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"Morangos Mofados" Caio Fernando Abreu UNICAMP 2025 UNICAMP 2026

“Morangos Mofados” de Caio Fernando Abreu – Resumo de Cada Conto

Livro de contos dividido em duas partes “O mofo” e “Os morangos”

O livro celebra John Lennon, Elis Regina, Henrique do Valle, Rômulo Coutinho de Azevedo e todos seus amigos mortos. Além de ser a Caetano Veloso, Maria Clara Jorge (Cacaia), Sonia Maria Barbosa (Sonia de Oxum Apará) e todos seus amigos vivos.

Quanto a escrever, mais vale um cachorro vivo. Clarice Lispector, A hora da estrela

Achava belo, a essa época, ouvir um poeta dizer que escrevia pela mesma razão por que uma árvore dá frutos. Só bem mais tarde viera a descobrir ser um embuste aquela afetação: que o homem, por força, distinguia-se das árvores, e tinha de saber a razão de seus frutos, cabendo-lhe escolher os que haveria de dar, além de investigar a quem se destinavam, nem sempre oferecendo-os maduros, e sim podres, e até envenenados. Osman Lins, Guerra sem testemunhas

Parte 1 – O Mofo

Conto 1 – Diálogo

O conto é para Luiz Arthur Nunes. O conto é uma conversa entre A e B. A clama que B é companheiro dele. B achava estranho e que havia algo por trás, apesar de A dizer que não. Mas sentia algo por trás do que dizia, não era o que falava, mas algo a mais. A achava que B não queria ser seu companheiro, B não falava que era isso, entretanto A queria que ele fosse seu companheiro. Só que não era assim, era um jeito diferente e o conto vai ad infinitum.

Conto 2 – Os sobreviventes

É sugerido ler ao som de Angela Roro e para Jane Araújo, a Magra.

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"As Meninas" FUVEST 2026 Lygia Fagundes Telles Resumo de Cada Capítulo

“As Meninas” de Lygia Fagundes Telles – Resumo de Cada Capítulo

Romance, ano de publicação 1973. “Para Paulo Emílio”.

Obra publicada durante o período da Ditadura Militar, supostamente o livro passou pela censura porque a obra deve ter sido vista pelo censor como algo bobo ou sem profundidade, ainda que tenha narrações explícitas dos crimes e das torturas cometidas na época.

A obra possui 12 capítulos e 4 narradores diferentes, as três protagonistas e um narrador em terceira pessoa. A narração de Lorena é marcada por conectar os temas das ideias que possui, uma atrás da outra, sem concluir ou retomar qualquer ideia, como se fugisse de um pensamento. Também tem as expressões “morrer de pena”, “se matar”, “já pensou?”, “p da vida” e “ai meu Pai”. Chama Lia de Lião ou pelo nome completo, Lia de Melo Schultz, e Ana Clara de Ana Turva ou Aninha. A narração de Lia é a mais organizada de todas, tenta sempre se distanciar dos desejos individuais e pensa em outros e no coletivo. Tem as expressões “não sei explicar”, “extraordinário”, “verboten”, “putz”. Chama as meninas pelo próprio nome que possuem ou até a Lorena de Lena e a Ana Clara de Ana ou Ana Turva. A narração de Ana Clara é a mais caótica, ela retoma ideias, mistura o que pensa, não termina frases. Ela varia entre estar sóbria e lembrar da infância traumática da mãe droga e dos amantes abusivos e estar drogada misturando as ideias, memórias, ilusões e metáforas. Também tem as expressões “Ah”, “Dureza”, “Pomba”, e é a que mais usa palavrões como “Desgraçado”, “Puta”. Chama Lorena de nhem-nhem.

Conceitos importantes: Alienação; Amadurecimento; Identidade. Recursos linguísticos importantes: Anáfora x Função Fática; Paragrafação e construção de orações; Estrangeirismos e referências

Capítulo 1

O narrador acordou, sentou na cama e deitou pois era cedo para banhar-se. Ficava pensando em coisa melhor do que tomar água de côco e fazer xixi no mar como dizia o tio da Lião, que era pensar o M. N., Marcus Nemesius, um ginecologista, diria quando caísse o último véu. Lembrava de Lião, Lia de Melo Schultz, e como escrevia, pensou na frase de que a cidade cheirava pêssego, pois era época. Dedicou a Guevara, era sobre uma reflexão da vida e a morte em latim. Ainda pensa na língua, de Guevara gostar e ela não, até quando pensava na morte em tempo livre, achava que a língua combinava. Combinava os pensamentos com M. N. e o cheiro de pêssego na cidade. Foi do pensamento do rosto peludo de M. N. paralisado de um lado, para a palavra “infinitamente” e de volta a pensar em pele de cobra que tocou. Pensava nos detalhes que Deus fazia e os pormenores do gozo com M. N., foi para Ana Clara que contava do delírio do namorado quando tirava os cílios postiços. “Em verdade vos digo que chegará o dia em que a nudez dos olhos será mais excitante do que a do sexo.”. Pensava até que a boca era mais excitante, mexendo-se desde fala até morder um pêssego, que queria escrever um livro entitulado “O Homem do Pêssego”. Um homem cheio de dureza e marcas de tal se deliciava ao passar a mão no pêssego maduro e essa cena tinha deixado a narradora maravilhada. Ele brincava de morder e não finalmente se deliciar com o pêssego e a narradora ficava na ponta do pé, engasgou com o leite que tomava quando ele finalmente se lambuzou com o suco do pêssego. Lorena Vaz Leme, o nome da narradora, não tinha vergonha. Queria ser santa, mas o Anjo Sedutor e ela toda não davam. Pensou em acender incenso, purificar-se, mas tinha sono tal qual o gato, Astronauta. Procurou por ele. Pensava como ele era preguiçoso mas astuto, bom e demônio. M. N. não o conhecia. Queria oferecer sangue a Jesus, mas podia oferecer apenas música, tinha horror a sangue e curtia Jimi Hendrix, mesmo que morreu de overdose. Levantou da cama, dançou um pouco e foi ao toca-discos. Procurava o disco de Jimi Hendrix. De pijama branco com flores amarelas e uma corrente de coração de ouro no pescoço, perguntou agora onde estava Rômulo. Deixou o disco ser tocado de leve.

Parte 2

Uma voz vinha do jardim chamando Lorena, Lorena Vaz Leme. Enquanto dançava quase a cair, Lia de Melo Schultz, Lião, a chamava que queria falar com ela. Lorena comentava da primavera, sem dar bola a Lia. Ela tentava segurar a meia acima da perna, mas o elástico já tinha se ido. Lorena até comentou ser melhor sandália, mas Lia precisava andar o dia todo. Lorena pensava na cafonice, pior mesmo era joanete, que devia ter vindo de uma Joana com pés deformados e deu origem aos joanetos. Lorena ofereceu suas meias, Lia rejeitou por serem suíças, queria francesas. Pensou que nem ia dar, era doideira usar meia para engrossar perna, mas ela ficava magra. Lorena terminou dizendo que estava apaixonada e se mataria se M. N. não a telefonasse.

