relato e avaliação emocional dos pais – um exilado e a outra louca. É como se seu futuro de sucesso fosse tirado de si por fantasmas (da Inconfidência e da ganância portuguesa) de seu sucesso, agora silenciada.

Romance LXXVIII ou de um tal Alvarenga Alvarenga Peixoto era poeta e doutor, além de amigo de Basílio da Gama e dado como autor da frase “Libertas quae sera tamen” (”Liberdade ainda que tardia” em latim). Apesar de nascer na cidade do Rio, estudou em Portugal e morava em Minas. Tinha ideias iluministas, como devia muito dinheiro, foi exilado à Angola e morreu de uma febre tropical da região.

Romance LXXIX ou da morte de Maria Ifigênia Maria tinha porte e jeitos de princesa. Aparentemente, não há um registro incontestável de quando ela morreu, há de que ela se casou mas não deixou filhos. A história deixa de forma poética a suposta causa da morte, que foi uma viagem a cavalo.

Romance LXXX ou do enterro de Bárbara Heliodora É curioso analisar a pausa lírica usada na obra, pois mesmo que se tenha na imagem alguns poetas e Tiradentes como figuras da Inconfidência, a extensão e prolongamento da história aumentam a dramaticidade de tudo que aconteceu, desde o início da descoberta do ouro, como trataram a situação e o julgamento. Há uma repetição dos verbos no passado, como se a figura do presente não fosse mais do que poeira do que ela foi. É uma dualidade do tempo presente na obra, falar de tempo é de ser e não ser, o que foi e o que é, mudança e repetição, temporário e eterno, ao mesmo tempo.

Parte 5

Retrato de Marília em Antônio Dias Todo o romance está entre parênteses, como se fosse uma fala de fora do eu lírico e mais pessoal. Há uma lamentação de Marília, pseudônimo dado por Gonzaga à Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, a qual conheceu com 15 anos, noivou aos 22 e nunca mais se viram. Ela morreu aos 85 anos. Lamenta-se como ela ficou feia, sem brilho, que apenas na morte havia o brilho do que ela já foi, em um paradoxo de realidade e lembrança.

Cenário Há uma projeção para a Rainha Maria I, agora próxima da morte. Estava em um estado avançado de demência, há uma revisitação de um passado glorioso de uma terra infértil, de inconfidentes que iam para outras terras, de vassalos de um reino que nem conhecia mais.

Romance LXXXI ou dos ilustres assassinos Há uma denúncia dos assassinos dos inconfidentes, apesar deles terem poder e decretar tudo facilmente com penas e tinta, o nome dos assassinados é o que é lembrado ao longo do tempo.

Romance LXXXII ou dos passeios da Rainha Louca A Rainha costumava fazer passeios nos últimos anos da sua vida, é, inclusive daí que surge a expressão “Maria vai com as outras”, denominando as suas companhias para todo lugar que ia, mesmo que fosse com uma louca. Apesar da visão tropical, bela e paradisíaca, ela pensava muito em como seria julgada, no fogo do Inferno, não conseguia lembrar-se do poder e como era poderosa, nem se quer da paz dos dias que anunciavam o tanto que ela sofreria.

Romance LXXXIII ou da Rainha morta Morre a rainha, havia uma triste nas cerimônias e tudo que rondava a notícia. Apesar de tanta tristeza, aquele rosto morto lembrava de tempos e de rostos que jamais foram sepultados no Brasil.

Romance LXXXIV ou dos cavalos da inconfidência Em uma mudança para oito sílabas poéticas, há a fala dos cavalos da inconfidência, animal que simboliza poder, liberdade e nobreza. Há a passagem dele pelos campos, anunciando novos tempos para pessoas, mas tudo no passado. Infelizmente, todos os cavalos ficaram algemados, acorrentados e condenados a crimes. Ninguém sabe mais os nomes deles ou se quer os lembram. Essa história é uma retomada do que foi a Inconfidência Mineira que, durante o início da República do Brasil, tentaram montar esse imaginário coletivo de Tiradentes como um herói, mas que ficou intocado por 200 anos sem nada se falar.

Romance LXXXV ou do testamento da Marília Marília escreve seu testamento, sendo que toda sua glória esteve no passado e a morte vem como um alívio. Há uma reclamação do ouro de Minas, levado dali, que deixou pobre de espírito e bolso Portugal e Brasil.

Fala dos inconfidentes mortos Há uma mudança de contagem de sílabas poéticas para 4 sílabas poéticas (simbologia do mundo material). A covardia reinou neste período da Inconfidência, do que iniciou o movimento, do que veio antes, do que aconteceu durante e do que ficou em terra arrasada. Quem, afinal, foi para o inferno e subiu ao céu, em um conflito que ninguém saiu bem? Ler página 238

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“Quincas Borba” de Machado de Assis – Resumo de Cada Capítulo

Livro de Machado de Assis de 1892, reeditado para ser uma novela. Foi escrito inicialmente como um romance de folhetim entre 1886 e 1891 com mudanças nos capítulos para adaptar-se. Parte da trilogia realista de Machado de Assis.

Tópicos importantes:

  • Excesso de “ismos”: crítica à paixão desenfreada de tentarem explicar como o mundo funciona de forma caricata com Quincas Borba
  • Ter e ser: crítica ao status social
  • Papéis sociais: aproveitamento, amizade de faixada, conexões
  • Instituições decadentes: governo, casamento, exército

Capítulo 1 – Há um retrocesso e uma divagação do narrador da figura de Rubião olhando a enseada de Botafogo. Era um “capitalista”, quem detinha o capital (não no termo de produzir capital, mas que tem dinheiro). Gostou do fato de Piedade não ter casado com Quincas Borba, pois não teria o dinheiro que agora tem, dizendo que “Deus escreve direito por linhas tortas”.

Capítulo 2 – Como quem queria afastar o pensamento do prazer imoral, pensou em outra coisa. Mas o pensamento maldoso que Piedade poderia ter casado, ter filhos com Quincas Borba, entrava em choque com a paz que havia de frente a Rubião, que se deliciava de ter todo aquele capital.

Capítulo 3 – Rubião encarava a bandeja de prata, material que gostava, ainda que seu amigo Palha dissesse que bronze, matéria que não gostava, tinha o seu preço. Comparou-os com Fausto e Mefistófeles (o primeiro, cheio de sabedoria, o segundo, o próprio diabo). O criado que tinha era espanhol, ainda que preferisse não ter línguas estrangeiras na casa e preferia os crioulos de Minas. Palha aconselhou a importância de criados brancos na casa. Rubião perguntou se o Quincas Borba cão estava impaciente, ao passo que o espanhol disse que sim e falou que o soltaria – coisa que não fez. Viu os quadros que Sofia aconselhou a comprar, começou a lembrar dela, de como era bonita e de seus ombros. Julgava não ser “inteiramente feliz”, só que sabia que “não estava longe a felicidade completa”. Parecia jovem para quem tem 41 anos. Era professor, tinha barba, agora até ficava sem barba (por ter tempo e dinheiro). Nesse devaneio, começou a lembrar de quando encontrou Sofia e Palha pela primeira vez, ainda num trem em Minas. O narrador sabe que o leitor tem curiosidade, pois “todos vós que tendes sedes, vinde às águas” e retrocede ao passado, para poder explicar o atual presente e o futuro de tudo que estava por ali, para rever Quincas Borba.

Capítulo 4 – O narrador relembra o leitor sobre Quincas Borba, personagem do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, agora vivendo em Barbacena. O mesmo inventor da filosofia do Humanitismo vivia esperando seu fim, Rubião até tentou casar ele com sua irmã Piedade, a qual morreu de inflamação no pulmão. O ex-professor começou a cuidar do filósofo. A família do filósofo estava morta, sobrou ninguém, muito menos o tio que deu sua herança, quem sobrou foi o Rubião de amigo, que tentou abrir empresas antes e só fechou, sua última empreitada era a escola de meninos que fechou para cuidar do jamais cunhado. Ficou por seis meses como enfermeiro, Quincas considerava Rubião bom. O médico achava que a doença passaria e logo melhoraria. Perguntou como o filósofo se encontrava. Rubião achava que não estava bom, mas que não via mais nada sobre filosofia, pois “morrer é negócio fácil”. O médico disse que “morrer de verdade é outra”.

Capítulo 5 – Surge o cão Quincas Borba, que era “um rival no coração” para Rubião. Era bonito, “meio tamanho, pêlo cor de chumbo, malhado de preto.”. Dormiam juntos, acordavam juntos, iam para toda parte. A origem do cão homônimo tinha dois motivos. Como acreditava no Humanitas que existia em toda a parte, o cão mereceria receber um nome de gente. A outra razão, em vez de dar outro nome como a de um rival político da localidade, era de que ele continuaria vivendo com o cão. Queria viver ou pelo livro ou pelo cão, já que poderia ter quem não o lesse ou não sabia ler. Enquanto falava o nome do cão, ele foi até o dono. O filósofo se emocionou e disse que ele era o único amigo. O ex-professor ficou enciumado, “mas a um doente perdoa-se tudo”. Quis ver-se no espelho. Disse que iria morrer, a pele era reflexo da alma. Rubião ainda tentou falar do jantar para desviar do que ele chamava de “umas filosofias”. O filósofo ficou comovido com o desdém, ao qual Rubião tentava dizer que não era bem assim. Trouxe as chinelas do filósofo e algo para se proteger do frio. Ele recusou. Parou de pé no quarto enquanto pensava e começou a divagar.

Capítulo 6

Para que entendesse a teoria, Quincas Borba disse que contaria a história da morte da avó dele, apesar de tentar parecer estar interessado na história. Em frente à Capela Imperial, na época Real, a avó foi atravessar a rua para sentar numa cadeira no Largo do Paço. Ali perto, um cavalo se assustou e saiu correndo disparado com os outros que se assustaram também. Ainda tentaram salvá-la, mas morreu minutos depois de ser levada para uma botica. Apesar de Rubião achar a história uma desgraça, Quincas disse que não o era, pois a história começava com o dono da sege ter fome, pois tinha almoçado “cedo e pouco” e já era bem tarde. Quem tinha fome era Humanitas, e o mesmo poderia acontecer se fosse um cão, gato, Gonçalves Dias ou Byron no caminho. Rubião entendia mal, pois nem se quer entendia quem era Humanitas e como isso se relacionava com um cocheiro que morria de fome (metafórico) com a morte da avó do filósofo (literal). Quincas hesitou mas perguntou se queria que ele fosse seu discípulo, que entenderia tudo de pouco em pouco. O filósofo acreditava que era o “remate das cousas”, a teoria que a formulou o fazia “o maior homem do mundo”. Humanitas é o princípio, que mora no invisível e no visível, é o universo e todo que o rodeia. Como não havia morte, a avó de Quincas teria retornado ao Humanitas. Tudo era princípio para a vida, mesmo que uma chegue ao fim. Ele dá uma situação de duas tribos indígenas e um campo de batatas, que é o suficiente para uma tribo apenas se alimentar e cruzar a montanha. Uma precisa exterminar a outra, “ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”. Não há, dessa forma, opinião do exterminado ou quem é retirado da vida, pois a substância, segundo Quincas, é tudo a mesma. É como se as pessoas fossem bolhas em uma panela de água fervendo, elas vêm e vão. Tal qual uma peste que devasta um ponto do globo “é um benefício, não só porque elimina os organismos fracos, incapazes de resistência, como porque dá lugar à observação, à descoberta da droga curativa”. Ler página 4

Capítulo 7 – Quincas sentou ofegante e Rubião foi ajudá-lo com água, o filósofo perdeu o costume de falar. Rubião ficou pensando como que alguém naquele estado tinha aquela mente. Quincas decidiu ir caminhar, mesmo que Rubião não o quisesse. Quis ouvir de Rubião que era seu amigo, o ex-professor respondeu tanto ou mais do que o cão. O filósofo respondeu “bem”.

Capítulo 8 – Quincas acordou querendo ir para o Rio de Janeiro, ficaria por um mês. Rubião ficou pensando na doença e no médico. O filósofo chamou o médico de charlatão e a moléstia de um estado de Humanitas. Queria resolver alguns negócios e tinha um plano sublime, que nem o aprendiz poderia entender. Quincas parecia melhorar, voltou a escrever e até chamou o tabelião para escrever o testamento. Ao sairem, Rubião queria levar Quincas para a viagem, mas o filósofo só confiava no aprendiz, tanto na casa quanto quem cuidar do cachorro. Ficou preocupado com o cão, pediu para Rubião jurar que cuidaria de tudo. O filósofo chorava ao pensar no cão que ficava, tal qual “o derradeiro suor de uma alma obscura, prestes a cair no abismo.”.

Capítulo 9 – Rubião chegou a ficar neurótico que pensariam que a ideia de Quincas Borba viajar era do aprendiz, para “matar mais depressa, e entrar na posse do legado”, mas nem sabia se estava no testamento. O cão ficou triste nos dias seguintes, achando em Rubião alguém para confortar e trocar carícias. O cão mal comia, mas aceitava o leite. O médico ficou assustado que deixaram o filósofo viajar. Rubião ainda tentou falar que o cachorro parecia gente, o médico só pediu para que visse as cartas se alguma chegasse e não fossem reservadas. Começaram os boatos de que Rubião guardava o cachorro e não o oposto, assim como as risadolas. Ainda guardava dentro de si e do alvo das risadas uma pequena lembrança de herança.

Capítulo 10 – Chegou uma carta do Rio de Janeiro. Quincas dizia que retornaria em breve. Proclamava-se Santo Agostinho, que vivia em meio da heresia como quem se comparava para provar sua teoria e chamava Rubião de “ignaro”, um ignorante. Pediu para guardar segredo e falou como era bom para o aprendiz que tinha um grande amigo como ele. Disse que iria o compreender algum dia. Rubião tinha a certeza que o filósofo estava doido. O cérebro dele morria, “morria antes de morrer”. O médico ficou sabendo da carta pelo carteiro, Rubião disse que a carta era bem reservada. Teve remorso de sair andando e não mostrar o estado do filósofo, ficava inseguro pois ele chegaria ali alguns dias, pensou que poderia ser até imprudente. Pensou no testamento e em até receber 5 contos para ficar feliz, que convertido daria em 125 mil reais.

