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Literatura Brasileira Resumo de Cada Capítulo

“Dois Irmãos” de Milton Hatoum – Resumo de Cada Capítulo

Livro da FUVEST até 2025. Contexto histórico – Próximo da Segunda Guerra Mundial, mudança do eixo de comércio de Manaus para São Paulo, início da Ditadura Militar.

Carlos Drummond de Andrade – “A casa foi vendida com todas as lembranças todos os móveis todos os pesadelos todos os pecados cometidos ou em vias de cometer a casa foi vendida com seu bater de portas com seu vento encanado sua vista do mundo seus imponderáveis” – Poema “Liquidação”

Temáticas:

  • Diferenças de classes sociais
  • Choque entre regiões do Brasil
  • A narração pós-moderna e o conflito do que é memória e o que aconteceu
  • Sexualidade e conflito e identidade
  • Situações paradoxais que propulsionam a narrativa
  • A fatalidade do esquecimento, da morte

O livro não é dividido por muitos capítulos. Há separações que denotam uma passagem de tempo entre capítulos. Para motivos de organização, esses espaçamentos serão chamados de “parte” dentro de cada capítulo.

Prólogo – Zana abandonou tudo que tinha de memórias. Queria que Omar voltasse. Ela perambulava em uma casa que só possuía lembranças de membros da família libanesa e que morava em Manaus. O narrador não teve coragem de vê-la morrer. Ela ainda perguntou, em árabe, se os irmãos tinham se reconciliado.

Capítulo 1 – Parte 1 – Yaqub, 18 anos, o irmão mais velho, chega no Rio de Janeiro, vindo do Líbano. Halim, seu pai, que não via desde seus 13 anos, mal reconheceu o pai. Ao abrir a mala, tinha nada, pois a família do Líbano não queria que o jovem fosse ao Brasil. Yaqub tinha um irmão gêmeo, Omar, que ficou no país, enquanto ele foi enviado para ser ra’í. Enquanto iam para Manaus, Halim ensinava Yaqub sobre os costumes diferentes do Líbano (mijar na parede, cuspir no chão, vestimentas) em relação ao Brasil. Zana, mãe de Yaqub, o encontra no aeroporto, após pagar propina para passar pela segurança, com o garoto ainda enjoado da viagem, a mãe que encontrou de volta um pedaço dela, emociona-se. Yaqub tinha dificuldades de falar em português, enquanto revia seu lugar de infância em Manaus. Yaqub lembrava do caçula, Omar, e como ele era destemido e irresponsável na infância, diferente de si, mais fechado e medroso. Yaqub lembra de uma festa de Carnaval que queria ficar com uma garota. Após obedecer sua mãe e levar Rânia, sua irmã, para casa, voltou ao baile vendo a garota que gostava com Omar – foi a última manhã que viu o irmão, o qual nunca sofria repressões da mãe, voltar do baile, viajou para o Líbano logo depois.

Capítulo 1 – Parte 2 – Rânia, irmã de Yaqub, reencontra-se com o irmão. Yaqub perguntou por Domingas e começou a revisitar a casa. Zana diz que Omar apareceria para jantar com eles. Yaqub olha para fora, lembrando do passado. Os parentes comentaram de como Yaqub tinha chegado do Rio, o garoto tentava falar mas faltavam palavras do português. Começaram a elogiar Yaqub, em contraponto do caçula, ao passo que a mãe disse que os dois eram idênticos em tudo. Yaqub ficou feliz de faltar palavras naquele momento e não dizer nada. Omar chegou e foi recepcionado pela mãe como se ele fosse o filho ausente. Os irmãos se estranharam, mas Yaqub disse que ia melhorar, afinal, “tudo melhora depois de uma guerra.”