Parte 3

A narradora muda para Lia, pensava na falta que Miguel fazia para ajudá-la. Lorena dizia de ouvir Jimi Hendrix e comer biscoito, mas Lia preferia sua música e seus biscoitos, detestava o colonialismo cultural de Lorena, a achava fresca. Lia continua a pedir pelo carro emprestado pela manhã. Tentava segurar as pontas como Miguel dizia, preferia ficar presa, como ele, mas aguentava Lorena e o jeito que mudava de foco, desde os biscoitos a acenar para Madre Alix com uma careta ao fim. Lorena perguntou se Lia tinha uma metralhadora na sacola, a faculdade continuava de greve. Irmã Bula brincava com o gato, atenta às duas meninas, Lorena imitava uma metralhadora. Perguntava como não sequestrariam M. N., desviando da pergunta do carro de Lia. Ela acendia um cigarro e preferia sofrer do que ver outros sofrerem, em especial Miguel preso. Tinha raiva, queria morrer, chorar. O povo estava longe, a burguesia fazia tudo sem medo. Intelectual era pior que tira, o crime acontecia. Tinha vontade de chorar, faltava lenço e até pediu a Lorena, que focava de novo em outra coisa do que o carro. Maurício, não estava ali, mas era torturado com um bastão elétrico. Miguel tinha dito que morreria se adiantasse algo, mas preocupavam-se mais com a cor de graxa de sapato a usar.

Parte 4

Lia pediu a caixa de lenço verde das ofertadas por Lorena. Lorena dá o lenço verde de Istambul, tão precioso, mas que tentou se conformar que era lenço para Lião que estava já impaciente. Percebeu a depressão existencial. Pensou se era Miguel preso ainda, pensou em todos os outros presos e a possibilidade dela também ser presa. Tinha medo mesmo do pensionato e quando via padre e freira por perto. Lião devolveria no dia seguinte, Lorena até disse para ficar e pegar outro e jogou o rosa. Pensou no lenço que não abriu que se conectou com o coração dela que não abria e borbulhava o sangue, tal qual o episódio com a espingarda com Remo que era tudo brincadeira e a mãe viu. Não quis mais pensar naquilo e queria sentir o sol. Lorena reclamou de como não ficava bronzeada para Lião e ela perguntou do velho, que era como chamava M. N., amado de Lorena. Ficava irritada de como o chamava de velho. Falava de comer caviar e Lorena notava como Lião mudou. Perguntou se foi para pior. Pensava em secreções, empadas com café e em tomar vinho com M. N. e comer lagosta, chamava de lagostim. Até chegou ao pensamento das crianças do Nordeste que passam fome e como precisava carregar esse povo nas costas. Pensou que Deus podia ter seus motivos. Lião dizia que devolvia amanhã o lenço, Lorena sabia que não, era mesquinha, sabia que não podia emprestar coisas pessoais. Irmã Bula chamava por Lia pela janela. Lião tem medo e Ana Clara posa de indiferente. Ela chega e pega vários lenços para se limpar depois do sexo, sem cerimônia e poesia. Pensava em como ela agia diferente, até de se masturbar, Lião achava tudo estranho e se impressionava com o tanto de mulheres que faziam nada, herança de Idade Média. Duas abelhas foram perto e Lorena afastou, pensando que M. N. podia aprender que para afastar bastava ser assim brando. Viu a abelha esfregando as patas e associou à memória de Lião estudando sobre masturbação. Teve a primeira experiência em uma aula de piano, enquanto tocava o banco a estimulava, tocou sem errar e a mãe a elogiou. A segunda vez foi em banho de banheira, o jato quente passou pelo corpo e passava o pensamento de Felipe e sua moto.

Parte 5

A narração muda para outra pessoa além de Lorena e Lia, a gata cheirava a sacola de couro de Lia, desconfiada. Lembrava de Lorena que conversava com Mieux para ter certeza de tudo. Falavam do banheiro a ser reformado, Mieux era motorista e tinha um caso com a copeira, era galanteador. Ele já imaginava como seria o quarto, enquanto contava para a mãe de Lorena, toda afobada. Como ele ia por trás e não o viam, Mieux passou a mão na bunda de Lorena.

Parte 6

A narração volta para Lorena, ouviu Lião chegar e aceitou a oferta de chá. Ela estava eufórica de uma chamada. A narração de Lorena é marcada pela interjeição “Ai meu Pai”, tinha dó de Lião, estourou de falta, sem dinheiro na metade do mês, namorante preso. Ela faz movimentos para desenvolver o busto, ela se acha a mais bonita e se mantinha como a modelo das três, mexeu na água e preparava o chá. Lião perguntou de baixar o volume da vitrola e já diminuiu tudo. Lorena vai para muitos pensamentos inacabados, tratando do prazer das pequenas coisas até a pensar de novo em M. N., ofereceu frutas, ficou lamentando-se de M. N. não ligar e iria se matar. Lião roía o biscoito, Lorena não entendia como ela, com bunda de baiana, vestisse roupas que não a dessem vantagem. Lorena pensava em qualquer outra coisa, especialmente sobre o corpo, do que os pedidos de Lião para pedir o carro, coisa que ela sempre era salva por Lorena – dinheiro. Zombou ainda das pernas, Lia tentava manter o foco de como e quando pedir o carro. Lorena até pensou no mundo infestado de máquinas, ainda mais em Era de Aquário. Lia poemas, falou de Tagore. Discutiam do amor que acabou, Lia dizia como tudo estava na Bíblia, achava nada novo os poemas. Lorena se encantava com os romances clássicos e Lia mal tem paciência para isso. Ela para a água de ferver do chá, como seu pai ensinou, deu o cinzeiro para Lia depositar a maçã e começou a brincadeira tão comum de entrevistar uma a outra. Fingiu que segurava um microfone e pediu a “sua opinião sobre alguns problemas importantes da nossa comunidade”. Descobre-se que Lia faz Ciências Sociais, trancou a matrícula e rodou de tanta falta. Ela escrevia um romance, mas rasgou tudo, Lia se surpreende, ainda mais que ela gostava tanto. Ofereceu uvas e Lia recusa. Fala da novidade de uma poetisa do Amazonas que ficaria no quarto de Lia, pensou que poderia ser índia, deu o chá para Lia que o mexia e a encarava, além de pedir mais açúcar. Começou a discussão de onde ela devia ficar, Lia apontou o quarto de Lorena que tinha até banheiro, comentou do hábito de índio tomar banho, falaram de deixar no quarto de Ana Clara, mas todo o uso de drogas que ela faz, ainda não mencionado, afetaria a naturalidade da índia, além de que ela logo sairia, pois estava combinada de casar com o industrial, que na verdade era traficante. A todo momento Ana Turva, apelido de Ana Clara, estava dopada, além de dever dinheiro a ponto de ir gente bater na porta do pensionato. Lia mal sabia do fato dele ser traficante, Lorena comentava até das picadas de agulha. Lorena sonhava nesse milagre do casamento e até emprestaria dinheiro, que ela dizia ao contrário para não afastar, superstição, e que precisava casar virgem. Lia ria que ela devia acreditar num milagre de verdade, não em casamento com gente rica, crença de cristão que ela achava graça. Lorena dá mais chá e ouve a voz de drogado do Jimi Hendrix, fica pensando, “voz turbilhonada de quem pede socorro mas não quer ser socorrido”. Comentam que ela estava melhor ontem e Madre Alix a ajudaria com uma análise. Lia achava loucura.