Capítulo 11 – Enquanto lia os jornais que recebia na casa de Quincas, leu a notícia da morte do filósofo. O jornal dizia que suportava “a moléstia como singular filosofia”, que sabia muito e cansou de batalhar com o pessimismo amarelo que chega a todos, era “a moléstia do século”. Segundo o jornal, disse que a dor era uma ilusão, falando que Pangloss, personagem de “Cândido” de Voltaire, era menos tolo do que o autor queria colocar.

Capítulo 12 – Rubião ficou aliviado com a morte de quem sofria tanto. Releu e notou que não falavam de sua demência, mas que apenas delirou na última hora, “efeito da moléstia”. Foi embora tal qual Santo Agostinho, estava “são e morto”, já não padecia. Olhou para o cachorro, tinha pena dele não saber que o dono morreu, mas o levaria à comadre Angélica para cuidar do cão, pois “acabou a obrigação”.

Capítulo 13

A notícia se espalhou rapidamente na cidade de Barbacena da morte de Quincas Borba. Foram até Rubião para saber da informação, além do carteiro levar uma carta para o aprendiz. Era de Brás Cubas, falando de como morreu e da morte do seu amigo. Rubião, após ler a carta, pediu ao escravo que levasse o Quincas Borba cão para a comadre Angélica, “como gostava de bichos, lá ia mais um”, dizendo dos mimos e do nome.

Capítulo 14

Quando abriu o testamento, “Rubião quase caiu para trás”. Era herdeiro universal. Tinha tudo, porém, uma única condição: cuidar do Quincas Borba cão como se o cão fosse o herdeiro, de qualquer mal, tal qual uma pessoa fosse. Pediu também uma sepultura ao cachorro em um dos seus terrenos, além de retirar os ossos do cão, do túmulo já com flores cheirosas, para que fossem depositados “no lugar mais honrado da casa.”. Ler página 8

Capítulo 15 – Rubião pensava na possibilidade da herança somar 300 contos de réis (75 milhões de reais). Ficou imaginando as casas, posses, livros e, naturalmente, o cachorro que constava na cláusula. Achou natural, já que eram o três juntos sempre. Até lembrou duma história de urna, mas tudo havia de se cumprir. Gostava mais do cachorro. Lembrou das empresas que faliu, e que agora estava rico. “Deus não falta a quem promete.”. Ficou pensando se ficava em Barbacena, esfregar na cara das pessoas que foi tão zombado de ser amigo de Quincas para brilhar, ou se iria para o Rio de Janeiro. Decidiu a capital, com moças bonitas, teatro e movimento, até porque poderia “subir muitas e muitas vezes à cidade natal.”.

Capítulo 16

Rubião entrou na casa, chamando pelo cão. Nada dele. Lembrou que o havia mandado à Angélica. Ficou pensando em tudo que é de ruim enquanto corria, desde que o cachorro fugiu até de que alguém sabia da cláusula do cão e pegariam a herança. Começou a pensar que não teria como ser culpado se o cachorro morresse em uma fuga. Começou a prometer a santos, dizia ir em missas. Viu a comadre na frente da porta da casa, rindo do destrambelhado novo rico.

Capítulo 17

Rubião perguntou do cão. A comadre pediu para que não falasse dele, ficou pálido. Até que ela terminou a explicação – o cachorro nem comia, só chorava. Ela achou estranho, pensou que o cão era dado, estava no quintal separado dos outros. Falou que daria até cinco outros, mas aquele não. Prometeu até um filho, disse que “o recado veio torto”. Tinha bicho de tudo quanto é jeito, até pavão, mas Rubião tinha olhos no Quincas Borba. A comadre ficou espantada com tal amizade. Rubião foi embora, prometendo um filho.

Capítulo 18

Voltaram os dois para a casa do filósofo falecido, sentou-se na cadeira, o aprendiz, relembrando da aula do mestre, o cão procurava o dono. Lembrou-se da história da avó morta e das batatas. “Era um vencedor” aos seus olhos, iria “comer as batatas da capital”. Gostava da ideia e considerava-a profunda. O problema é que agora ele fazia parte da teoria e ela o beneficiava. Antes do testamento, ele era quem recebia o ódio ou a compaixão da teoria. Agora, ele era vencedor, entendeu completamente a teoria. “Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão.”.

Capítulo 19

Rubião mandou fazerem uma missa para o finado mestre, ainda que soubesse que “ele não era católico”. Não é que criticasse ou falasse bem e/ou mal, mas não falava. Achava mesmo que a religião era o Humanitas. Tinha mais vontade de fazer a missa para não parecer ingrato aos olhos dos vivos do que desejo do morto. Muitos foram para ver o antigo mestre de meninos, outros não foram, para não ver a glória de Rubião.

Capítulo 20

Rubião iria ao Rio de Janeiro, fixando casa.

Capítulo 21

“Na estação de Vassouras, entraram no trem Sofia e o marido, Cristiano de Almeida e Palha.”. Sentaram-se na frente de Rubião, era um casal de 4 ou 5 anos de diferença, ambos perto dos 30. Levavam presentes. Palha percebeu o olhar feliz de Rubião, em um trem com tanta gente carrancuda. Palha tentou puxar conversa, falando que a estrada de ferro cansava muito. Rubião respondeu que “para quem estava acostumado a costa de burro”, a estrada de ferro era realmente mais cansativa e sem graça, mas “era um progresso”. Perguntaram o que faziam, falaram de gado, escravatura e política. Queria vender os escravos, mas Rubião queria manter um pajem. Palha se desinteressou e falaram da Guerra do Paraguai, mais política, sobre as câmaras, Rubião conversava de forma geral bem. Palha perguntou se iria para a Corte ou Barbacena, o aprendiz disse que queria aproveitar a vida, quem sabe ir para a Europa. Palha ficou interessado. Começaram a falar da Europa e da Corte, de como eram ambas bonitas, mas como a segunda precisava de tempo para ficar mais. Rubião perguntou à Sofia se já foi à Europa, esqueceram de se apresentar uns aos outros. Rubião ficou feliz com o acolhimento tão repentino, queria que eles fossem com ele para a Europa. Palha tentou falar que não tinha planos, mas quem sabe a “Divina Providência é que manda o melhor”. Rubião mal se segurava para poder dizer que estava rico, até que murmurou. Palha quis saber de quem e quanto. Rubião respondeu que era de um bom amigo, que chegava perto dos 300 contos. Palha elogiou o amigo, pois desses há poucos, e recomendou que não contasse a história desse jeito para estranhos. “Discrição e caras serviçais nem sempre andam juntas.”.

Capítulo 22

Quando chegaram à estação da Corte, despediram-se de forma familiar. Palha ofereceu casa mas o ex-professor ficaria em um hotel, prometendo visitá-lo.

Capítulo 23

Apesar de Rubião estar ansioso para ver Palha na casa de Santa Teresa, foi o amigo da estrada de ferro que foi procurar o aprendiz de filósofo. Queria saber se estava bem por ali ou preferia a casa dele. Recusou a casa, “mas aceitou o advogado”. Era parente de palha, não cobrava caro pois era moço. O cão queria ir para os lugares, mas tudo se ajeitou. Palha convidou-o para jantar, dizendo que o esperaria.

Capítulo 24

Rubião era muito ruim em falar com mulheres. Porém era novo homem, “forte e implacável”, foi para lá e ficou feliz com a decisão, pois Sofia estava muito mais bonita. Vestia-se bem, falava com posse, “Rubião desceu meio tonto.”.

Capítulo 25

“Jantou lá muitas vezes.”. Enquanto se passava o inventário, Rubião tinha um fogo que não conseguia apagar, pois havia um boato que a demência de Quincas Borba não validaria o documento. Porém, a denúncia foi destruída e o inventário concluído. Para comemorar, Palha fez uma festa, que, inclusive, foram advogado, procurador e escrivão, que conveniente. Sofia tinha “os mais belhos olhos do mundo” neste jantar.

Capítulo 26

Rubião ficou pensando nos olhos dela enquanto descia o morro. Começaram as mudanças de Botafogo e Palha ajudou muito Rubião, indo para lojas e leilões. Iam os três, até que Sofia dizia que “só uma senhora escolhe bem”. Rubião agradecia e aceitava com muito bom gosto. Tentava demorar o máximo possível e comprar o que não precisava para ter a mulher por perto.

Capítulo 27

Todas essas ideias passavam na cabeça de Rubião, que esqueceu de ir soltar Quincas Borba cão. Foi até ele.

Capítulo 28

Rubião pensava no pecado que era desejar Sofia, ainda mais que era casada tão bem com Palha. Pensou como era bonita e que parecia o querer tanto. Quincas Borba cão ficou feliz de vê-lo, latia e Rubião tentava acalmá-lo. Rubião lhe dá um tabefe, o cão que lambia a mão antes agora tinha medo. Rubião estalou com as mãos ele veio com o mesmo entusiasmo. Quincas fica feliz com o passeio, esquece rapidamente do tabefe e gosta muito de estar ali. “Gosta de ser amado. Contenta-se de crer que o é.”. A maioria dos funcionários, menos o mordomo espanhol, gostam do cão e não ligam dele andando pela casa. Mas quando vem visitas, o mordomo retira o cão com muita delicadeza, ao passo de quando não há mais ninguém vendo, o joga longe pela perna ou orelha que o segura. Quincas Borba cão se recolhe e deita num canto, misturando a imagem de boas lembranças entre o antigo dono filósofo e do atual aprendiz. Quando acorda, esquece de todo o mal que existe ou possa existir. O narrador pede para que o leitor se contente em ter dó. Ler página 13

Capítulo 29

Dois amigos foram almoçar com Rubião no domingo. Carlos Maria, que já se aproveitava dos bens da mãe e era jovem, Freitas já tinha seus 40 anos e não tinha o que pegar da mãe mais. Freitas elogiava tudo da casa e saia da casa com o bolso cheio de charuto. Era uma figura que Rubião não tinha como ter por bem socialmente falando, mas logo percebeu que era vivo, tal qual começou a elogiar e contar mentiras com tanta crença que até assustou o jardineiro que cuidava das rosas que ele comentava. Foram beber licor, que Freitas aproveitou com muito bom gosto. Quis saber de onde vinha, Rubião falou que era de um armazém e logo comprou 3 dúzias de caixa. Freitas ia jantar e almoçar lá muitas vezes, “mais vezes ainda do que quer ou pode”.

Capítulo 30

Rubião perguntou a Freitas se o acompanharia à Europa. Ele respondeu que não, era “amigo livre”, falando que discordariam do itinerário. Rubião lamentou, pois o considerava alegre, ao passo que disse que carregava uma “máscara rinhosa” e era triste, “arquiteto de ruínas”, queria ir ver os monumentos de ruínas de antigos impérios e civilizações. Rubião dava risada.

Capítulo 31

O narrador trouxe o avesso de Freitas, Carlos Maria. Até Freitas que não gosta dele, recebe-o com muita felicidade íntima. Rubião gostava de Carlos Maria mais ainda do que gostava de Freitas, esperou ele a tarde inteira “e esperá-lo-ia até amanhã.”. O jovem olhava de todos por cima, não tinha consideração para ninguém, menos ainda aos dois que ali estavam. Parecia que, ali, fazia dois favores: o de almoçar; e o de não chamar os dois de “pascácio”, de idiotas. Comeram bem. Freitas continuava soltando anedotas. Carlos Maria ouvia tudo com seriedade parecendo que era para humilhar, tanto que Rubião começou a ficar sério, mesmo que achasse graça. No fim, Freitas pediu aventuras amorosas dos outros. Carlos Maria dava risada finalmente. Freitas ainda tentava se explicar mas Carlos Maria atropelou a fala para perguntar se Rubião gostava da casa do Botafogo. Gostava da vista e a praia era linda, Carlos maria concordava, mas era que ficava mal de vez em quando com o cheiro. Freitas começou a elogiar enormemente a praia, falou tanto que queria até mesmo que Carlos Maria prestasse atenção no pedaço de fruta que ficou no bigode dele. Rubião se recompunha mentalmente do almoço e do que sobrou. Viu Carlos Maria aproveitando o charuto que mandou oferecer. Dali, entrou o criado com uma cesta coberto de um lenço de cambraia, um tecido que amassa rápido mas é muito bonito para decorações, e uma carta.

Capítulo 32

Rubião ficou sabendo que quem mandou era Dona Sofia. Era a primeira vez que via a letra dela e ficou comovido. Freitas viu os morangos enquanto descobria a cesta. A carta dizia que era para aproveitar no almoço e que deveria ir jantar, sem falta e por ordem de Cristiano. Freitas ria da situação e dizia que era tudo normal para quem ama. Carlos Maria disse que o amor é lei universal, perdoa-se até e não se deixa de ser exceção para quem é senhora casada. Ficaram tentando entender se ela era casada, viúva, solteira. Rubião estava num misto de tristeza, empolgação, felicidade e tontura. Pensava que tudo aquilo era pecaminoso, as frutas, o arranjo. Carlos Maria viu o relógio e ia embora. Propôs que fosse algo a ser feito todo domingo, Freitas concordou. Pegou seis charutos e disse que era uma delícia por dia. Rubião pediu para levar mais, mas ele iria “buscá-los depois.”. Quincas Borba cão viu todos ali com o barulho do portão, Freitas ficou feliz e o recepcionou, Carlos Maria tinha nojo, Rubião deu um pontapé no cachorro, que se afastou chorando e gritando. Os dois visitantes ainda tentaram ver onde um e o outro iam, mas foram para caminhos opostos.

Capítulo 33

Rubião leu mais uma vez o bilhete de Sofia, era um mistério sem fim a carta. Não tinha nome de casada ou de família ali ou se quer o casal. Pensava que era uma metáfora a frase de “verdadeira amiga”. Beijou o papel. Na verdade, “o nome”.

Capítulo 34

Sofia ficou irritada que Rubião chegou tarde – eram 4 e meia da tarde. Rubião tentou se defender falando que ficou trabalhando e que ainda era cedo, que ela respondeu que “sempre é tarde para os amigos”. Mal se recuperou e viu que existiam 4 senhoras, olhando para ele, que esperavam “um capitalista Rubião”, detentor de dinheiro. Três eram casadas, uma “mais que solteira”. Tinha 39 anos, era filha do Major Siqueira. Ela começou a contar de como soube da história da amizade de Palha, Sofia e Rubião pelo seu pai. Disse que tinha um acaso na família. Mas Rubião estava em outro lugar. D. Tonica, filha do Major, falava com um homem com a alma em um beco sem saída. O Major até apareceu e repetiu a história, conversando com as moças, depois saiu para a rua.