Parte 7

A narração volta para Lia. Ela recebe a xícara e contempla a riqueza dos objetos no quarto, pergunta da grana da família. Lorena fica séria, comenta como a agência de publicidade de Mieux deu em nada e gastaram muito com a loja de decoração e ainda gasta. Lorena já entendeu a conversa de que ela queria dinheiro e perguntou se precisava. Lia queria chá, via a amiga fazendo exercícios e afirmou que talvez precisasse para fazer umas operações na Ana Clara. Lorena teve pena, Lia achava isso revoltante, um sentimento de superioridade isso de morrer de pena de todo mundo. Viu a coleção de sinos de Lorena e perguntou como ia, o irmão de Lorena, Remo, ia trazer alguns da Tunísia. Ela sonhava com esse mundo que o irmão viajava e Lia lembrava da amiga alienada que pediu para ir a uma reunião da universidade. Assistiam filmes de vietcongue com sangue, os comentários eram poucos e cortados por olhares julgadores, são muitos filmes, bebiam uísque e comiam patê, além de debaterem o que poderiam ver depois. Uns pedem carona ao final, riem, mas são vigilantes e bem informados os intelectuais. Sabem quem foi preso e torturado, acham superior, sabem do estupro, tem gente que dá detalhe, há quem peça uma suavização do tom, para curtirem o encontro e não falarem daquilo. Contam também de quem sumiu e nunca mais voltou. Supostamente, mesmo que esse livro tenha sido publicado durante a Ditadura Militar, ele passou pois o censor achou a leitura chata e tabelou a obra como uma história longa sobre meninas. Lorena mostrava os sinos e falava da nacionalidade. Lia pensava no livro rasgado, podia aproveitar o que tinha escrito em outra coisa, como em um diário, “estilo simples, direto”, mas ninguém gostava do que escrevia, ponderava se as pessoas possuíam bom gosto ou sabiam o que era bom. Lia lembrou mais uma vez do carro, Lorena ameaçou se matar se ouvisse mais uma vez. Mencionou como devia pegar um sino para saber por onde ela andava e que todos deveriam fazer isso, como as cabras. Lorena queria dar um orixá para Lia, presente que foi da mãe. Dizia da separação dos dois, de como lamentam quando ficam sem notícia, do pai que resistia. Lorena falava do amado telefonar e se Lia iria jantar. Lorena nem ouviu e Lia só deu um afago na cabeça e foi embora. Aumentou o som da vitrola. Via a amiga indo embora e observava como ela parecia ter esquecido algo. Lorena disse para ficar tranquila com a história do carro, ela mesma tinha ganhado um e nem foi buscar o cheque, deixava uma chave para Lia pois não gostava de conduzir. Lia está distante, Lorena tenta fazer caretas, fazia muito melhor do que Remo e Rômulo. Pediu para estacionar na esquina e combinaram qual caixinha ficaria a chave. Lorena respeitava esse turbilhão de demônios de Lia e perguntava nada. Lorena perguntou de novo quem tinha o hímen complacente e Lia riu como a muito tempo Lorena não tinha visto. Lorena pensava em resolver os problemas, até da virgindade. Lia lembrou de pedir de volta o dinheiro de Ana Clara, mas Lorena pediu para chamar ao contrário, de “oriehnid”. As duas levantam o punho fechado, com a saudação antifascista. Ela foi andando embora, Lorena pergunta se ela tinha uma banana. Supôs que ela ia embora feliz, marchando como soldado em dia de desfile. Ler página 25

Sugestão de leitura extra – “Por que a Ditadura Militar não censurou ‘As Meninas’?” por Thais Morgado dos Santos e Rosa Maria Valente Fernandes – https://periodicos.unisantos.br/leopoldianum/article/view/689/562