Capítulo 35

As senhoras eram bonitas, até mesmo a mais velha poderia ter sido mais bonita ainda se fosse mais nova, “mas Sofia primava entre todas elas.”. Não era tudo o que Rubião “sentia, mas era muito.”. Tinha aquela coisa de escultura que o artista vai polindo aos anos e parecia que daria os últimos toque em Sofia aos 30 anos. Os olhos eram mais negros e se impunham mais do que no trem, a boca era “mais fresca.”, tinha apenas “excesso de sobrancelhas”, coisa que Rubião achava destoar do rosto e a dona não suportava. Vestia-se bem, usava até os brincos de pérolas que Rubião deu na Páscoa. Ela era filha de um funcionário público e casou aos vinte anos com Palha, que na época tinha 25 e cheirava bem onde o dinheiro ia crescer mais. Gastava muito mal o dinheiro consigo, ia para lugares para ser visto, não para se divertir. Gostava de mostrar os olhos da parceiras e os seios, decotando-os “até onde não podia”. Era um rei Candaules, que morreu porque queria mostrar a todos o quanto sua mulher era bonita. Sofia não gostava no início, mas foi pegando gosto.

Capítulo 36

Rubião a achava tão linda que poderia “fazer um escândalo”. Todos prestavam atenção numa mulher que cantava, mas Sofia e Rubião trocavam olhares. Ninguém da sala percebia a troca, exceto Dona Tonica.

Capítulo 37

Dona Tonica sabia que Rubião gostava de Sofia, não tinha olhos para outra coisa se não ela. Tinha até uma fagulha de esperança no capitalista, que mais queria um marido do que um homem rico. Sofia olhava menos para Rubião, pois eram “cautelas naturais da situação.”. Redobrou as tentativas, do dote de sedução e do que tinha na loteria, que “vem um bilhete que resgata os perdidos.”. Quanto mais pensava na possibilidade, mais tinha certeza que era amor o que existia ali. Tentava conversar com ele, dizia coisas bonitas, mas quando Sofia deixava a sala e não voltava, ele respondia maquinalmente. Tentou até perguntar de Barbacena, mas ele nem respondeu.

Capítulo 38

Rubião desejava Sofia e achava que parecia convidar ele para ir para outro lugar.

Capítulo 39

“A lua era magnífica”. Sofia e Rubião foram passear, a senhora até convidou Dona Tonica, que disse que ia depois – mas não foi. Passearam em silêncio, podiam ouvir vozes por ali, mas não era possível ouví-los. Rubião lembrou de uma comparação que leu em um livro antigo, que falava algo de estrelas da terra com as estrelas dos olhos do céu, “tudo isso baixinho e trêmulo.”. Sofia ficou assustada, estava pesando o corpo no braço de Rubião e se endireitou. Ficou em silêncio sem saber o que fazer com o homem que era tão tímido. Rubião continuava, falando que as estrelas eram belas e só podiam ser vistas de longe sem poder ver detalhes, mas que Sofia estava ali perto e eram mais bonitos. “Rubião parecia totalmente outro.”. Só que se repetia, não tinha outras ideias. Sofia tentava achar como pará-lo sem zangar. Não podia ignorar as finezas do homem, mas deixá-lo em casa era demais.

Capítulo 40

As estrelas riam de tal situação. Até compararam a história de Diana que se encontrava com Endimião, mas que problema há se encontrar no céu e não viver na terra? As estrelas eram as jovens moças que conversam de tudo e riem-se de tudo. Mas a lua era solitária. Sofia se enganou com as asas de Rubião, que mostrou na testa ser um arcanjo caído. Queria “alma e o corpo”.

Capítulo 41

Sofia sugeriu ir para dentro, tentou retirar o braço dele, mas Rubião o reteve com força, dizendo que ali estava melhor ou até mesmo tentando entender se ele o aborrecia. Desconversou falando que precisava ir para a sala de visitas, pois podiam dar pelo sumiço dos dois nos últimos dez minutos. Rubião pediu duas coisas: que não esquecesse daqueles 10 minutos; e que olhasse para o Cruzeiro às 10, pois o pensamento de ambos se cruzariam. “O convite era poético, mas só o convite.”. Rubião olhava com fogo para ela e não a soltava. Sofia ia pedindo com jeito, depois com desespero, depois com ânsia. Começou a machucá-la e Rubião começou a voltar para si. Quis beijar a mão dela mas ouviu uma voz.

Capítulo 42

O Major Siqueira apareceu, contemplando a lua, boa para namorados. Sofia se recompôs rápido, falando que Rubião dizia como as noites de Barbacena eram mais bonitas do que do Rio, até mesmo de uma história de um Padre Mendes, que Rubião, ainda atordoado, mal acompanhava a linha de raciocínio da amada. O Major, mesmo tendo visto Rubião indo para a mão de Sofia, e agora vendo-a tão calma, achou que tinha visto mal o cenário. Sofia se despediu e perguntou do voltarete dos rapazes. Major disse que tinha acabado e foi ali procurar por Rubião, o interesse do grupo. Rubião até tentou continuar a anedota do Padre Mendes, mas ele era ruim em criar história e não conhecia-o. Para piorar, o Major o conhecia. O Major começou a falar muito do padre que tinha bom olho para mulheres, ainda mais quando falava de Sofia. Perguntou a Rubião o que achava dela. Ele a considerava bonita. Rubião começou a desconfiar que o Major sabia do que tinha acontecido, ou até adivinhado. Ele falou que era possível até se mudasse, o que deixou curioso o pensamento do Major, pois havia acabado de se mudar. Falou como era difícil se desapegar de onde se viveu a vida inteira. Major até falou que se o problema fosse casório pela cidade, era só esperar como alguém espera um resfriado com a janela aberta. Como voltaram a um assunto em comum, Rubião até melhorou na fala e começaram a discursar sobre tantos outros assuntos. Dona Tonica apareceu procurando o pai para irem embora. Rubião até tentou agradá-lo convidando para a casa, Major disse que estava tentando convencer a pessoa errada, que quem mandava nele era Dona Tonica.

Capítulo 43

Dona Tonica ia descendo a ladeira com seu pai, remoendo os olhares de Sofia para Rubião e vice-versa. O Major foi dormir logo, mas ela ficou acordada com o fogo do ódio. A figura de Sofia se tornou em um monstro hediondo, queria vingança, até tentaria contar sobre tudo que viu. Pensava em tantos impropérios que gastou uns bons 20 minutos pensando, mas a alma cansou. A realidade bateu na vista e olhava ao seu redor, quarto de solteira que esperava um noivo, tal qual a história da virgem de Israel que esperava a concepção divina. Mas há uma diferença: Dona Tonica espera toda noite. Lembrou de todas as amigas e conhecidas, todas estavam casadas. Teve até esperanças quando uma de 30 anos se casou com um oficial da marinha. Mas os 40 anos chegavam à Tonica. Foi para a cama chorando.

Capítulo 44

O narrador aponta que a raiva e a dor foram de iguais intensidades. “Os efeitos é que foram diversos.”. A imaginação que dava tudo para se vingar da mulher que não merecia marido ou amante, tal qual passou um fio de Calígula, um imperador louco.

Capítulo 45

Se Dona Tonica chorava, Rubião ria, era “a lei do mundo”. Dizia às estrelas de sua confissão enquanto descia o morro. Via em todas as janelas e sacadas “caras bonitas e grossas sobrancelhas”. Fica num misto de calafrio temeroso pelo que fez e como agiu. Achou bem feito que se despedissem logo, tinha que esperar. Considerava-se maluco. Porém, defendia-se. Pensou que Sofia, em todas as suas atitudes, jeitos e ações o convidavam a ter chegado a tal ponto. Ficou pensando que deveria resistir, como continuou resistindo, mesmo com o dinheiro emprestado, pois devia favores e estimava o marido dela. Culpava e suspirava Sofia. Deparou-se na Praça da Constituição. Queria ir ao teatro, mas era tarde, foi para o Largo de São Francisco e pegou um charrete.

Capítulo 46

Um mendigo acordou com o alvoroço e ficou encarando o céu de barriga para o ar. Ficaram se encarando, tal jogo de siso, o mendigo falando que não era para o céu cair nele, tão menos do mendigo de escalar até si.

Capítulo 47

Rubião sentiu inveja do mendigo, que mal pensava e logo estaria dormindo. Os cocheiros tentavam convencer a escolher, mas Rubião foi para o mais próximo. Lembrou-se de um episódio ainda jovem. Morava na casa de um amigo por três dias que viraram quatro semanas. Lembrou-se de uma comoção nas ruas, um homem lia a sentença de dois negros. Era raro ver um enforcado, mas “não queria ver a execução.”. Mas como uma das pernas quisesse fugir e a outra assistir, ficou ali vendo. Tal qual tinha olhos para escolher a carruagem, todos tinham ali para o executado. Subiu um não sei o quê nas entranhas de Rubião e ele gritou, não viu mais nada.

Capítulo 48

O cocheiro fala como o cavalo é bom, dá uma leve chicotada no cavalo. Rubião se zangou por ter sido retirado de recordações antigas. O cocheiro ainda elogiou a amizade entre homens e cavalos, que trazem histórias inacreditáveis, tal qual os cachorros. Rubião lembrou do Quincas Borba cão, que deveria estar esperando ele em casa ansiosamente. Ele cumpria à risca o testamento, ainda que tivesse o desejo de vê-lo fugir, tinha mais medo de perder os bens. Não havia nada no testamento para fazê-lo perder os bens. Ficou num limbo de se sentir ingrato com o cão e das opiniões alheias do que fazer com o testamento e sua cláusula. Lembrou do outro Quincas Borba, até mesmo da transmigração de almas para corpos brutos, como poderia ter acontecido com o filósofo ao cão. Quando o cocheiro lembrou-o de falar onde era a casa, Rubião pediu para parar.

Capítulo 49

“O cão ladrou de dentro” quando Rubião chegou, recebendo-o com alegria. Rubião ficou imaginando que estava sendo observado pelo testador enquanto acariciava o cão. Viu nos olhos do cão o antigo filósofo. “Novo arrepio”. Envolto nesses pensamentos de que estava sendo observado para cuidar bem do cão e do pedido do filósofo, o mordomo espanhol pediu para levar o cão para baixo. Rubião pediu para que não desse pancadas. Mas só de sair dali, o cão já chorava, era doloroso o suficiente.

Capítulo 50

O narrador alerta que o dia ainda não acabou, pois havia ainda a perspectiva de Palha e Sofia. Alertando as leitoras, talvez tivesse uma história mais interessante ali do que do “caso do enforcado”. Palha falava mal dos convidados que foram embora. Sofia ria dos comentários. Até que ela tocou no assunto do melhor da noite, uma declaração de amor. Palha tinha ficado sério com a tentativa dele acertar o que era, ficou pálido ao ouvir. Não que não gostasse de expor tudo que ela era. Sofia “gostou da má impressão causada”. Ela soltou o cabelo e disse que era Rubião. Falou de como já recebeu outros olhares, mas nunca um comentário e ainda mais de como o fez no jardim. Mas Palha confiava nele, até mesmo de ter escrito o bilhete que o próprio Rubião ficou apaixonado e Sofia só o copiou. Só que nunca passou na cabeça que Rubião teria se apaixonado, “menos ainda a Sofia”. Ele sabia que Rubião ficava olhando para ela. Sofia não era inocente, mas eram “concessões de moça bonita”. Mas enquanto ficassem em olhares. Até chamou de tolice o que disse, podia ser coisa de poeta, moça de quinze anos ou tolos, sendo que os dois primeiros ele não era. Mas Sofia preocupava-se com a retenção das mãos. “Palha teve um calafrio.”. Ele poderia ir até Rubião e espancá-lo, mas também perguntou que ideia foi essa de ir ver a lua. Ela explicou que foi convidar D. Tonica, mas que ela não foi. Palha a culpou por ter dado chance. Sofia queria revidar, mas ainda disse que o próprio Palha falou para cuidar dos convidados com cuidado e atenção, mas que não sabia o que poderia acontecer no jardim antes. Palha recomendou evitar o jardim e a lua. Sofia não sabia como receber Rubião novamente. Palha ficou matutando, queria aprovar mas desaprovar Sofia, disse que estavam muito afetados pelo vinho. Ele ainda tentou perguntar da viúva Mendes que poderia ter chamado a atenção de Rubião. Tentou ver se poderia arranjar e se a esposa poderia suportar mais um tempo, pois ele devia muito mais do que apenas os presentes que Rubião comprava. Sofia ficou incomodada, apenas pediu que cortassem as relações. Palha tentava repetir o pedido para suportar, até que a pegou pela cintura e confessou que devia muito dinheiro. Sofia tapou a boca dele e olhou para o corredor, procurando quem pudesse ter ouvido. Aceitou continuar, que seria mais fria e que o marido, ao pedido dela, continuasse amigável. Ler página 24

Capítulo 51

Palha lia o jornal, Sofia chega. Enquanto esperava o almoço e após ler o jornal, Sofia ouvia o caso de dois comerciantes fazendo um saque e toda a tecnicidade, enquanto estava aflita. Sofia já pensava em deixar a cidade, tinha medo do Major Siqueira passar os boatos do que tinha visto. Pensava ser a culpada pela situação ter acontecido.

Capítulo 52

Nisso que Sofia olhava para a rua, um homem a cortejou, ela retribuiu. Nem sabia quem era. Lembrou, pois o rosto era familiar, de uma antiga festa que dançou com ele. Ela lembrou da festa e como era vista por todos, comentado por Carlos Maria no almoço de Rubião de outro dia. Sofia tentava dormir depois de pensar, não conseguia. Viu um carteiro andando na rua, que tropeçou e caiu. “Não pôde conter o riso.”.

Capítulo 53

O narrador pede perdão pelo riso. Pediu perdão, pois não é falta de compostura. Fez um paralelo com Homero e os deuses do Olimpo que riam de Vulcano, deus greco romano casado com Afrodite e que é traído constantemente. Pediu que para rir, bastava uma sombra de lembrança.