Capítulo 2

Alguém chama pela Coelha, Ana Clara, Ana Clara Conceição, chamado pela Lorena de Ana Turva, se esforça para abrir os olhos, já que tinha uma orla negra vinda de um soco. Tentou disfarçar que tinha sono com um beijo e uma mordida em quem a chamava, Max. Ele estava preocupada que Ana Clara estava gelada, ela dizia que era que não estava brilhante. Ela dizia que o amava, mas ele não entendia como se ela não gostava de fazer sexo. Ana Clara dizia que estava travada, comentou que veria um analista, ele disse para comentar de como se contraía que nem ostra, coisa que ela odeia, e ele teve vontade de comer ostra com vinho branco. Max procurou por um baseado e entregou a Ana Clara, falando de como aquilo engrena, mas Ana Clara pensava em como nada engrenava e como sua cabeça era sua maior inimiga, só deixava ela triste, só o porre deixava ela em paz. Ana Clara disse que não poderia demorar muito, Max vai para a cozinha e a narração se mistura em terceira pessoa com a de Ana Clara pensando em como todos só queriam fazer amor com ela e a usavam como objeto. Ela mesma sabia que era bonita, tinha um metro e setenta, “uma beleza de modelo”, mas ela sentia nada, estava travada, na falta de uma palavra melhor. Ela mal sentia tesão pelo Max que amava, imagine com o anão que estava para casar, que a chamava de Escamoso. Dava a desculpa que era virgem, por isso era fria. Ele ria, como os outros, Ana Clara ia da mesa para a cama e vice-versa, queria era só dormir, sem ninguém a chamando para “fazer um amorzinho”. Queria que sua cabeça virasse uma abóbora, tal qual das histórias da mãe. Sempre ficava na falta de dinheiro, até porque também nunca cobrava dos outros o dinheiro que emprestava. Ela tenta lembrar do nome do dentista com a ajuda de Max, mas ela bloqueou e só lembrava pelo apelido, Doutor Algodãozinho. Olha para o copo, lembra do papo de Lorena sobre neve, mas mal existia neve por ali e ela achava lindo, achava ela uma enjoada. Comia o gelo e falava do dentista que trocava o algodão do buraco dos dentes por muito tempo sem fazer nada. Max disse que ela tinha bons dentes, julgou que ele trabalhava bem, mas ele negligenciava o trabalho, o algodão escondia o buraco abrindo para fazer uma ponte, tanto na mãe quanto na filha. Ele cantava e ela se esforçava para dormir para ir embora logo. Pensava nesse estereótipo de canção e em avós, tal qual na possibilidade de Madre Alix poder ter sido sua avó. Ela pergunta a Max se freira podia ser avó, mas ele estava ocupado escolhendo discos. Ela o achava lindo, inicialmente pelos dentes perfeitos, mas em janeiro ela se casava com vida nova, dava a desculpa que era sua vez de ser rica, a dele já foi. Ele faz uma analogia com uma hóstia do disco que escolheu e Ana Clara dizia que tinha ódio de Deus, mas ela tinha mesma era da música, tal qual mania da Lorena, “uns negros berrando o dia inteiro um berreiro desgraçado”. Tinha ódio de negro, ainda que o dentista fosse branco de olho azul, ele era sacana. Doutor Hachibe, aparentemente o terapeuta dela, contou que as pessoas expulsam os nomes para se protegerem, mas o apelido ficava. Adiantava nada, ela lembrava dos barulhos do dentista e adiantou nada bloquear o nome. Lembrava dela ser cliente assídua como uma outra negra. Lembrava da cera que ia sendo colocada no buraco e da única paz que teve quando seu nervo foi tapado e não fisgava mais. Lembrava dos cheiros, da cera com creolina queimando o dente, o cheiro de mijo, não de pipi que nem Lorena falava, o de cerveja choca da boca do Doutor Algodãozinho. Cheiro é um elemento muito importante na construção de mundo em literatura infantil, Ana Clara é visivelmente abalada com cheiros e pode ser que nunca se distanciou ou superou a infância. O cheiro de cerveja vinha pois ele tomava depois do jantar, horário dos clientes miseráveis. Queria machucá-lo, xingava-o. Max interrompia que queria ser abraçado pois tinha frio. Doutor Algodãozinho falou que os quatro dentes da frente estavam perdidos, Ana Clara chorava desconsolada e ele dizia que faria uma ponte e deixaria perfeito tal qual a mãe e como faria com Teo, que era desdentado. Sentia o frio da correntinha que beliscava a pele, não era chique ou de ouro, era escura e tinha mancha de sangue. A mão fria ia vindo, a boca quente repetindo a ponte, ela fechou a boca mas o nariz estava aberto, tendo as memórias, lembrava do cheiro de cimento da construção que só fazia barulho e deixava irritado Teo na casa, das flores da floricultura que trabalhou, e especialmente do suor, vômito, mijo e do Doutor Algodãozinho. A narração vai se misturando na confusão da ponta e de Doutor Algodãozinho apalpando ela, com tanta força que estourou um botão da blusa e logo ele foi depois para baixo, Ana Clara queria o botão de volta mas ela se confundia com a luz e fechava os olhos. A ponte ia levar ela para longe de tudo, dos homens baratas da construção, para um novo emprego, longe da mãe, ia fazer um curso noturno de manicure e um homem se apaixonaria por ela e se casaria. As unhas do dedo de barata do Doutor arrebentavam a calça e ia a cutucando, lembrava de tantas baratas na construção e como elas fugiam dos ataques. Lembrou-se e confundiu-se com o ataque do Doutor Algodãozinho em sua mãe, Ana Clara pegou uma barata e jogou na sopa para misturar, o amante da mãe ia quebrando móvel da casa e sua mãe só porque a janta não estava pronta. Os pensamentos se confundem entre ela chorando e gritando enquanto era apalpada, com a sopa ficando pronta depois do banho de barata, pensou que poderia se safar porque a sopa ficou pronta e a moça negra ouvia lá fora, o Doutor Algodãozinho tinha medo dela. Foi lá falar com ela que não tinha como atender, deu até uns remédios para suprir a dor, e ela ia ouvindo tudo, os comprimidos balançando, ela guardando na bolsa, dizendo que entendia a dor e a situação, o portão fechando e o sapato de borracha fazendo barulho. Ana Clara chorava pedindo uísque e Max a abraçou, os dois se uniam e o copo até caiu. Ela queria dinheiro acima de tudo, que se dane fazer amor ou superstição. Ela respondeu que tinha depressão. Ficava revoltada com os diferentes terapeutas e na hipocrisia que adultos choravam por infância, morte e depois abusavam dos outros, ainda mais sexualmente com ela. O casamento seria vida nova, ela falava alto, seria livre pelo dinheiro, não por ser como Lia, uma terrorista subdesenvolvida, destrancaria a matrícula e seria uma intelectual burguesa. “Liberdade é segurança”. Discutia em mente com Lia e si mesma sobre a vida melhor que seria. Sem ônibus, sem contrariar, quis saber as horas mas Max delirava em um relógio que tinha. Ela tentou esmurrar ele, ganhou uma mordida no pescoço e ela ria sem poder pedir que não, já que o Escamoso veria e perguntaria o que era. Ficava enraivecida quando ele esfregava na cara a família que tinha. Ela não tinha uma, morreram todos em um vôo internacional na Escócia, achava chique morrer para um monstro escocês. Tentou lembrar de um nome, “Até o Amargo Fim”, Max queria era comprar uma ilha. Continua pensando na possibilidade de uma família e do ano novo. Ela e Max não se entendem porque cada um fica em uma loucura, até dizem um ao outro que são lindos e se amam mas não respondem outras perguntas. Ana Clara lembra de outro terapeuta e diz como é feliz ali. Chamou Max de lindo como David, ele teve ciúmes, ela explicou a estátua de Michelangelo que Lorena contou sobre. Ele falava de viajar, ela falava que ele não era mais rico, ela contou da coleção de sinos em resposta dos postais de Max e ele disse que seu piu-piu era maior que o de David. Ana Clara pensava na sua vez de ser rica, em como Lorena e Lena emprestavam dinheiro para suas enrascadas, ia casar e ser virgem de novo. De novo Max escolhe música do berreiro. Já passa ela por agressões demais, quer carinho. Pensou na agressão do corpo, de ser violada, humilhada, gastaria dinheiro com bobeiras. Pensa no dinheiro, na vida nova enquanto Max vai a beijando. Ia pedir dinheiro para a operação de virgindade. Pensava na Lena, na Lorena que já foi rica. Ela sentia frio, se cobriram e ele pediu que se casassem. Ela perguntava das horas de novo, Max a comparava com a governanta. Ela reclama dos nhem-nhem-nhem de Lia e as ideias comunitas de Lorena e precisa explicar de novo as amigas para Max – Lia era a magrela cabeçuda, Lorena era a gorda bossa retirante. Max achava ruim ver tristeza, queria ver mais gente contente, pedia que ficasse mas ela achava estar grávida. Ele ficou inocente e pediu para terem, seria bom até que fossem gêmeos e misturava francês com a Mademoiselle da governanta que lembrava. Ela se sentia lúcida e achava ruim, ainda mais achava ruim que foi ficar pobre. Perguntava da irmã e Max não queria falar dela. Tentava ameaçar com gelo, mas Max só delirava da Mademoiselle e do japonês que cronometrava o tempo de natação, ela queria saber da irmã de qualquer forma. Ele deu de falar da mãe, Ana Clara queria saber mas ele só delirava entre falar com alguém que não estava lá e chorar. Agora lembrava de ver a casa derrubada, mas ficava mais triste da Jaboticabeira que estava no chão entre os destroços das paredes de seus quartos que deu espaço a um edifício. Queria ser rica, queria a infância de Max, ganhou uma massagem enquanto Max contava de um chinesinho. Queria conversa com Max, não tinha, ano que vem era vida nova.

Capítulo 3

Parte 1

A Lorena volta a ser narradora e pensa nas torturas, pensava que não era forte, era delicada e logo soltava tudo. Pensava no Bank of Boston, na Marinha e também em Rômulo e Remo, assim como Rômulo que tomou um tiro sem querer no peito enquanto brincavam com uma arma sem saber que estava carregada. Pensava na morte de Rômulo que se conectava com a ideia das plantas dorme-maria. Lembrava do Astronauta, o gato, pensa em Carlos Drummond de Andrade e em como as pessoas são sentidas pela presença e ausência, como um testemunho das pessoas desaparecidas durante a Ditadura Militar. Lembrou da mãe que a deixou para ficar no quarto de choffer e foi morar com Mieux que cada vez mais tirava seu dinheiro. Pensava em como tudo era preto lá fora, mas se alienava no seu mundo rosa e dourado. Lia comentava que precisava-se de peito de ferro para aguentar a cidade. Gostava do dinheiro que vinha no envelope, era Deus que a visitava e dia de comprar discos. Bastava sua alienação e pensava nas pupilas que dilatavam como quando Lia pegava as notícias do mundo. Ficava com a pupila cheia como o Astronauta com medo ou Ana Clara de tão drogada. Pensava no equilíbrio de Madre Alix no pensionato que dava medo. Pensava em como Lião se enraivecia com a música de Hendrix, falava que nem tinha Wagner, mas tinha leite. Foi comer uma maçã e pegou os livros do curso de Direito para estudar. Como quem já mal tem paciência para começar, pensou saber tudo e estaria pronta para uma prova no dia seguinte se a greve acabasse. Via o livro que Lia tinha o hábito de ficar rabiscando e marcando e viu um trecho marcado que dizia de obedecer a Pátria como se obedece Deus, precisava-se dar de todo e amar não importa como. Achava estranho, pois jurava que Lia achava que o povo era a Pátria e que ela não acreditasse em Deus. Enquanto abria as torneiras da banheira, lembrava de Lia chegando com as malas e “O Capital” escondido em saco de pão mal escondido. Era filha de alemão, Herr Paul, Seu Pô, ex-nazista, comerciante tranquilo, com baiana, Dona Dionísia. Supostamente o pai era desligado e quando viu o que era nazismo, arrancou a farda e veio marchando para Salvador, coisa de cinema. Herdou do pai a resiliência e da mãe o corpo. Lembrou de conhecer Lia, oferecer para tomar um banho de banheira e como ela via tudo da Lorena. Ela até preparou o banho, mas ela cochilou na poltrona. Pensava em que música Ana Clara e Lia podiam ser, ela era uma balada medieval. Tentava mostrar e dar o que as meninas não tinham, como a música, até pensava agora em descobrir o cinema. Lião ainda transbordou da água e se sentiu mal, erro de cálculo de Lorena. Ela emprestava o que dava para as meninas, oriehnid para Ana Clara, carro para Lia. Lia gostou do banho. Lorena precisava se misturar com a massa, ainda que tivesse medo. Falava do corpo de Ana Clara, era magrérrima, tinha peitos pobres, era mais pálida, dizia que estava apenas constatando, até porque fazia de tudo pela Ana Clara, dava oriehnid, apertava a mão nos abortos, sabia que ia ter problemas com ela na vida, mas emprestava desde o primeiro dia que a viu e já pegou a emprestar tudo, preferia até isso do que a Ana Clara moribunda de agora. Era cheia de dívidas, mas alteza, agora nem saía do quarto. Pensava se envelheceriam, pensava nela quase surda e virgem, Lião gorda energética de aventuras, Ana Clara mentirosa toda maquiada mentindo a idade. Sabia do amor, ouviu tantas histórias que sabia até mesmo os efeitos das drogas. Lembrava da cena de Ana Clara abortando e Lorena presente, aumentava o volume da música para fugir desse pensamento. Lorena tomava sol mesmo que não ganhasse bronzeado e ficasse vermelha ali com seu almoço de maçã, triângulo de queijo, bolacha de água e sal e cenoura. Via uma conversa de formigas confusa, pensou que Ana Clara poderia ser uma raposa. Queria enganar mas era alienada, foi engravidar e nem para ser do noivo e lá ia ela dar oriehnid e apertar a mão na intimidade que achava ruim. Ajudava, amai o outro, ajudava Ana Turva que se chamou de Ana Preta nos raros momentos que teve de humor. Ela era amada, ovelha negra sempre é amada, como Madre Alix a adorava e deu o Agnus Dei a ela, de uma outra freira que virou santa que Ana Clara não sabia o nome. Lembrava do quarto de Ana, desorganizado totalmente, foi procurar do perfume que ela usou todo e culpou o gato. Mandou Sebastiana lavar a roupa embolada e ela ficou maravilhada com o quadro que tinha dela ali. Pensou ser modelo, Lorena explicou que quase, queria ser bonita assim para M. N. a procurar ali. Mas vai saber, tinham que combinar diferente, ficava na esperança.

Parte 2

Lorena foi avisada que uma carta chegou do estrangeiro, apesar de ela estar esperando um telefonema. Irmã Bula estava arrancando algumas plantas de forma violenta, ela falava do Papa, do vício aumentar no mundo e Lorena pensava em como ela era bruta na jardinagem e bordado, tal violência remetia com Rômulo e sua mãe que tentava tapar o buraco do tiro, estava pálido, era tudo brincadeira e ele empalidecia. Tentava fugir de novo dessa lembrança da morte, pensava nas letras do bordado mal feito do lenço da freira. Pensava no uso das letras, como morriam, viviam, e nas plantas que a irmã arrancava sem julgamento. Pensava na omissão de coisas subentendidas, mas ela queria a verdade, nada omisso, como queria de M. N., queria a verdade, mas ele “sugere reticências. Omissões.”. Ela ficava torrando no sol, pensando na vida, o que de forma curiosa é diferente dos pensamentos de Ana Clara, que não consegue separar a linha entre um pensamento concluído e outro, fazendo com que as ideias se misturem, e de Lia, que tenta focar seu pensamento para não lembrar da verdade de outros pensamentos que tenta não ficar pensando para sofrer menos. Lia pensava na omissão, em como M. N. disse que a mulher dele não devia saber. Não entendia a paixão dele por uma mulher obesa, vesga e com dentadura postiça. Pensou até que todas as esposas eram belas fadas antes. Gostava nem da esposa dele. A mãe dele contou que a tia já foi bonita, comportava-se como ainda fosse. A tia Luci mostrava todo o corpo cheio de cirurgias, pernas com varizes, operação no pé, os peitos que os médicos tentavam botar na cabeça dela que pareciam ter quinze anos, entretanto a voz não escondia a idade. Tinha até pensado que M. N. casou por interesse do dinheiro, mas viu que era amor mesmo, mas ele caiu no problema da burguesia de sua esposa que era a avareza, a soberba e a gula, como Lião percebia que a burguesia de país subdesenvolvido é gulosa. Tinha cinco filhos, Lorena não entendia como. Lembrou até de ter ido ler cartas e ver seu futuro, era um caso difícil, mas ela tinha vários homens que chegariam para ela, prometendo amor, mesmo que ela só quisesse seu rei proibido. Lia falava de pedir ajuda para Iemanjá, mas Lorena gostava de fadas. Mas era tudo proibido, queria casar, queria a papelada para dar segurança que Mieux não deu para sua mãe, mas Lia dizia que mais ninguém quer casar, fora padre, gay e prostituta. Conta também a origem do apelido de Mieux, que falava uma frase toda hora de na falta de alguém melhor, era a mãe de Lorena mesmo. Só que abreviava tudo que situação, até com vinho. Lorena achava estranho, considerava-o simples. Mas a tia arrematou que de simples tinha nada, era esperto, investigou a mãe da Lorena em tudo quanto é lugar para saber das posses, dinheiro, era um golpe. Não casaram nem foi por ter ficado sã, mas que apareceria a diferença de idade entre ela e Mieux. Tinham até planejado vestido de mãe e filha combinando, mas amaldiçoou essa mania de brasileira de viver falando de documento. Tinha pena da mãe, queria ser jovem, tinha até o desenho dos vestidos em um livro que a deu, guardava assim como guardava as cartas para M. N. com medo, mas queria, queria se desapegar da imaginação das consequências e sofrimentos. A Irmã Priscila finalmente deu a carta para Lorena, era do irmão. Ela perguntou se estava melhor, disse que sim, como tinha nada para fazer da greve da faculdade, ficava por ali, estava esperando um telefonema do amado para jantar. Adiava para ler a carta, mal lia para Lia pois tudo que vinha do exterior comentava sobre o Nordeste em paralelo. Achou ter ouvido o telefone.