Capítulo 54

“Quinze dias depois”, Rubão recebe Palha em sua casa, não o tinha visto desde então. Palha se desculpou por não ter visto Doutor Camacho, mas Rubião pediu para que não se desculpasse. Pediu para Palha ficar, até para que pudessem ver a lua na enseada. Palha estremeceu. O silêncio era constante, mas Rubião e Palha não davam por ele. Doutor Camacho ficou aborrecido e foi ver a lua. Rubião queria ir, mas ficou. Palha queria esganá-lo, mas não o fez. Rubião soltou que ia se mudar.

Capítulo 55

Palha deixou de ter raiva de Rubião para ter pena. Rubião tentava praticar uma punição em si mesmo. Palha começou a pensar que poderia até ser bom para que o romance fosse embora.

Capítulo 56

Rubião ficou mal depois do episódio. Tinha vergonha. O narrador chama a atenção para o capítulo 10, que os remorsos do homem eram fáceis, mas de pouca duração, só que faltou a explicação de como eles poderiam ser curtos ou longos. O que tem de diferente em não ter mostrado a carta para receber a herança, ou qualquer coisa que o fosse na época, e da noite no jardim é que a moral é a mesma, mas os pecados eram diferentes. Queria passar dois meses em Barbacena, mas não sabia como dizer. Camacho discordou, parecia dominar Rubião.

Capítulo 57

“Camacho era homem político.”. Até mesmo enquanto estudava, já tinha ideias políticas. Como o jornal que tinha não tinha visões partidárias, as ideias eram inúmeras. O uso de adjetivos também o era para reclamar e criticar de tudo e todos. “Queria ser ministro, e trabalhou por obtê-lo.”. Falava muito, falava de várias formas a entender a visão geral. Amava política, entrava num ramo que os sonhos energéticos “evaporam com o tempo”. Elogiava quem tinha poder, procurando alguém que lhe desse uma pasta. Não dedicou a vida para mais nada, apenas a política. Comia bem.

Capítulo 58

Em um dia que para a casa de um conselheiro, viu Rubião. Viram um discurso de prestação de contas. Rubião ia que concordando com a cabeça, Camacho ouvia com atenção. Camacho convidou-o para almoçar falando que “os conservadores não se demoram no poder”. Discutiam sobre o jornal e Rubião gostava do amor pela política de Camacho. Camacho queria um lugar na câmara e Rubião via a jornada. O doutor tentou achar Rubião no dia seguinte, não o fez, mas agora que o achou, “vinha o Palha interrompê-los.”.

Capítulo 59

Rubião teimou que precisava ir a Minas. Perguntaram se estava aborrecido com a corte. “Ao contrário.”. Tinha saudades de lá, a terra natal tinha ambições que ele não alcançou, ainda mais quando saiu de lá homem. Estava “arrependido do gozo, e mal acomodado na própria riqueza.”. Camacho e Palha se entreolharam, entenderam o que cada um queria e o objetivo em comum dos dois – Rubião não podia sair dali. Palha ofereceu uma proposta de viagem de poucos dias, iria ele, Sofia e Rubião. Ele ficou empolgado, mas falou das eleições. Camacho adicionou que era coisa pouca e a viagem poderia ser de dia, que depois delas, poderia aproveitar mais Barbacena. A lua brilhava na enseada e Rubião até pensou em Sofia. Camacho se despediu. Palha quis falar que era loucura ir para Barbacena sem liquidar as dívidas. Rubião se fez de desentendido e perguntou até se Palha precisava de dinheiro. Palha pediu para que avisasse quando fosse, Rubião prometeu visitá-lo antes.

Capítulo 60

Rubião ficou com as ideias na cabeça dos dois de ir para Minas. No dia seguinte, recebeu um jornal que nunca viu, a Atalaia, jornal do Doutor Camacho, que descobriu logo depois. Porém, no caminho, viu uma criança que atravessava a rua e quase seria atropelada por um carro de cavalos. A criança tinha apenas um arranhão da queda, todos foram ver o acontecido. Rubião perdeu o chapéu que foi devolvido por um garoto, que queria fazer parte da glória e ganhou até uns cobres. Rubião machucou a palma da mão, a qual foi socorrida pela mãe do menino.

Capítulo 61

Camacho ficou interessadíssimo na história, perguntando detalhes que Rubião nem se quer tinha ideia. Rubião queria assinar, mas o que Camacho precisava era de assunto, corpo, o que ter para publicar. Tinha quase o capital que precisava, Rubião insistiu de investir os cinco contos, 1 milhão e 250 mil.

Capítulo 62

“Rubião despediu-se.”. Enquanto saia, uma baronesa argentina foi ver Camacho. Rubião descia mais devagar para ir ouvindo o que ela demandava, fingindo que não se enrolava. Rubião, em torno de tanto luxo e tanta coisa, ainda sentia-se o professor de Barbacena.

Capítulo 63

Rubião viu Sofia com uma senhora idosa e uma moça, falaram pouco e ele até olhou para trás, sem que olhassem para trás também. Ficou refletindo se ia de noite na casa, apostou que se um carro viesse da esquerda, não iria, se fosse da direita, iria. Acabou que veio da esquerda, mas teimou porque era um tílburi, carro de cavalo com apenas um assento traseiro, e não um carro. Apareceu uma caleça virando a direita, um carro com dois acentos. Decidiu ir para lá.

Capítulo 64

Duas senhoras passeavam com Sofia, uma era “tia da roça” e “autora da carta que Sofia recebeu no jardim das mãos do carteiro que logo depois deu uma queda.”, Dona Maria Augusta. Era viúva, tinha grana e dívidas. A filha era Maria Benedita, uma menina não tão bonita, mas não era feia, não gostava do nome por ser de velha. Era um nome da avó dela e afilhada do vice-rei. Sofia, contando a história para Rubião, dizia que o nome era bonito pela pessoa o ser. Rubião mal prestava atenção na história pois acariciava um cãozinho presente dele para Sofia, até ser apertado e responder que sim. Maria Benedita nasceu na roça e de lá gostava de ficar, ia para a cidade mas ficava pouco e já queria voltar. Sofia tentava puxar ela para a cidade, até para treinar piano, que tinha talento, mas tinha mais saudade da roça. Maria Augusta tentava incentivar a filha a aprender francês, outra coisa que se ria e perguntava a necessidade, já que era feliz sem e nunca fez diferença. Maria Augusta queria de todas as formas que a filha casasse, Maria Benedita ficava preocupada com a mãe que fazia drama porque morreria logo, não queria o desastre que aconteceu consigo para a filha.

Capítulo 65

“Curta foi a visita de Rubião.”. Até tentou esperar um pedido para ficar mais por Sofia mas nada veio. Ela trocava olhares, mas nada como da noite que fez a proposta de olhar para a lua. Ela agia naturalmente, ele titubeava. Desejou bem Palha que poderia aparecer logo, mas quem veio antes foi Carlos Maria. Pensou que era pela família da roça. Sofia lamentou que Palha não poderia ver Rubião. Carlos Maria acusou Palha de ter mau gosto, enquanto olhava o retrato de Sofia, já que ela era “muito mais bela, infinitamente mais bela que a pintura.”. Pediu atenção das senhoras para ver.

Capítulo 66

Rubião ficou surpreso em como Carlos Maria falava desta forma tão naturalmente. Para bom malandro, basta falar o que os outros desejam e gostariam de ouvir.

Capítulo 67

Rubião abriu o jornal Atalaia e leu o artigo editorial e outras notícias, viu o seu nome. Era o caso da Rua da Ajuda, que salvou o menino. Tentava ignorar, não gostava da atenção mas não detestava. Quis entender como que algo tão pequeno ganhou tantas proporções com tantos adjetivos. Amaldiçoou-se por ser linguarudo e não ficar quieto. Era como se fosse o oposto da história da avó de Quincas Borba, que morreu sem cerimônias ou Rubião que a salvasse. A história realmente era grandiosa em outros olhos, poderia ter se machucado mais ou até morrido. Eram adicionados alguns detalhes, que não achava ruim. Dizia que era nada, outros achavam que era até demais. “Contava a cena a alguns curiosos”. Teve até quem teve inveja, mesmo sem conhecer o aprendiz de filósofo. Foi falar para Camacho tomar cuidado, sem antes comprar mais edições para enviar à Barbacena.

Capítulo 68

“Maria Benedita consentiu finalmente em aprender francês e piano.”. Ela queria voltar logo para a roça, mas resistia. Carlos Maria até um dia pediu para que ela tocasse, a menina ficou vermelha. A mãe tentava puxar a filha para a vida da roça, ela foi criada assim, mas Palha finalmente convenceu a menina para que fosse para a cidade, para que pudesse ter uma chance para viver na cidade, onde havia união. Convenceu Maria Augusta que visitasse a filha de vez em quando e que ela também iria ser visitada pela filha e Sofia. Palha até sugeriu vender os negócios dela para que mudasse para a cidade, mas ela recusou. O começo foi difícil para se acostumar Maria Benedita, mas Sofia foi usando as distrações da cidade para acostumá-la. Os professores ensinavam e achavam gracioso a prima da roça que aprendia depois de tanto tempo. Sofia pedia para que ela descansasse entre estudos. Queria “recobrar o tempo perdido”. Aprendia novas palavras, ia para passeios que eram os descansos que Sofia inventava. Maria Benedita começava a brilhar no meio de tantos elogios que Sofia só podia ficar ouvindo. Sofia até tentou ensinar Maria Benedita a dançar, mas ela queria manter esse “bocadinho de casca da roça”. Sofia dançava bem, Palha só dançava pouco, apesar de Maria Benedita ter contado muito mais que poucos minutos.

Capítulo 69

Mas quem contou esses minutos foi o relógio de Rubião, já que Maria Benedita perguntava as horas para ele. Ela inclinou-se para ver a hora. Era cedo, queria ficar mais tempo, morava perto de lá agora. Passaram-se oito meses desde o início dos estudos de Maria Benedita. Rubião era “sócio do marido de Sofia, em uma casa de importação”, negócio que ia propor quando se deparou com Camacho na casa do aprendiz de filósofo. Apesar de entender muito mal dos números, cálculos e o tanto de conto de réis que ia dando, era convencido pela fala a continuar investindo. Palha investia com um membro do Parlamento que era da Inglaterra. Em casa, Rubião via os gastos do dinheiro que tinha e viu olhos de censura no Quincas Borba cão, com um “tom de censura” ao aprendiz. Apesar de querer o dinheiro de volta, pensava que Palha desconfiaria dele. Ainda queria vitória nas eleições. Mas ainda pensava em Sofia. Maria Benedita perguntou a Rubião se achava Sofia bonita, ao qual ele concordou. Ela estava bonita e bem decotada, o que já foi explicado no capítulo 35, usando as pérolas que Rubião as deu. Carlos Maria dançava com ela, tinha pose de rei, tal qual um imperador que “se admiraria da demora do ministério em vir cumprimentá-lo.”. Tal qual o episódio da lua, Carlos Maria convidou-a para passear, sabendo que ela queria descansar. Os galanteios duravam por 6 meses, apesar de uma pausa de dois meses que viajou para Petrópolis. Carlos Maria fez uma analogia do mar batendo com o coração dele que batia por Sofia. Diferente de Rubião, ele era mais decidido e sabia como disfarçar, Sofia é que ficou desconcertada. Ela quis sentar enquanto estava sentindo o olhar de todos que nem ouviram o que ele disse, mas Carlos Maria a deixou perto da sua prima, como pediu, e saiu do baile, mesmo ela pedindo rapidamente para ficar. Ler página 38

Capítulo 70

“Rubião cedeu a cadeira, e acompanhou Carlos Maria”. Antes de entrarem, Rubião o puxou de lado para que perguntasse algo que lhe atormentava. Rubião se contentava em vê-la de relance e do dinheiro que emprestava. Não tinha ciúmes de Palha, mas “a possibilidade de um rival de fora veio atordoá-lo”. O baile era na casa de Camacho, festejando o aniversário de sua mulher. No meio de tantas conversas, um homem “doutrinário” começou a falar que a punição moral sempre chegava, mesmo que não fosse em sua geração. As conversas começaram a se misturar, sem ninguém que concordasse ou fim que se chegasse. Carlos Maria se retirava, Rubião perguntou e achou estranho, já que via-o acompanhando Sofia até a carruagem das últimas vezes. Ele respondeu que só ficou para dançar porque Sofia era “mestra no ofício”. Rubião começou a ficar com ciúmes e foi vigiar Sofia.

Capítulo 71

Sofia reclamava do sarau e de como doíam suas pernas. Palha falava que era a má disposição da esposa que despenteava-se, se dançou muito, é que foi bom. Palha elogiou como Carlos Maria valsava. “Sofia estremeceu”. Sofia esperava ciúmes, já que ele mal falava bem de alguém sem ser vaidoso. Palha a beijou e ela não tinha tédio ou dor de cabeça como o episódio de Rubião. Sofia, como quem procurasse sinais, olhava para o mar e para toda a força que ele batia por ali. Ela relembrou de como Carlos Maria falou, “teve um calafrio” e o texto ficou ecoando.

Capítulo 72

Sofia sentiu a mão do marido em seu ombro, eles se despediram. Palha falou da prima da roça que estava mal e Sofia ajeitou a gravata do marido. Despediram-se mais duas vezes.

Capítulo 73

Sofia jurou pela própria mãe que não mais pensaria no episódio de Carlos Maria. Pensou que evitou um escândalo, já que ele poderia ter dito o mesmo na frente de todos. As frases ecoavam em sua cabeça.

Capítulo 74

Enquanto ela se vestia, banhava-se e decidia o que ia fazer no dia, ecoava as palavras de Carlos Maria em sua mente. O que mais intriga na comparação era o jeito que ela foi feita. Enquanto Rubião era clichê e usava a lua, Carlos Maria inventou uma situação totalmente inusitada que pegou até Sofia desprevenida do que poderia ser dito e até de poder parar ele antes do galanteio ser finalizado – é um misto de mistério, culpa e curiosidade. Só que Carlos Maria mentiu, não tinha ido lá. Pensou em se desculpar, mas achava que “a emenda era pior que o soneto, e que há bonitos sonetos mentirosos.”. Carlos Maria se deliciava da inveja e da ambição, pois teve Sofia. Só via um defeito nela – a educação, mal de ser jovem ou vício do casamento.