Parte 3 Pensava no telefonema e naquela casarão silencioso. Até pensou no Fabrizio, andava como homem das cavernas com cara barbuda e cabelo espetado, podia até ser um cinema com hambúrguer e chope com ele. Pensou em um dia que se viram depois de uma chuva forte, ele tinha tomado banho e estava toda frágil com ele. Iam tomar um chá de 5 minutos que virou uma hora porque a chaleira não ligava, daí deu de acabar a energia, quando voltou, ficaram se encarando. A palavra amantes ressoou por ela naquela noite. Lorena chegou encharcada com estatísticas, foi para o tapete mostrar tudo. Lia ficou tão feliz depois dela ter dado o discurso da burguesia decadente, a falsa virtude dos velhos e a decomposição da geração que ofereceu a metade da garrafa do uísque quando ela partia. Fabrizio continuava ali e chegou agora Ana Clara. Sorriu pálida, ela queria livros emprestados porque ia destrancar a matrícula de Psicologia. Disse que ia ler, usava óculos, sinal de que parou de beber. Ficou até as quatro da madrugada e dormiu ali. Fabrizio, sem entusiasmo, montou na moto e disse que voltava amanhã. “Amanhã conheci M. N.”. Comparou Fabrizio a um cachorro estabanado, pensou como Astronauta a fez ficar comovida com gatos. Cuidou dele todinho em dia que foi ao cinema com Aninha (sóbria), deu mamadeira, ensinou com esforço a fazer xixi no quintal e nada de interesse. Ninguém segura gato, ela se desata a rir de estar fadada à solidão, lembrava disso quando a tia falava ao entrar de um casamento e ir logo a outro. Foi ouvir Bethânia, pensando em M. N. e no telefonema e como não vivia mais sem música, sem M. N., e um esqueleto franzino que descobriram.

Sugestão e leitura extra – “Gênero e crítica social em ‘As Meninas’ de Lygia Fagundes Telles” por Amara Cristina de Barros e Silva Botelho e Caio Victor Lima Cavalcanti Leite – https://periodicos.ufcat.edu.br/lep/article/view/41234

Capítulo 4

Parte 1

Há uma reclamação do tempo passar rápido demais por Ana Clara, tentando chamar Max para prestar atenção a Mozart. Ela comia açúcar e gostava, comia e não engordava, como engordava Lião, mas não o mesmo de Lorena. Discutiam de música e de pintura, Max gostava de louco, Ana Clara tinha pavor. Ana Clara gostava muito dos Estados Unidos, as ideias de Lia são mais europeias e Lorena é mais brasileira. O Escamoso gostava de viajar, Ana Clara até voltaria com as aulas de inglês mas ficava sóbria, queria ficar dopada de novo. Max continuava pirando, meio que tentando ver o céu com algo voando e usando Ana Clara de escudo em risadas. Ficava cansada de abstrações, sempre viveu com monstros. Refere-se a Lorena frequentemente com “nhem-nhem-nhem-nhem”, frequentemente ela não termina os pensamentos, foi de querer quarto com rosa, tudo quadrado a reclamar da predileção de Lorena por Van Gogh. Até pensava na nova clientela de psicóloga que teria, seria uma vida nova, mas nada de problemas de mendigo, escolheria a clientela. Max ficava se rindo de um pássaro querer bicar seu pênis. Ficava enraivecida com o nome completo, Ana Clara Conceição, as pessoas ficavam surpresas pelo nome completo, ela ficava louca, nome valia nada, a Lorena tinha nome de bandeirante que estuprava e enfiava um tição em negro para procurar ouro escondido e estupravam índias. Nome valia nada segundo ela, comprava um novo, rasgava a certidão e faria do pai um imperador, Caio César Augusto Conceição, professor universitário. Tinha raiva da mãe que sabia até fazer sexo em terreno baldio mas não sabia segurar para levar ao cartório registrar o nome. Via Max dormindo feliz segurando o pinto e pensando que a sua mãe nunca ficou com negro, levava de tudo quanto era nojento, menos negro. Achavam Ana Clara italiana, sabia lá de onde vinha, depois inventava. Era ruiva, autêntica, pele branca como Lorena, suspeita era Lia, declarava-se branca, distante dos subdesenvolvidos. Pensava no Jorge, que falava quase Jóge e tinha anel vermelho com unha do dedinho grande. Ana Clara queria mais do que tudo era esquecer, fumando, bebendo, não queria lembrar do som do anel acertando a mãe enquanto batia nela em bofetadas, dizia que quando acabasse a construção se livrava delas, mas nunca terminava e o quarto ficava com baratas e ratos, tudo coberto de cal, levou esse costume até para o pensionato. E Aldo tinha comido a barata na sopa, Ana Clara tinha ideias boas no ódio, ainda mais na noite antes da mãe morrer. Agora era Sérgio, queria outro filho, depois de tanto apanhar e ficar encolhida, tomou formicida e morreu. Um outro Gaúcho matou o irmão de aborto, ela viu até o aborto na lata, sentiu nada. Pensou até em trazer flores, mas odiava a floricultura e queria distância a partir de então de tudo que tinha ódio. Pensava em outra menina que perguntava da mãe, perguntava a Max o que fazia já que estava grávida.

Parte 2 Ana Clara estava agora delirando com drogas, sentia tudo diferente e dizia a Madre Alix, na sua frente como gafanhoto, que era uma despedida, ano novo era vida nova. Falava da experimentação, comprar casa na praia para Madre Alix, uma amiga vesga, Adriana, foram ao cinema, tomaram sorvete, teve até uma senhora que veio querer saber o que ela fazia na praia e ela rápida soltou que os pais se foram de forma trágica, começou a rezar, imaginou sendo adotada, até desviava do Doutor Algodãozinho. Ia enrolando pensamentos de uma violência sexual, com uma tecelã velha perguntando da morte dos pais e ela se emaranhando no tapete. Esqueceram o assunto e pensava nas noites na varanda, gente bebendo que lhe dava fome e a lembrava de comida com as cores. Ana Clara pensava nos perfumes, como Lia se gabava de usar pouco e Lorena de falar que sentia o cheiro dela de longe. Pausa os pensamentos em injetar drogas, esbanjar dinheiro e querer ser verdadeiro. Achava fácil quem dizia ser verdadeiro, ser rico e falar a verdade era fácil. Pensava no casamento por amor, o Agnus Dei que a protegeu, até Max acordar rindo e falando de uma canção. Ana Clara pensa em uma estrada vermelha, gosta de tudo, até dos negros, até da guitarra. Pergunta-se que horas seriam. Tentava entender o que se passava no quarto de uísque e a perna de Max. Queria fazer xixi, no pensamento foi levada a pensar em Lulu, seu cão, e de como era empolgado e de como gostava de ir ao mar. Pensou nas coisas que eram jogadas ao mar para serem esquecidas, no Doutor Algodãozinho e pedia para Lulu voltar. Sonhou estar remando e ser puxada para baixo, acordou se amaldiçoando por engravidar como a mãe, mas ela renasceria como borboleta, diferente da mãe que morreu como formiga. Ana Clara odiava negros, talvez pela experiência de violência sexual, julgava Lia que gostava da negada, era corintiana. Falava que gostava até casar que não casava, ela não acreditava no casamento mas, se amasse, até mesmo um negro, pensaria. Eles têm é ódio de negro, pensava Ana Clara, mas ela tinha ódio e não escondia do quê. Queria jóias, até gritou para Max, ele falou que dormisse, beijou seu corpo e ficou investigando. Pensou em uma desintoxicação, viu os pés de Max, lembrou das artes e teatros que viu com Lia. Até disse a Max que ano que vem era outro. Ele soluçava e respondeu só para ter paz da dor. Ela pensa no cerco que estão fazendo segundo Lião e chora de soluçar pedindo que Max pare de vender drogas para os menininhos e pede que comecem a fazer esportes, que o japonesinho estava olhando. Ela odeia chorar porque estraga a cara bonita. Delira vendo quatro irmãs, uma representando cada estação e com vestidos e pele de porcelana. Elas cantam uma canção e Ana Clara reconhece. Ainda pensa na formigona morrendo e um anão que passou dizendo que não havia importância. Pensava em fazer exercícios e ir a uma clínica para se desintoxicar. Ela amaldiçoava-se de ter engravidado de Max, justo um pobre. Tentava acordá-lo para conversar. Pensava em formigas e baratas e suas feições e atitudes. Ficava também revoltada com as análises, pagar dinheiro para se autoflagelar com coisas que queria esquecer do passado que a machucavam e machucaram. Lembrava de sonhos recorrentes como as mulheres dos vestidos ou um homem com lábio leporino, sonhava com o coração sendo visto por fora. Max tinha fome e Ana Clara disse que dormisse. Via o quarto, pouca luz, paredes escuras, tentava dar intimidade aquele local mas não era o resultado. Ficava de novo a tentar tirar a poeira de tudo. Sonhava que caía em um buraco e era uma fossa. Refletia de novo sobre os antigos namorados de sua mãe, agora era Adamastor. Pensava e discutia sobre o futebol, tal qual Lorena não gostava por causa dos negros, mal sabia o que era ser corintiana. Max perguntava se ela tinha noivo, explicou o corpo do escamoso. Ele convidou para conhecerem o mundo, ainda mais o Afeganistão para montar em camelo. Ela lembrou que ele montou em um cisne, pediu para contar a história com uma ameaça de um murro, ele disse que era um porco, recebeu o murro no queixo e sangrou, ele disse que quebrou seu dente em soluços. Era brincadeira e pediu até que retribuísse, ela contou que estava grávida de novo e Max queria o filho, disse de conhecer o mundo e comprar uma ilha. Ana Clara disse de se enfiar com mafiosos. Ele lembrava de uma amante peluda que perguntava de ir ao casamento, ela não conseguia focar naquele delírio, pensava em sua história de cinderela. Tentou saber as horas, ia se aprontar rápido, tinha mania de relógio. Ao se ver no espelho, se afastou da imagem, assustada com o que viu dela.

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2024 Redação UNICAMP UNICAMP 2025

Tema de Redação da UNICAMP de 2024 – Igualdade de gênero (texto de apresentação de um PL) e apostas online com jovens (comunicado)

Os temas de redação da UNICAMP 2025, aplicada no ano de 2024, foram sobre igualdade de gênero (com a produção de um gênero textual de texto de apresentação de um projeto de lei) e apostas online com jovens (comunicado).

Confira os textos motivadores

Proposta 1

Você é integrante de um coletivo que defende a igualdade de gênero. Após ler matérias sobre a aprovação de leis que afetam diretamente as mulheres, você constatou que tais leis são elaboradas por um Parlamento majoritariamente masculino.
Então decidiu mobilizar suas/seus colegas do coletivo para articular, por meio de iniciativa popular, um Projeto de Lei (PL)
que estabeleça igualdade de gêneros nas cadeiras do Congresso Nacional. Você ficou responsável por escrever o texto de
apresentação desse PL, o qual será lido na Câmara dos Deputados. Em seu texto, você deve destacar: a) malefícios que a desigualdade de gênero no Parlamento tem gerado na sociedade brasileira; e b) argumentos que comprovam que uma representação política mais igualitária pode levar a um cenário de maior justiça social no país. Você deve, obrigatoriamente, apropriar-se
de elementos da coletânea a seguir, demonstrando leitura crítica dela na elaboração de seu próprio texto.
Glossário:
Coletivo: conjunto de pessoas reunidas em prol de um mesmo objetivo: político, social ou artístico.
Iniciativa Popular: consiste na apresentação de um Projeto de Lei à Câmara dos Deputados, assinado por, no mínimo, 1% do
eleitorado nacional, distribuído por pelo menos cinco estados, com até 0,3% dos eleitores de cada um deles.