Capítulo 75

Quando saiu de perto de Sofia, Carlos Maria estava rodeado de mulheres, as quais se deleitava pela atenção. Carlos Maria gostava de Sofia, mas amar? Achou exagero. Saiu de casa irritado. Não sabia quais mentiras emendar e quais manter pela estética.

Capítulo 76

Carlos Maria montava bem o cavalo. Colhia todas as admirações, mesmo que fossem pequenas.

Capítulo 77

Sofia mandou Maria Benedita se levantar. A prima da roça ainda estava acostumada a “dormir com as galinhas e acordar com os galos.”. Sofia perguntou o que achou do baile, viu que não dançou. A prima disse que gostou do baile com a boca, e que odiou com o corpo. Não dançou porque não gostava, ainda menos da ideia de um homem apertando o corpo dela com o seu. Sofia perguntou se ela queria voltar para a roça, ao passo que Maria Benedita largou o jornal que fingia ler para responder que tinha saudades da mãe. Sofia não entendia, parecia tão feliz ali. Maria Benedita não respondia o motivo. Sofia disse que ela precisava casar e que tinha noivo – obviamente, era Rubião. Mas não revelou o nome, pois tinha ciúmes. Maria Benedita voltou a sorrir, pensou até que poderia ser Carlos Maria.

Capítulo 78

Rubião continuava insistindo em interrogar Carlos Maria, sem nunca encontrá-lo. Major Siqueira afirmava que Rubião precisava casar. Rubião pensou que poderia ser o episódio da lua, mas a filha do Major ainda estava bonita, só que agora com quarenta anos. Dona Tonica nem ficou feliz, só lamentava. O pai estava contente com as lembranças. Ler página 42

Capítulo 79

Depois que o Major saiu, uma voz perguntou o motivo de não fazer isso. Rubião viu apenas o cão. Achou estranho, mas acariciou o cão, com ternura e medo.

Capítulo 80

A ideia grudou tanto na cabeça que mal lembrou que suas pernas levaram o Major para a rua. Foi até o canapé pensar que estava entediado quando não tinha público. Ia até mesmo às sessões da câmara e audiências. A lembrança e visão de Sofia só piorava tudo. Lia muito ultimamente, especificamente Dumas e Feuillet. (explicar brevemente dos dois)

Capítulo 81

“Antes de cuidar da noiva, cuidou do casamento.”. Ficou pensando em tudo que poderia ser e lembrando de como gostava de ir ver o imperador. Pensava nas pessoas que iam, como chegaria ao local de coupé, os elogios que recebia. Era um espetáculo direcionado a ele, sem pensar quem era a casada.

Capítulo 82

Só que o sonho vinha com pessoas da nobreza, com títulos, por isso o fascínio com a nobreza. Fingia até mesmo assinar com os nomes que achava sonoros e tinha um almanaque com o nome deles. Mas quando conhecia as mulheres da nobreza, Sofia vinha em mente. E quem o acordava desses sonhos era a visão de Palha. Iam ao teatro com frequência, mas quando ela não lhe dava o braço, o dia era ruim. Conversava com Quincas Borba cão sobre, e o cão repetia as palavras do Major. Lembrou do filósofo e de como poderia participar do casamento e do brinde. “O espírito de Rubião pairava sobre o abismo.”.

Capítulo 83

Rubião foi ver Sofia, descobriu que Maria Augusta tinha morrido. Maria Benedita sofria, Palha pediu para que a visitasse. Falou do sofrimento e de como evoluiu, falou até dos negócios mas Rubião entendia nada do que o sócio dizia. Palha até ficou mais alegre e reteve Rubião que queria sair, falou que era o noivo que Maria Benedita tanto precisava. Rubião ficou surpreso. Palha achou estranho dele não saber da ideia por Sofia. Rubião disse que andava distraído. Os dois se despediram.

Capítulo 84

Mas Rubião se perguntava o motivo de Sofia não ter lhe dito. Pensou que ela não disse e mentia ao marido para que o projeto não andasse. Ficou calmo.

Capítulo 85

Mas não tão calmo. Não tinha com o que se distrair, era cedo para fazer qualquer coisa por ali ou por perto ou por longe. Pensou até em como que não se entediava em Minas mas o acontecia de ficar na capital. Lembrou que Freitas estava doente, foi visitá-lo. Conversou com o doente e disse à mãe, pobre, que a falta de dinheiro não devia ser vergonha. Deu seis notas de vinte mil-réis (3.500). Ela nem soube como agradecer, quando conseguiu se mexer, tentou correr até a rua para agradecer, “mas já não podia ver o benfeitor.”.

Capítulo 86

Rubião só refletiu a atitude espontânea depois. Sentiu alívio de não ser pobre. Passaram por um lugar que Rubião lembrou quando visitou a cidade pela primeira vez. A praia mudava de estética de casas formosas para locais com apenas canoas e crianças descalças. As pessoas ali perceberam os olhos de Rubião. Gostou de ver as risadas, mas começou a ver de novo a arquitetura da corte. Ficou feliz de ser rico. Ler página 46

Capítulo 87

Rubião foi andando pela Rua da Saúde sem prestar atenção ao sair do tílburi. Passou por uma mulher nos 25 anos, mais pobre do que bonita. O filho dela se atrapalhou nas pernas de Rubião. Ela ficou nervosa com a criança. Mais uma vez, a visão de ter uma família assombrou Rubião. Olhou de volta para a mãe da criança e pensou em candidatas. Pensou em Dona Tonica, pensou em Sofia, cada uma tinha uma música conjugal.

Capítulo 88

Lembrou do Freitas novamente. Pensou que fez bem em deixar o dinheiro. Até pensou que deixou demais ou de menos, mas queria se esquecer disso.

Capítulo 89

Voltou ao tílburi, querendo escapar das ideias. O cocheiro perguntou o que ele achou, disse que gostou e que voltaria mais vezes. O cocheiro riu. Rubião ficou pensando se era algo que disse ou até maneirismos de Minas, mas não chego à conclusão nenhuma. O cocheiro, como soubesse que ficou quieto muito tempo, confessou que não acreditava que Rubião estivesse admirado pelo bairro, pois era o jeito que olhava para tudo, inclusive que olhou para a mulher. Rubião fingiu que não sabia da mulher que trombou. O cocheiro continuou falando que era bom guardador de segredos, tal qual viu a história dum moço da Rua dos Inválidos. O moço entrou, disse que ia ver a costureira da mulher na Rua da Harmonia. Como Rubião prestava atenção, o cocheiro verificava se continuaria contando, já que quem fica contando fofoca presta atenção se alguém lhe ouve. Quando chegou na casa, a mulher se apressou para que ele entrasse na casa.

Capítulo 90

Rubião começou a matutar se a história era com Sofia e Carlos Maria depois de sair do tílburi. Ficou tão neurótico que ouviu a canção da cigarra falando o nome dela. Pensou na história da cigarra e da formiga.

Capítulo 91

A campainha tocou. Tentou manter a feição calma para os convidados. Achou os convidados na sala de visita e teve um desejo repentino de dar a mão para beijar, mas “reteve-se a tempo, espantado de si próprio.”.

Capítulo 92

Rubião foi visitar Maria Benedita que preparava um vestido de luto. Ela estava encantadora. Rubião mal acompanhava a conversa. Maira Benedita havia feito uma comissão de mulheres para a epidemia de Alagoas. Os homens só participavam com dinheiro, ria Maria Benedita disso que dizia si mesma. Rubião ajudou com uma quantia grossa. A comissão ajudaria Sofia a ter mais evidência. Sofia não entendia o motivo de Rubião sumir de tempos em tempos. Rubião disse que era sem motivo. Apareceu um diretor de banco que queria falar com Palha. Sofia foi com ele e deixou Rubião.

Capítulo 93

Rubião ficou impaciente e andava de um lado para o outro, ouvia algumas frases soltas de Palha, mais do que ouvia do diretor. A costureira perguntou as horas e estava atrasada para ir para a Rua do Passeio, tinha que ir à Rua da Harmonia também.

Capítulo 94

Sofia viu Rubião transtornado, ele dizia que era nada. O diretor logo saiu e Palha agradeceu a visita. Rubião não conseguia sair, recusava tudo, até mesmo os caprichos de Sofia e o tílburi de Palha, queria caminhar de noite.

Capítulo 95

Rubião tentou achar a costureira no caminho. Tinha tão em mente que queria vê-la que trombou em um homem e só continuou andando.

Capítulo 96

O homem que foi empurrado era o diretor do banco, estava bem contente. Só que ele tinha tido um bom dia. O ministro foi jantar com ele, ouviu as ideias longas. Sentiu-se humilhado por tentar agradar. Só que Palha o tratou bem, o que faltou no ministro sobrava no sócio de Rubião. Ruminava “os rapapés de Cristiano Palha.”.

Capítulo 97

Rubião continuou seguindo e viu um homem com a costureira. Perdeu eles. Voltou para dormir mas não conseguia. Queria comprar a informação e ter a qualquer custo. Foi olhar para o céu e lembrou da promessa do Cruzeiro. Ficou pensando no quanto o Cruzeiro era distintivo e até uma honra. Fechou a janela e foi dormir. Acordou com o criado espanhol com um bilhete.

Capítulo 98

O bilhete era de Sofia, ela e Palha ficaram preocupados com Rubião. Deu dinheiro ao mensageiro e ofereceu dar mais se precisasse. Entregou uma carta e até perguntou a ele como as moças estavam. Repetiu a pergunta antes dele ir embora e não sabia mais o que pergunta. O menino se foi.

Capítulo 99

Rubião ficou matutando de como não enviou nenhuma flor do seu jardim, pensou que o luto era mais chamativo. Viu uma carta caída no chão do moleque, era de Carlos Maria. Queria abrir. Queria esganar Carlos Maria com todo o dinheiro que tinha. Ler página 51

Capítulo 100

“Nenhum dos habituados da casa compareceu ao almoço.”. Estava tão acostumado com gente, comentários e graças que comer sozinho era comer nada. Davi e Camacho apareceram, o primeiro tinha uma candidatura para Rubião. Ainda assim, ficou pensando no conteúdo da carta, com “a esperança de descobrir que não havia nada.”. Rubião duvidava da candidatura e da influência de Camacho, mas o outro confirmava que conseguiria tudo em seu devido tempo. Ainda denunciou que a política era como a religião, gostou tanto da analogia que escreveu em um papel para fazer um artigo. Rubião temia os olhares e o poder da política, até teve vertigem de pensar.

Capítulo 101

Freitas faleceu. Rubião chorou escondido e custeou todo o enterro. A mãe dele quase caiu aos pés, mas Rubião não deixou, os convidados ficaram impressionados. Um convidado tentou chamar a atenção, dizendo que foi demitido, foi o perseguindo enquanto Rubião relutantemente segurava uma das argolas do caixão. Participou de toda a cerimônia, bem triste e choroso. Quando foi embora, ouviu um comentário que parecia senador.

Capítulo 102

Rubião voltava de carro, viu até mesmo o ministro que ia para o despacho imperial. Rubião pensava no amigo morto e no som do galope.

Capítulo 103

“Ao sétimo dia da morte de Dona Maria Augusta, rezou-se a missa de uso”. Rubião foi e viu Carlos Maria. Ele ainda tinha a carta que viu cair três dias atrás. Sofia estava lá também, Rubião a via tão bonita. Rubião começou a perguntar para Sofia do costume dela de escrever cartas. Ficou triste e cada vez mais preocupante porque ele falava que gostava dela. Sofia pedia silêncio, porque não é que alguém chegava, mas ele aumentava o tom de voz. Ela tapou a boca dele antes que pudesse continuar e decidiu sair dali.

Capítulo 104

Sofia retornou momentos depois, Rubião foi ter com ela que já colocou os dedos no lábio para que ele fizesse silêncio. Sabia que ele era bom e que aceitaria que tudo foi só um episódio se ele se arrependesse. Porém, Rubião não se arrependia. Acusou da manipulação dela e mostrou a carta. Ela ficou pálida ao ver o nome de Carlos Maria. Ela quis saber como o tinha e até pediu que lesse. Rubião até foi puxado pelo braço, mas ele foi mais forte e saiu de lá. Sofia ficou, “com medo dos criados”.

Capítulo 105

Sofia ficou inquieta com a carta. Pensou como que Rubião a tinha. Pensou até nos possíveis boatos. Começou a chamá-lo de bobo. Ria de nervoso dele. Lembrou das palavras de Carlos Maria, de como era bonita e como todos, inclusive Rubião, não a achariam? Ficou matutando a mudança de Rubião, tinha medo de recebê-lo sozinha, como o fez em um dia e mentiu que não estava em casa.

Capítulo 106

Porém, o narrador intervém para dizer que a história de tudo que ouviu era mentira. Não foi por excesso do cocheiro, mas paranoia de Rubião. O nome das ruas veio por convenção da mulher que Rubião viu no passeio, e além do fato que o jeito que ele se vestia cabia de onde morava. Ler página 55

Capítulo 107

Porém, apenas Sofia ficava pensando no que poderia ser de Carlos Maria. Não o amava e nem tinha expectativas.

Capítulo 108

“Durante alguns meses, Rubião deixou de ir ao Flamengo.”, mesmo que se forçando a não ir. Tanto em não saber do que pedir perdão como o de ver Carlos Maria e de que fazia muito tempo que não ia, Rubião não aparecia. Foi visitar Palha no armazém, disse que tinha muito o que fazer. Sofia, porém, esperava mais a visita do que Palha, queria se explicar, nunca conseguiu. Rubião veio dar dinheiro para a subscrição para Alagoas, eram 5 contos de réis (1 milhão e 250 mil). Palha até pediu menos, já dizendo que era muito. Rubião riu, escreveu o número 1 na frente, totalizando 15 contos de réis (3 milhões e 750 mil). Palha advertiu que tivesse cautela com o dinheiro, com o capital, ele sabia mais do que Rubião possuía porque cuidava da grana do que o próprio aprendiz de filósofo. Palha nem entendia porque colocava tanto. Rubião dizia que era que sabia que não ia perder dinheiro e que eram para negócios. Palha ficava incomodado, sabia onde investir, até mesmo os últimos investimentos de Rubião iam mal. Rubião ouvia tudo, de como investia sem ouvir Palha ou seguir os instintos, agradeceu e recusou tudo. Palha até falou que devolvia os dez contos, mas queria saber o motivo de não visitá-los mais. Rubião sentia ironia, “como de pessoa que soubesse de tudo, e risse dele.”. Convidou para jantar e não podia.

Capítulo 109

“Rubião sonhou com Sofia e Maria Benedita.”. Viu-as de saia, costas despidas. Rubião segurava um chicote e as castigava sem misericórdia. Elas choravam e pediam misericórdia. Em comparação com Álvares de Azevedo, era metáforas para a Imperatriz Eugênia. Hamlet dizia que era um método. Rubião pediu para retirar as mulheres e enforcar Palha. Sofia aceitou ir na carruagem com Rubião. O aprendiz de filósofo sentia-se Luís Napoleão, o cão Quincas Borba ia no carro. Rubião acordou.

Capítulo 110

“Rubião fez os dous empréstimos e o negócio.”. Pagou dívidas da Atalaia de 1 conto e 200 (30 mil) e investiu em negócios do porto. Camacho falava energético de como era desvalorizado pelo povo que tanto defendia e que reergueria o serviço, tal qual colocou o dinheiro no paletó. Camacho contava de ataques aos inimigos políticos como forma de correção. A candidatura ia mal por conta da oposição. O narrador analisa como a política é feita de concessões de quem está no poder.

Capítulo 111

Rubião gostou do artigo, ainda que tenha mudado de estratégia de atacar a política. Ficaram insistindo em um som de “v” em “vis vendilhões”. Camacho ficava feliz com as adições do seu investidor na sonoridade dos artigos. Prometia que todos iriam ser castigados.

Capítulo 112

O narrador pensa de como queria fazer um sumário de como tudo acontecia, tal qual os velhos livros. Mas o narrador culpa o leitor. Se queres ler, basta ler.

Capítulo 113

Mas, ainda como se fosse para agradar o leitor, disse que o título poderia ser “de como Rubião, satisfeito da emenda feita no artigo, tantas fases compôs e ruminou, que acabou por escrever todos os livros que lera.”. Rubião era satisfeito de ser autor de frases soltas.

Capítulo 114

Porém, o próximo capítulo não teria o mesmo título.

Capítulo 115

Rubião conseguia não ir mais ver Sofia, quiça o Flamengo. Até a viu em um carro, cumprimentou ela de volta. Ficou surpreso com a fineza, mas pensou que eram as outras pessoas do carro que a viam. Foi andando até chegar ao Banco do Brasil, Palha estava por ali, comentou que viu Sofia. Perguntou como o sócio estava. Palha ficou incomodado que ele não lembrava do aniversário de Sofia, pediu para que ao menos fizesse o favor de uma xícara. Assim como Palha desviou da pergunta, Rubião tentou desviar também. Rubião falou que iria, comprou um presente, uma jóia de 2 contos, 50 mil reais. Enquanto Sofia se arrumava, a criada trouxe o presente de Rubião e ficou lá esperando para ver o que era. Sofia ficou espantada e perguntou do entregador. Ficou pensando em tudo que passaram e da generosidade, sabia que ele o adorava. Ela ficou se admirando no espelho, tal qual ainda tivesse 25 anos, e o tinha fisicamente. Rubião ficou pensando que Carlos Maria estaria lá e que não teria dado presente melhor. A comissão de Alagoas e Carlos Maria estavam lá. Rubião foi, com outro olhar, Sofia até deu a mão e viu que tinha outro passo. Rubião ficou vigiando os olhares de Carlos Maria e Sofia. No meio da festa, Rubião até tentou falar com ela sobre o que aconteceu da carta, ela deixou uma lágrima cair. Tentou sair dali e Rubião tentou fazer com que ficasse. Sofia disse que Maria Benedita e Carlos Maria iriam casar. Para quem tinha pouco tempo, foi falando muito de Maria Benedita. Saiu da sala e deixou Rubião.

Capítulo 116

Rubião ficou surpreso com tudo isso, não achava que “era Maria Benedita que casava com Carlos Maria”, viu que tinha se confundido todo. Foi até conversar com Maria Benedita, já que ele foi abordado por ela que procurava a prima. Rubião a elogiava ternamente, era bonita, não tanto quanto Sofia, mas tinha sua beleza, Carlos Maria não a elogiava desse jeito, só pensava na felicidade conjugal como um troféu.

Capítulo 117

O casamento foi breve. Até pensaram que a catástrofe de Alagoas foi útil para este casamento. Falou da história de uma choupana que pegava fogo. A dona da casa chorava na frente. Um bêbado passou e perguntava se era dela, pediu permissão para acender o charuto. Ler trecho da página 62.

Capítulo 118

Voltando ao casamento, Maria Benedita claramente de vista gostava de Carlos Maria. Desde o começo que não sabia do nome, ao qual Sofia guardava que era Rubião, aconteceu todo o desastre de Alagoas e formou a liga, conheceu outras mulheres. Dona Fernanda quando conheceu Carlos Maria tentou empurrar uma outra menina, trocaram ofensas irônicas, desde o gosto até a religião. Gostava de conversar com mulheres, achava bem melhor do que falar com homens. Passado tempo e também da morte de Maria Augusta, deixou a outra pretendente para depois e firmou de casar Maria Benedita com Carlos Maria. Dona Fernanda gostava de ouvir a lamúria dos outros, era o completo oposto de Sofia. Maria Benedita ficava confusa, gostava de Carlos Maria, mas não sabia se compor e agir como uma casada, tal qual Fernanda afirmava que deveria gostar do marido, mas não mais do que Deus.

Capítulo 119

Dona Fernanda prometia que ter um marido era melhor que qualquer sonho, apesar deles poderem ser maus e custarem a irem embora. O marido de Dona Fernanda, Teófilo, reclamou. do discurso dele dito e passado ao jornal. Dona Fernanda tentava consolar o marido, até esqueceu e não percebeu Maria Benedita ali. Dona Fernanda conseguiu acalmar o marido que “ao almoço, já ele sorria”.

Capítulo 120

“No Domingo seguinte, D. Fernanda foi à igreja de Santo Antônio dos Pobres.”. Viu o primo, Carlos Maria e se surpreendeu dele ali, Teófilo, por exemplo, mal passava ali. Falou que saindo dali podiam almoçar, mesmo sem convite, só precisavam decidir na casa de quem. Dona Fernanda tinha notícias a Carlos Maria, tinha alguém para casar, mas não contava que era Maria Benedita, era uma mulher que ia sofrendo e se acostumando a ficar solteira. Carlos Maria se aborrecia com tanto misticismo da mulher que a adorava. Fernanda até trocava de assunto, falava da casa, dos filhos. Até que Dona Fernanda disse o nome de Maria Benedita. Começou a ir ver mais vezes a menina que não confessava em palavras mas tinha o rosto e os modos de vergonha com ele. Assim foi que descobriu, tempos antes ainda dizia coisas doces à Sofia, agora descobriu que tinha uma pretendente.

Capítulo 121

Rubião ficou contente que Carlos Maria estava para casar. Ainda pensou nas lágrimas de Sofia quando confessou o mal-entendido. Ele sentia que Sofia queria ser entendida e que a lágrima era um arrependimento da alma.

Capítulo 122

Rubião ficou contente demais que Carlos Maria estava para casar. Casaram dentro de três semanas que Rubião ouviu a notícia. Carlos Maria ficou feliz com o evento, mais o evento do que a mulher. Estava acostumado com “olhos admirativos”, mas tinha outro aspecto esse dia. Até os arredores eram diferentes, os comentários. Porém, Carlos Maria ainda era um admirador de ruínas. Via os contrastes de casas desbotando com as novas borboletas. Mas já via Maria Benedita grata a ele, ajoelhada, suplicando e devota.

Capítulo 123

Mas Maria Benedita pensava o mesmo, com a mesma atitude.

Capítulo 124

“Casaram-se; três meses depois foram para a Europa.”. Dona Fernanda estava muito feliz. Cantou uma música italiana de como era bom ser feliz vendo a aurora.

Capítulo 125

Sofia não foi para a Europa e mandou o marido, estava doente. Porém, sentia vergonha, o sentimento que a deixou doente. Não embarcou pois ficou lembrando de como Rubião disse que a faria Imperatriz. Pensou se era um pretexto de amante, mas achou ser essa intenção “demasiado vaidosa”. Viu que todos os homens passavam, até Carlos Maria passou, mas Rubião ficava. Leu no romance que alguém merecia ser amado. Fechou os olhos e ficou pensando. A escrava, achando que ela dormia, deixou o caldo e saiu nas pontas do pé.

Capítulo 126

No cais, Palha e Rubião ficavam calados. Palha disse que precisava “dizer-lhe uma cousa importante.”.

Capítulo 127

Rubião estava sonhando enquanto via o paquete – grande embarcação que transporta mercadorias. Ficou pensando no que via na frente, de pessoas, nacionalidades, olhou para o distante e pensou na vastidão do mar e no que poderia até existir na imaginação. Acordou com a fala de Palha.

Capítulo 128

Foram almoçar para que Palha contasse a coisa importante a Rubião. Ele queria liquidar os negócios para ser diretor em um novo banco. Rubião achou que era para o ano que vem, mas ele queria no mesmo ano, até disse que a coisa era certa, precisava fazer tudo logo, ainda que Rubião não entendesse a pressa, e que o Camacho já tinha garantido o lugar para Rubião. Até perguntou se essa liquidação era para separá-los como amigos, Palha disse que não, até perguntou como que poderiam ser amigos se os negócios não estivessem a parte. Só que Palha só pagava o que tinha emprestado, não o que devia. Ainda tentou entregar a Rubião o dinheiro, mas Rubião não aceitava. Palha ria e gostava da cena. Ler página 69

Capítulo 129

Não havia banco, Palha queria toda a grana, inventou a história para ser o único em lucro. Palha tinha um bom dinheiro, tinha capital em bons lugares, precisava crescer com essas jogadas. “Vagamente pensava em baronia.”.

Capítulo 130

O Major se lamentava que Palha não os convidava para mais nada. Dona Tonica pediu que o pai não falasse assim. Moravam em outra casa, agora um sobradinho. Rubião dizia que era confusão e não havia nada de especial. Desde a comissão de Alagoas que o Major Siqueira percebia a mudança de comportamento agora que ficava cada vez mais rico e o Major ficava cada vez mais pobre. Dona Tonica ainda tentou defender que quiseram saber do estado de doença dela tempos atrás com um moleque, coisa que nem mandaram para que fossem convidados ao aniversário. Até chorou o Major, a filha por ver o pai chorando.

Capítulo 131

Rubião parou de defender os Palhas na frente do Major. Major até pediu que fosse jantar, mas que avisasse antes, pois era “jantar de pobre”. Rubião disse que viria quando pudesse e Dona Tonica o viu indo embora pela janela.

Capítulo 132

Dona Tonica foi ler Saint-Clair das Ilhas, o qual já tinha decorado. Dona Tonica pediu para que comprasse comida enlatada para ter um jantar quando ele aparecesse. O Major só tinha dinheiro para o vestido da filha. Falou que deixavam para o próximo mês, falando que haveria chance e tempo.

Capítulo 133

O narrador tinha coisa para contar, mas os capítulos se atropelaram. As relações de Rubião aumentaram por ajuda de Camacho. Era famoso pela barba e bigode, peito largo, sobrecasaca justa e uma bengala de unicórnio, “um ricaço de Minas.”. Até a história de ser discípulo de filósofo adicionaram, era uma lenda, apesar de nunca falar de filosofia. Tinha até discípulos, que ouviam as palestras e até se acostumaram a dar ordens aos criados. Até emprestou dinheiro aos novos discípulos, que não recebia de volta. Quincas Borba era adorado por todos. Apesar de Rubião não gostar da primeira vez, Quincas Borba comia as migalhas que iam no colo dos discípulos. Explicou como dentro do cão vivia o maior homem de todos os tempos. Tentando conciliar sua vida com os discípulos, mandou que o jantar fosse servido às 6 horas, ele ali ou não. Alguns até tentavam disfarçar, mas a maioria seguiu as ordens do aprendiz de filósofo.

Capítulo 134

Os discípulos aproveitavam a ausência para fumar os charutos que ali estavam. Os discípulos iam desde os acostumados aos móveis para os que se deleitavam com os charutos. Dois bustos estavam ali, o de Napoleão primeiro e Napoleão terceiro. O criado espanhol achava tudo bobo.

Capítulo 135

Rubião tinha livros e diplomas a ele. Era sócio de congregações e colocava seu dinheiro em tudo. “Assinava jornais sem os ler.”.

Capítulo 136

O cobrador do jornal do Governo foi mandado ao diabo pelo Rubião, que o pagou mesmo assim. Ficou intrigado como tinha gente que adorava e não pagava pelo jornal.

Capítulo 137

Se o dinheiro saiu, a imaginação vinha para Rubião. Se antes ficava entediado esperando outros, agora tinha muito o que fazer. Comprou uma tetéia de bronze para a filha do Camacho, ela ia fazer aniversário.

Capítulo 138

Sofia ia bem. Ganhou até apelido de “o anjo da consolação” no jornal Atalaia. Ficava lisonjeada, mas não a alegrava. Na outra edição, as outras mulheres foram elogiadas. Palha exagerava nas novas relações e Sofia o censurava. Sofia ia removendo as amizades antigas. Os trinta anos chegaram. Nem via mais se os homens a verificavam.

Capítulo 139

Foi ver a Sofia, desejou defender o Major mas ela interrompia sempre. Até disse de ir passear, mesmo que Palha não fosse. Sofia, mesmo com Rubião já fazendo planos, negou. Mas Sofia tinha vontade, só que usava Palha como desculpa. Até imaginou eles andando a cavalo.

Capítulo 140

Não era um cavalo, era corcel, encaixa melhor na situação.

Capítulo 141

Rubião insistia, Sofia também, por motivos e coisas diferentes. Ela até disse para irem hoje, mas Rubião tinha visitas. Ficou para depois. Rubião foi embora. Sofia pensou que ele era um homem aborrecido. Ela começou a ver algumas rosas, que eram duas. Há uma comparação de que as rosas mostram bem o passar do tempo e de como a ira consome tudo. A rosa é símbolo de amor e desejo. Como as rosas podem ser eternas? Depende do jardineiro. Há um conflito de Sofia entre amá-lo fora do matrimônio e desprezá-lo. Sentia-se má e injusta.