  1. Maioria no Congresso Nacional, os parlamentares homens são os principais responsáveis por 74% dos projetos desfavoráveis
    aos direitos das mulheres. Uma em cada quatro propostas sobre gênero no Congresso prejudica as mulheres de alguma forma.
    O levantamento do “Elas no Congresso”, de 2020, feito pela revista AzMina, avaliou 331 Projetos de Lei (PL). Os temas mais
    abordados foram gênero, aborto, cotas na política e violência doméstica. A doutoranda em Ciência Política da USP, Beatriz Rodrigues Sanchez, acredita que, devido a essa formação assimétrica do Congresso, os valores e a visão dos homens prevalecem,
    dificultando a instauração de políticas afirmativas e de maior visibilidade à pauta feminina: “Os homens brancos, heterossexuais,
    empresários e ruralistas ocupam a maior parte das cadeiras no Congresso Nacional”.
    (Adaptado de OLIVEIRA, Kaynã de. “Machismo estrutural no legislativo não enxerga interesses das mulheres”. Jornal da USP, 21/05/2021.)
  1. Aprovada por unanimidade na Câmara e no Senado mexicanos, a Reforma Constitucional de 2019 definiu que a busca pela
    paridade de gênero alcançaria os três poderes e organismos públicos autônomos, como o Banco do México e o Instituto Nacional de Estatística e Geografia. O avanço entre a Reforma de 2014 – que definiu a paridade no Legislativo – e a de 2019 foi
    possível porque já havia uma paridade no Congresso no momento dessa segunda votação, e, portanto, havia um expressivo
    número de mulheres parlamentares eleitas que então pressionaram pelo equilíbrio também no Executivo e no Judiciário.
    (Adaptado de BIANCONI, Giulliana et al. “Lei de paridade de gênero no México mostra caminho para nova política”. Gênero e Número, 22/08/2022.)
  2. Está em tramitação na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei (PL 1904/24) que equipara o aborto realizado após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio simples. Caso aprovado, uma mulher vítima de estupro que interrompa a gravidez pode
    ter pena maior do que a do estuprador. A pena para homicídio simples – definido pelo Código Penal como o crime praticado
    quando se mata alguém – varia de 6 a 20 anos de prisão. Já a pena para o estupro varia de 6 a 10 anos, podendo chegar a 12
    anos se a vítima tiver entre 14 a 17 anos, destaca a advogada Flávia Pinto Ribeiro, presidente da OAB Mulher Rio de Janeiro.
    (Adaptado de SCHROEDER, Lucas; SOUZA, Renata. “Mulher vítima de estupro pode ter pena maior que estuprador em caso de aborto, segundo projeto”. CNN Brasil, Política, 13/06/2024.)
  3. A deputada Soraya Santos ressalta que a importância da presença feminina na política vai muito além de discutir temas associados a mulheres. Para a parlamentar, a participação das mulheres se faz necessária para a discussão de pautas mais abrangentes, como violência contra crianças e adolescentes, educação ou saúde. Soraya Santos chama atenção também para uma
    outra forma de violência política, aquela presente nas estruturas partidárias, que sabotam as candidaturas femininas a cargos
    eletivos. Embora a legislação obrigue os partidos a reservar no mínimo 30% das candidaturas para mulheres nas eleições para
    a Câmara dos Deputados, assembleias legislativas e câmaras de vereadores, até muito recentemente, a prática mais comum,
    conforme explica a deputada, era a apresentação das chamadas candidaturas “laranja”, uma maneira de burlar a lei. Nas eleições municipais de 2016, mais de 14 mil mulheres tiveram zero voto, muitas delas sequer sabiam que o seu CPF contava para
    a chapa, exemplifica Soraya Santos.
    (Adaptado de “Bancada feminina conseguiu aprovar 43 leis desde o início da legislatura, em 2023”. Rádio Câmara, 08/03/2024.)

Proposta 2

Você é diretor/a de uma escola pública e, ao circular pelos corredores dela, no intervalo entre as aulas, notou que os/as
alunos/as do Ensino Fundamental estavam usando o celular para apostar dinheiro em um jogo de azar. Preocupado/a com a situação, você decidiu escrever um comunicado a ser enviado aos responsáveis por esses/as alunos/as, expressando as preocupações
da instituição com esse novo hábito de crianças e pré-adolescentes. Em seu texto, você: a) explica de que forma essas apostas
por celular podem prejudicar o comportamento dos alunos na escola; e b) alerta sobre os principais perigos a que crianças e
pré-adolescentes estão sujeitos ao se envolverem com as bets. Você deve, obrigatoriamente, apropriar-se de elementos da coletânea a seguir, demonstrando leitura crítica dela na elaboração de seu próprio texto.
Glossário:
Bets: o termo “bet” é a palavra em inglês para “aposta”. No contexto de jogos de azar, a palavra bets se refere a qualquer tipo
de aposta feita em eventos cujo resultado é incerto, como partidas esportivas ou jogos de cassino. A palavra tem sido amplamente adotada por diversas plataformas de apostas online. (Adaptado de LEITES, Raphael. “O que são bets?”. Estadão – E-investidor. 01/10/2024.)

  1. Um universo cheio de tigrinhos, aviõezinhos, moedas de ouro e craques do futebol. O que parece fascinante é perigoso e não
    tem poupado crianças e adolescentes, público que cresce à medida que os algoritmos das redes sociais insistem em disseminar
    propagandas de jogos de azar, apostas online e bets. Além de jogar, influenciadores com idade entre seis e 17 anos estão sendo recrutados por casas de apostas virtuais para fazer publicidade daquilo que sequer deveriam acessar, mostrou investigação
    do Instituto Alana. Atraído por jogadores e locutores famosos, o estudante L., de 13 anos, decidiu se arriscar como técnico de
    futebol e usou escondido o cartão de crédito da avó para bancar suas apostas. Chegou a gastar R$30 mil. Perdeu tudo. Ivelise
    Fortim, professora de psicologia e de tecnologia em jogos digitais da PUC-SP, explicou que “jogos de apostas são proibidos para
    crianças e menores de idade porque eles têm maior impulsividade e dificuldade de controle, sem a maturidade necessária para
    tomar decisões sobre o risco financeiro envolvido. Entre as consequências mais graves para esse público, estão a depressão e o
    suicídio.”
    (Adaptado de BITTENCOURT, Carla. “Apostas online atraem crianças e adolescentes, apesar de ilegais”. Portal Lunetas, 26/06/2024.)
  1. As bets estão em processo de regulamentação no Brasil. Atualmente, só podem funcionar as empresas de apostas autorizadas pelo governo. Os demais sites devem ser bloqueados. A advogada Monique Guzzo, das áreas de Direito Público e Regulatório, explica que, antes da lei das bets (Lei 14.790/23), as apostas de quota-fixa estavam legalmente permitidas desde 2018, mas
    não havia um sistema de controle de entrada, fiscalização ou tributação. “Isso permitia que empresas estrangeiras operassem
    no Brasil sem um retorno significativo de impostos ao governo.” Além disso, não existia um órgão específico para regulamentar
    e fiscalizar essas empresas, o que dificultava o controle sobre a prática. Com a nova lei das bets, foram introduzidos requisitos
    e diretrizes para tal regulamentação.
    (Adaptado de “Regulamentação das bets: o que pode e o que não pode? Entenda.” Portal Migalhas, 03/10/2014.)
  2. No interior de São Paulo, a enfermeira Gabriely Sabino foi finalmente encontrada, após passar uma semana desaparecida. Ela
    assumiu à imprensa ter fugido após contrair dívidas ao investir no “Jogo do Tigrinho”, uma espécie de caça-níqueis online. Em
    Alagoas, dois influenciadores digitais foram presos, suspeitos de divulgar ganhos falsos e atrair jogadores para o mesmo game
    de apostas. No Maranhão, a polícia investigou suicídios que teriam ocorrido após usuários perderem grandes quantias na plataforma. O “Jogo do Tigrinho” chama apostadores com uma forte promessa de ganhos rápidos e fáceis. Para o psiquiatra Rodrigo
    Machado, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, o ciclo vicioso causado pelo jogo precisa também ser visto
    sob uma ótica de saúde pública. “A gente fica dependente não só de substâncias químicas, mas também de comportamentos
    altamente sedutores para o cérebro, como o transtorno do jogo. No Brasil, o vício em apostas é identificado como doença pela
    Classificação Internacional de Doenças (CID-10), nas categorias mania de jogo e jogo patológico.
    (Adaptado de QUEIROZ, Gustavo. “Jogo do Tigrinho: os perigos de se viciar em games de aposta”. Brasil de Fato, 01/07/2024.)