Capítulo 142

Sofia perguntou o mesmo para outras plantas, “e não lhe disseram cousa diferente”. Até pensou que a frase “pensar com os seus botões” fazia sentido. Ler página 74

Capítulo 143

Foram passear, Sofia caiu do cavalo. Otelo até diria que era uma bela guerreira, Rubião limitou-se a dizer no começo que parecia um anjo.

Capítulo 144

O joelho de Sofia machucou. Ficou preocupada se ficou despida, Palha jurou que não. Palha apreciava o corpo da mulher e Sofia ficava nervosa de Rubião ter visto algo. Palha disse que não e perguntou se ele repetiu o episódio de Santa Teresa. Sofia disse que não. Pediu para jurar, ele jurou por Deus e o que era mais sagrado a ele, por ela mesma. Ficou feliz com a mulher que era dele, e até queria que Rubião tivesse visto o começo da perna da esposa.

Capítulo 145

Rubião, no dia seguinte do passeio, decidiu se barbear em casa. Lucien, um oficial francês, foi cedo a pedido de Rubião. O aprendiz de filósofo estava contente.

Capítulo 146

Quincas Borba cão não gostava do francês, mas Rubião o repeliu, o cão obedeceu. O francês lamentava a barba que ia retirar, testemunhou que aquilo era para agradar mulher. Rubião concordou. Queria o rosto como de Napoleão III. Apesar de até haver um busto de referência, o francês teimava em continuar ou atender os pedidos de Rubião. Finalmente atendeu às demandas e ficou sério. Depois de tanto serviço, Rubião achou que estava parecido. Os bigodes não eram muito compridos, o francês disse como deixar parecido. Deu vinte mil-réis, 500 reais, pelo serviço, apesar do francês afirmar que não tinha troco.

Capítulo 147

Rubião ficou numa poltrona, pensando em ideias de ministros e embaixadores. Imaginou-se indo à lua.

Capítulo 148

“Quando desceu da lua” ouviu o cão. Até pensou que a cara nova era muito diferente, mas era boa, aprovada pelos discípulos. Camacho gostou e aconselhou que mantivesse o rosto. Rubião ouvia e concordava. Parecia agora que nem era um imperador e o aprendiz de filósofo, mas era só imperador.

Capítulo 149

Sofia achou curiosa a transformação, Rubião perguntou do joelho, ela estava melhor. Ela achou que a mudança seria por conta dela, Rubião pensou que estava melhor, o que ela acreditava. A luva dela caiu no chão, foram os dois pegar e bateram um o nariz do outro. Riram-se. Rubião foi já que o carro chegou.

Capítulo 150

Rubião ajudou Sofia a entrar no carro, mas ele pulou para ir com ela.

Capítulo 151

Mal conseguiu pedir que parasse. Ela tinha medo do escândalo e não pediu para parar o carro. Sofia tinha medo que vissem os dois juntos e ele propôs abaixar as cortinas. Apesar de ser um cenário parecido com o de Santa Teresa, ali ela não podia fugir e estava enclausurada. Entretanto, Rubião “não dizia nada.”.

Capítulo 152

Sofia estava encolhida, talvez de medo, mas “principalmente repugnância.”. Ela até pensou onde estavam os sonhos bons antigamente com ele, mas ali tudo desapareceu. Tentou pedir que ele saísse ou ela saía, até tentou ajoelhar para pedir, ele a parou antes de completar o movimento. Pediu pela mãe dele, que ele disse que era uma santa. Ele disse que não saía, que até obedeceu as cortinas porque ficava aborrecida. Iam como um casal cansado. Ele não pedia nada de volta. “Era um inexplicável, um monstro.”.

Capítulo 153

Rubião falou, dizia que jamais um homem esquecia o primeiro amor correspondido. Dizia até que os dois pareciam naturalmente casados. Sofia temia que alguém o ouvisse. Ele lembrou da primeira vez que se viram e como ele a acalmou. Até disse que beijou a soleira da porta e teve que parar para não beijar os degraus. Sofia o chamou pelo nome, mas ele era Luís Napoleão, para ela, “Luís. Sou o teu Luís”. Sofia planejava como tirá-lo daí, o destino final era o armazém do Palha. Ele dizia que até o vento era indigno de tocá-la e que temia que Palha zangasse-se com ela. Mas não queria que ela se sentisse mal, podia castigá-lo e não o fazia. Deu o solitário a ela, ainda que não o quisesse. Ainda ia dar outro melhor, queria que pensasse no título de duquesa para ter. Antes que chegassem, Rubião pediu que o carro parasse.

Capítulo 154

Rubião saiu do carro mas voltava à normalidade, conversava, tirava dúvidas e entrava nas lojas. Sofia mergulhava no devaneio.

Capítulo 155

“Espalhou-se a nova mania de Rubião.”. Alguns testavam e outros encaminhavam conversas de negócios da França para ele. Rubião caia ao abismo.

Capítulo 156

A guerra franco-prussiana chegou e abalou ainda mais os devaneios de Rubião. Lia as notícias, contava os mortos e sempre achava uma vitória. Os discípulos e amigos não desconversavam e iam no devaneio. Cada um tinha uma patente militar. Mesmo que ele ordenasse ataques, já os via cumpridos na mente, com eles fazendo algo ou não. A casa ia desbotando-se, a prataria ia se perdendo, mas a linguagem parecia a mesma de Quincas Borba ainda em Barbacena.

Capítulo 157

Sofia tinha compaixão, pois sentia-se culpada pela doença em ser a loucura dele. Tinha compaixão pois ele o amou até a loucura.

Capítulo 158

Dona Fernanda até perguntou o motivo de não o tratarem, Palha disse que não era grave, pois não fazia nada de mais, “era rico, mas gastador.”. Teófilo pensava ser bom tratá-lo. Dona Fernanda tinha uma carta de Maria Benedita. Era uma carta de quem viaja para um lugar novo, nada de mais, exceto o post scriptum que dizia que estava grávida. Ela tinha uma dualidade, tinha um excesso de compaixão e informações em excesso de Carlos Maria. Soube se recompor e disse que estava feliz.

Capítulo 159

A manhã era de sol, apesar de Sofia sentir que chovia pelo espírito da alma, quando acordou, começou a chover. Estava com espírito de defunto pensando da carta que recebeu e das memórias de Carlos Maria. Pensava em como ele a movia e também do caco que era Maria Benedita para transformá-la em pessoa da cidade. Até pensou em como Dona Fernanda entregou a carta e como o deputado Teófilo elogiou o vestido de Sofia, que era cor de palha, o marido dela ficou cheio de vaidade, era um vestido que mostrava muito do corpo, e olhá-lo era olhar Sofia por inteiro, coisa que Teófilo o fez. Ficou remoendo, adicionando e multiplicando pensamentos.

Capítulo 160

“A chuva cessou um pouco”. Sofia até tentou sacudir os pensamentos e sair. Há uma comparação com Diógenes, filósofo grego do cinismo. Até pensou em amar de volta os bilhetes dos namorados. Porém, a chuva voltou espessa.

Capítulo 161

Sofia ficou em casa lendo, leu um livro de Feuillet, “Na Revista dos Dous Mundos”. Enquanto lia, sonhou que recebia as palavras de ternura de Rubião e Carlos Maria, mas aceitava com prazer. Acordou assustada com o sonho que acabava com um beijo de sangue na mão. Palha viu tudo sem ligar, pensava em negócios. Sofia temeu ter chamado o nome de alguém enquanto dormia. Ela até disse que sonhou que matavam Palha. Ele gostou da ideia, queria até mais sonhos que o matassem para vê-la com ternura, gritando agoniada.

Capítulo 162

“No dia seguinte, o sol apareceu claro e quente, o céu límpido, e o ar fresco.”. Sofia passeou e fez visitas. Tanta gente boa e bonita fez tudo de ruim de desaparecer do dia anterior. Ler página 83

Capítulo 163

Todos os maus pensamentos voltaram para onde moravam. O remorso existe sempre em algum nível, mas ali estava aceitável.

Capítulo 164

“Um só incidente afligiu Sofia naquele dia puro e brilhante”, ela viu Rubião. Fingiu não o ter visto enquanto comprava um livro e fugiu para a rua. Dias depois, até viu Rubião na casa de Dona Fernanda, apertaram mãos e ele foi embora. Sofia perguntou se ia lá com frequência, ela disse que foi umas 5 vezes, sendo que apenas a segunda vez ele veio delirando. Ele podia até sarar, mas tinha olhos distantes, Dona Fernanda pediu que Palha fizesse uma intervenção. Sofia disse que apressaria o marido, até pensou que Rubião tivesse dito algo de Sofia, mas o delírio por si só explicaria tudo. Até perguntou como que Dona Fernanda não tomasse conta do assunto, ela disse que era muito trabalho e já tinha, até pensou em como seria no futuro se tivesse que tomar conta dele. Sofia impressionou-se com a generosidade de Dona Fernanda.

Capítulo 165

Palha alugou uma casa na Rua do Príncipe e meteu Rubião e Quincas Borba cão lá. Os discípulos e amigos de Rubião entenderam a mudança e continuaram a visitar a casa antiga do aprendiz de filósofo, estavam muito acostumados. Palha avisou que ele precisava de descanso. Até ouviu quem diria que tinha de ser feito antes o exílio. Outros acompanharam a ideia. Mas mal podiam se separar, estavam acostumados com a convivência e nem poderiam pensar em se separar.

Capítulo 166

Rubião notou o sumiço, chegou a convidá-los, ninguém veio. Pensou até se “fizera algum mal”, mas não achou nada.

Capítulo 167

Doutor Falcão disse que até podia ficar bom, Dona Fernanda tinha esperanças. Ele achou que era menos da família do que era de Sofia. O Doutor Falcão disse que a fez duquesa “por não poder nomeá-la imperatriz”, achou até que se amaram. Dona Fernanda achou tudo muito sem fundamento, ainda que o Falcão achasse que poderia se arranjar tal situação facilmente. Falcão até achou que Rubião poderia amar Dona Fernanda, já que era uma mulher tão prestativa.

Capítulo 168

Doutor Falcão pensou nisso a noite inteira, há uma comparação de Hamlet. Não contou a mais ninguém suas suspeitas.

Capítulo 169

Carlos Maria e Maria Benedita voltaram, Dona Fernanda podia focar em outra coisa que não fosse Rubião. Dona Fernanda estava feliz demais, quis saber de tudo, ainda mais se Carlos Maria a amava e se ela era feliz com o casamento. Carlos Maria ouvia as confissões da amada, mas tinha opiniões singulares. Não gostava do afeto como demonstração pública, o bebê não era para ser festa, não entendia como Maria Benedita poderia ser outra coisa que não feliz no casamento. Queria estar só. Maria Benedita estava entediada com o relacionamento, Carlos Maria cedia, mas ela só ficava com incômodos. Só lembrava das palavras de Maria Nazaré que fazia a vontade do senhor.

Capítulo 170

Quando ficaram sozinhos, Maria Benedita achou que Carlos Maria estava aborrecido. Ele recusava, ela repetia, ele sorriu um sorriso debochado, que ela detestava. Maria Benedita repetia os gestos e conversa, achou até ter sido excessiva – o que sabia que era. Viu isso do costume da felicidade expansiva quando na colônia brasileira em Paris. Ela prometeu ser menos tagarela, Carlos Maria a perdoou pois ela tinha pedido isso, diz que até mesmo o feto tinha ficado feliz.

Capítulo 171

Rubião gritou que era assim que queria ver o casal, Maria Benedita até se afastou de Carlos Maria. Carlos Maria não fez muita comoção, Rubião foi sentando sem ser convidado, falavam da queda do Ministério de Rubião, disse que iria falar com Palha. Disse que queria Carlos Maria nele e de outros colegas. Maria Benedita se retirou. Carlos até estendeu a mão para se despedir de Rubião, voltou a pedir que fizesse parte do ministério. Saiu da casa, mas ficava fazendo pausas e demorava, dizia fatos da guerra. Maria Benedita olhava de longe, quando foi para a rua, ficou rindo de como gesticulava. “Carlos Maria, porém, olhava plácido.”.

Capítulo 172

Maria Benedita relembrou Carlos que, se o ministério caiu, Teófilo era o ministro. Ainda viram Rubião parado na rua, esperando carro ou outra coisa.

Capítulo 173

Carlos Maria exclamou ao pensar no primo ministro, perguntou se Maria Benedita gostaria de vê-lo ministro. Pensou que ele seria um bom ministro. Carlos pensou que ela gostaria dele se fosse qualquer posição, até pensou que ela poderia ser rainha e ele imperador. Carlos Maria voltava a ler, Maria Benedita ficava calada, alisando o cabelo, saiu dali e deixou-o lendo.

Capítulo 174

“Rubião foi à casa de Dona Fernanda”, mas ele não podia entrar. Esperavam o médico, segundo o criado. Rubião não teimou e saiu. Havia uma comoção pois a mulher falou que ela precisava do médico, mas quem estava abatido era Teófilo. Uma criada fofoqueira ouviu a ama chorando e se lastimando. Ela pedia que ele sossegasse, viviam bem, não havia motivo para pegar mais trabalho. Ele estava em choque por não fazer parte de nenhuma pasta, ainda que fosse ativo na política.

Capítulo 175

Fernanda chamava-o para jantar, ele levantou-se com raiva e dizendo palavras raivosas. Ele ficava mais incomodado com a gente que ali estava do que não ter recebido nenhuma nomeação. Queria até dizer ao Imperador sobre toda a canalhice. Até foi ao gabinete, tentava achar algo para escrever enquanto terminava uma ideia que parou no meio. Ele estava decepcionado pelo trabalho meticuloso que fazia, de guardar jornais, arquivar informações e da organização. A mulher tentava consolá-lo, pedia até para passar um ano em Varsóvia, pedia pelos filhos e para que passeasse, porém a política era tudo para Teófilo, sair dela era “sair da própria pele.”. Gostou da ideia e agradeceu a mulher. No jantar, um dos filhos mais velhos disse que queria ser ministro, o pai disse para ser qualquer outra coisa.

Capítulo 176

Teófilo recebeu uma carta no outro dia da Ordenança. Achou até que podia ser um cargo, mas não era, era uma chamada de última hora, pensou que era conferência.

Capítulo 177

Era um pedido de assumir uma presidência, iriam viajar, a pedido do marquês. Até perguntou a Fernanda se teria como recusar, ela concordou com Teófilo que não tinha como.

Capítulo 178

Despediu-se dos pertences do gabinete na casa, iriam ficar separados por quatro meses. Ela prometeu que deixaria os livros limpos.

Capítulo 179

Rubião ficou sabendo de nada. Vivia com o cão e o criado, trabalhava mal e gostava do título de marquês. Rubião tinha poucas crises, ainda que tentasse se segurar em lembranças e vistas de amigos que ainda mantinha, como Camacho e o Major. Foi visitar Camacho, até tentou falar de política, o amigo lhe recebeu quieto, ele foi embora como se entendesse os pormenores, falou que voltaria quando estivesse menos atarefado, pensou que teria lhe machucado.

Capítulo 180

Encontrou o Major, ele mudou de casa e Rubião achou-o na rua, acompanhou-o até a nova casa. Tinha boas notícias, Dona Tonica os recebeu com um novo vestido e ia casar. Era um homem de meia-idade que a visitava na janela, chamado Rodrigues, “cabelo curto, raro, olhando espantado para a agente, cara chupada, pescoço fino e paletó abotoado.”. Tinha filho prestes a morrer de tuberculose, era empregado no Ministério da Guerra, viúvo. Sonhava em ter filhos e pedia a Nossa Senhora, o chamaria de Álvaro.

Capítulo 181

Casariam em cinco semanas, não era capitalista mas Rodrigues ganhava dinheiro. Major ficava feliz de se livrar do trambolho que chamava de filha, mas Dona Tonica estava tão feliz que não ligava para a vexação. Rubião disse que o pai teria saudades. Major até pensou que poderia casar. Rubião começou a surtar. Major e Tonica tentavam convencê-lo a sair de casa, mas ele delirava com um carro que não viria. Rodrigues apareceu para visitar a casa, Major tentou convencer que havia um carro na praça, coisa que o Rodrigues viu pela piscadela que deveria seguir com a mentira. Cumprimentou o novo noivo, iria dar presentes, até tentou olhar para trás para ver Dona Tonica que nem na janela estava, pois estava com o noivo.

Capítulo 182

Rubião foi só andando, chegou até o paço imperial, falava com uma imperatriz, que não se sabia se era Sofia ou Eugênia. Crianças corriam em volta dele chamando de “gira”, de maluco. Uma das crianças, Deolindo, foi chamado pela mãe. Rubião entendia tudo como uma aclamação e agradeceu. A criança foi, mas não antes de gritar para Rubião pela última vez.

Capítulo 183

O filho era uma peste, mas o marido achou estranho que a mulher não reconheceu quem salvou a vida do filho. A mulher ficou pálida, não tinha certeza, o homem falou que o era, mas não o tinha visto desse estado. Amaldiçoou as crianças e a falta de polícia. Queria trazê-lo para casa, mas teve medo de ser vaiado pelas crianças. Virou o rosto para não ser reconhecido por Rubião. A mãe teve medo do filho endoidecer por castigo divino. Ler página 94

Capítulo 184

Rubião foi até a casa de Dona Fernanda, os vadios já tinham ido embora, ele ainda andava como imperador. As pessoas comparavam como ele andava em um palacete fantasmagórico, ainda que a casa real deles fosse pior, era real.

Capítulo 185

“Rubião foi recolhido a uma casa de saúde.”. Palha não cumpriu o que Sofia pediu e Sofia nem se quer lembrava da promessa. Cuidavam de outra casa no Botafogo. Palha e Falcão o acompanharam para a casa, Rubião até pediu que fossem sábado para uma revista militar, eles falaram que iriam, Rubião enviaria um carro novo, um que jamais foi tocado para Sofia poder sentar.

Capítulo 186

Falcão achava que realmente Sofia e Rubião foram amantes.

Capítulo 187

O Quincas Borba cão não foi, teve que ser segurado, tal qual em Barbacena. Dona Fernanda, pedindo o consentimento do diretor, pôde levar o cão. Iria escrever para Sofia mas foi ela mesma até lá.

Capítulo 188

Sofia falava de como Rubião foi rico, enquanto andavam pela casa dele, mas como estragou tudo. Tinha nojo da imundice, o criado se quer se incomodou com as visitas. Tentaram abrir as janelas, procuravam o que podia ser sentimental, além de procurarem o cão. Estava no quarto, magro, abatido. Ele foi até Dona Fernanda, que mal sabia o nome dele. Ela o acariciou, ele comia mal e chorava muito, sentia falta do dono. Sofia até disse que estava se enchendo de pulgas, Dona Fernanda se conectava nos olhos da simpatia do animal e não escutou-a.

Capítulo 189

“Saíram. Sofia, antes de pôr o pé na rua, olhou para um e outro lado, espreitando se vinha alguém”. Foi voltando aos poucos na delicadeza que tinha. Falou a Dona Fernanda da loucura de Rubião. Até a convidou para ver o palacete.

Capítulo 190

A filha de Maria Benedita nasceu. Ela esqueceu momentaneamente do louco para acudir a mulher tão boa de Carlos Maria.

Capítulo 191

A ideia é que ficasse bom entre seis a oito meses segundo o diretor. Dona Fernanda até convidou Sofia a ver o doente, podia fazer bem. Palha contou os bens finais de Rubião, eram três contos e duzentos, 80 mil.

Capítulo 192

O tempo passaria logo, dizia Dona Fernanda. Sofia dizia que até poderia vê-lo, mas não tinha ânimo de vê-lo assim. Nesse meio tempo, também, Teófilo voltou, caiu o ministério, o marido de Dona Tonica morreu três dias antes de casar, Camacho escrevia sobre a lei dos ingênuos e a casa nova foi inaugurada de Palha e Sofia. Sofia estava irradiante e usava jóias, algumas presentes de Rubião. Todas admiravam a “trintona fresca e robusta”, mas alguns falavam com pena da virtude conjugal de amar demais o marido.

Capítulo 193

Dona Fernanda levou ao marido uma carta, ele trabalhava já cedo, ainda que ontem fosse o dia que inauguraram a casa de Palha e Sofia. O diretor da casa de saúde anunciou que Rubião sumiu da casa faziam 3 dias. Ele melhorava e o sumiço o assustou. Apesar de não ter interesse em Rubião, gostava de mandar cartas para pessoas de alto escalão, por isso atendeu o pedido da mulher de pedirem para achá-lo.

Capítulo 194

Rubião e Quincas Borba cão haviam ido para Barbacena. Rubião encontrou-se com Palha, disse que estava bom mas queria pagar quem lhe tinha servido bem, pediu cem-mil réis de Palha, 2500, que o deu de bom grado e sem hesitar. Palha falou que falaria com o diretor. O diretor disse que precisava de meses, não apenas dias.

Capítulo 195

Quando chegou, bradou o lema de Quincas Borba filósofo, mesmo que tenha esquecido da alegoria toda. Foi até a igreja, havia ninguém para recepcioná-lo. As memórias vinham de tudo, mas ninguém vinha. Pensou que não soubessem que chegou.

Capítulo 196

Começou a chover fortemente. Andavam sem rumo e esperança de pouso. Pensou em parar na farmácia mas apenas continuou.

Capítulo 197

Rubião pensava nos banquetes em vez de ter forme, recurso que faltava a Quincas Borba cão. Quando Rubião parava, podia dormir e ignorar a fome, mas o dono continuava andando por aí sem rumo e sem motivo, ele apenas o seguia.

Capítulo 198

Exclamou de novo “ao vencedor, as batatas”, já fazia sol.

Capítulo 199

A comadre de Rubião encontrou os dois e os agasalhou, deu abrigo e almoço. “Rubião tinha febre. Comeu pouco e sem vontade.”. Ele tentou até explicar, mas a comadre entendia nada. Até tentou chamar a vizinha para ajudar a entender o homem sem juízo. As pessoas ouviam os boatos e viam de perto o doido. Aconselharam prendê-lo, não fazia bem ter doido por perto. O mesmo médico que tratou Quincas Borba filósofo tratou de Rubião, mas ele disse que era nada ao médico, apenas que capturaram o rei da Prússia, exigiam 5 bilhões de francos.

Capítulo 200

Rubião morreu dias depois. Não antes de ser coroado. Tomou força, o corpo cedeu, pediu que guardassem a coroa e mal conseguiu terminar o bordão, morreu. “A cara ficou séria, porque a morte é séria”.

Capítulo 201

Quincas Borba cão agoniou na morte, fugiu em busca do dono e morreu na rua. O narrador até pergunta se o nome do livro é do cão ou do filósofo. “Questão prenhe de questões”. Pediu para chorar quem quisesse ou risse. O Cruzeiro, que Sofia nunca mais olhou, está alto para que ninguém possa ver riso ou choro algum.

O livro passa em um tempo entre 3 anos e 5 anos. No primeiro, ele gastou 6.800 reais por dia, no segundo, 4.100 reais por dia. O Neymar ganha 1.17 milhões por dia. Elon Musk ganha 354 milhões por dia. Palha pensava em ser barão, ele precisaria dar 750 mil réis, 80 mil reais.

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FUVEST FUVEST 2024 Redação FUVEST Vestibulares 2023

Tema de Redação da FUVEST de 2023 – Educação Básica e Formação Profissional: Entre a Multitarefa e a Reflexão

O tema de redação da FUVEST do ano de 2023 foi “Educação Básica e Formação Profissional: Entre a Multitarefa e a Reflexão”. A FUVEST 2024 usou pela primeira vez o conectivo “entre” para um tema de redação.
Você pode conferir os textos motivadores no link ou a seguir:

Texto 1
A multitarefa não é uma capacidade para a qual só seria capaz o homem na sociedade trabalhista e de informação pós-moderna. Trata-se antes de um retrocesso. A multitarefa está amplamente disseminada entre os animais em estado selvagem. Trata-se de uma técnica de atenção, indispensável para sobreviver na vida selvagem. Um animal ocupado no exercício da mastigação de sua comida tem de ocupar-se ao mesmo tempo também com outras atividades. Deve cuidar para que, ao comer, ele próprio não acabe comido. Ao mesmo tempo tem de vigiar sua prole e manter o olho em seu(sua) parceiro(a). O animal
não pode mergulhar contemplativamente no que tem diante de si, pois tem de elaborar ao mesmo tempo o que tem atrás de si. Não apenas a multitarefa, mas também atividades como jogos de computador geram uma atenção ampla, mas rasa, que se assemelha à atenção de um animal selvagem.
(Byung-Chul Han, Sociedade do cansaço. Adaptado.)

Texto 2
Educar para o ócio significa ensinar a escolher um filme, uma peça de teatro, um livro. Ensinar como pode estar bem sozinho, consigo mesmo, significa também se habituar às atividades domésticas e à produção autônoma de muitas coisas que até o momento comprávamos prontas. Ensinar o prazer do convívio, da introspecção, do jogo e da beleza. Inculcar a alegria. A pedagogia do ócio também tem sua própria ética, sua estética, sua dinâmica e suas técnicas. E tudo isso deve ser ensinado. O ócio requer uma escolha atenta dos lugares justos: para se repousar, para se distrair e para se divertir. Portanto, é preciso ensinar aos jovens não só como se virar nos meandros do trabalho, mas também pelos meandros dos vários possíveis lazeres. Significa educar para a solidão e para o convívio, para a solidariedade e o voluntariado. Significa ensinar como evitar a alienação que pode ser
provocada pelo tempo livre, tão perigosa quanto a alienação derivada do trabalho. Há muito o que ensinar!
Domenico de Masi. O ócio criativo.

Texto 3
Analisar as diferenças entre a educação escolar indígena e a educação escolar convencional no Brasil foi o ponto de partida do trabalho feito pelos pesquisadores Aline Abbonizio, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), e Elie Ghanem, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP). “Dois fatos me impressionaram especialmente na comunidade em que pesquisei, além do grande valor atribuído à escola como fator de fortalecimento da língua e da cultura daquele povo, a acentuada integração entre as atividades escolares e as práticas comunitárias. Não há tempos rígidos, não há horários fixos nem se seguem disciplinas escolares. As atividades da escola obedecem a um ritmo sereno e envolvem tarefas de manutenção dos costumes, incluem tanto a roça quanto o artesanato ou a coleta de produtos da mata”, relata Ghanem.
(https://www4.fe.usp.br/pesquisa-da-feusp-analisa-diferencas-entre-educacao-indigena-e-convencional.
Adaptado
)

Texto 4

Momentos de ócio, 1901. Irving Ramsey Wiles.

Texto 5

Ciranda II, 2018. Ivan Cruz.

Texto 6

The Banjo Lesson, 1893. Henry Ossawa Tanner.

Texto 7


Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: Educação básica e formação profissional: entre a multitarefa e a reflexão.
Instruções:

  • A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.
  • Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível, e não ultrapasse a quantidade de linhas disponíveis na folha de redação.


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FUVEST FUVEST 2024 Vestibulares 2023

Lista de livros da FUVEST em 2023

A FUVEST já divulgou os livros de leitura obrigatória que serão usados na prova em 2023. A edição FUVEST 2024 conta com os seguintes livros:

ObraResumo da obra (aperte em cima da palavra “link” para ir até o resumo)
“Marília de Dirceu” de Tomás António GonzagaLink
“Quincas Borba” de Machado de AssisLink
“Angústia” de Graciliano Ramos
“Alguma Poesia” de Carlos Drummond de Andrade
“Mensagem” de Fernando Pessoa
“Nós Matamos o Cão Tinhoso!” de Luís Bernardo Honwana
“Campo Geral” de Guimarães Rosa
“Romanceiro de Inconfidência” de Cecília Meireles Link
“Dois Irmãos” de Milton Hatoum Link
Lista de livros da FUVEST 2024, que será aplicada em 2023. Fonte: site da FUVEST (link)

As obras que mudaram da edição anterior, 2023 (realizada no ano de 2022), são “Poemas Escolhidos” de Gregório de Matos, “Terra Sonâmbula” de Mia Couto e “Nove Noites” de Bernardo Carvalho, substituídas, respectivamente, por “Marília de Dirceu” de Tomás António Gonzaga, “Nós Matamos o Cão Tinhoso!” de Luís Bernardo Honwana e “Dois Irmãos” de Milton Hatoum.