Capítulo 1 – Parte 3 – O narrador conta que a cicatriz no rosto de Yaqub foi contado por Domingas, o único traço de diferença física entre os gêmeos. O narrador conta que conheceu Domingas pouco depois do Carnaval. Era costume ir bem arrumado para o cinema ambulante na casa dos Reinoso. Enquanto esperavam o filme, a sobrinha dos Reinoso, Lívia, ficava paquerando os gêmeos. O caçula teve ciúmes. Apesar dela ter o coração de todos, ela gostava dos gêmeos, em específico de Yaqub. A sessão durou pouco pois faltava luz em meio ao dia de chuva. Todo viram Lívia beijando Yaqub enquanto ligavam as luzes do cinema. Omar foi para cima do irmão. Zana culpava Halim pelo comportamento dos gêmeos. Yaqub foi humilhado na escola e permanecia em silêncio. A ideia inicial era que os dois fossem ao Líbano, apenas Yaqub foi, no meio da guerra. Os pais, com medo da violência ir para a casa, mandaram-no para viagem. Voltando ao presente, Yaqub ainda falava nada, apenas comia, no meio das conversas da família.

Capítulo 1 – Parte 4 – O narrador fala da moradia e do comportamento igual aos gêmeos de mesada, educação e moradia. Zana temia os hábitos do Líbano no irmão recém-chegado, além da fala trocada de “p” por “b” e ser quieto. Yaqub com as mulheres, porém, era outra história. “Tinha olhos de boto”. A mãe sabia de antemão e lia os versos copiados das meninas a ele, de prazer quase cruel. Yaqub estudava muito a gramática da língua portuguesa. Era bom em matemática, como opostos do outro irmão (que ouvia as comparações vindas dos pais). Anos depois, Yaqub passaria na Escola Politécnica de São Paulo, “em ‘brimeiro lugar, babai’”. O matemático não dava bola para ninguém, gostava de xadrez mas preocupava os pais de sua falta de ciclo social. Yaqub não gostava de sair, ainda mais nos bailes carnavalescos, festas juninas, jogos de futebol. Compensava a pele sem sol pela matemática que fazia na cabeça, sem precisar tomar notas. Já Omar gostava das farras e “audácias juvenis”. Halim detestava a repetição de comportamento de encher a cara de bebida, voltar para casa e ser auxiliado por Domingas para tirar a roupa, beber água e passar as tardes dormindo na rede de ressaca. Halim não apoiava e repreendia o garoto, mas ele não se abalava, até teve orgulho quando foi expulso do colégio de padres que reprovou duas vezes. Ao encontrar o diretor, ele perguntou à mãe se o outro filho continuaria na escola. Deixou para responder outro dia.

Capítulo 1 – Parte 5 – O Caçula foi estudar no Águia de Haia – apelidado de “Galinheiro dos Vândalos”. O professor de francês mal ensinava, os gestos obscenos na escola eram livres, Laval era o que mais se destacava, professor que recitava poemas e escrevia um para cada aluno. O Caçula contava com gosto como foi expulso do antigo colégio de padres. Deu um soco e um chute no padre, foi punido para ficar ajoelhado do meio dia até ver a primeira estrela. A mãe defendia dizendo que “Bolislau errou”, pois o “filho só quis provar que é homem… que mal há nisso?”. O narrador conquistaria o diploma na mesma escola do Caçula, sendo que o irmão mais novo nem terminou o curso no Galinheiro dos Vândalos.

Capítulo 1 – Parte 6 – Yaqub foi para São Paulo, sem avisar com antecedência e enfrentando as negações da mãe, deixando livros e roupas ao narrador. No Natal de 1949, um ano antes de sua partida à grande cidade, recusou o presente de bicicleta e dinheiro e pediu uma farda de espadachim para desfilar no colégio de padres. O pai aproveitou o dia de silêncio, a mãe foi ver o filho, toda orgulhosa. Yaqub foi destaque do desfile, ganhou até foto e elogios no jornal, além de beijos e flores enquanto desfilava “com um ar de filho único que não era”. Foi Bolislau que recomendou ir embora de Manaus, já se ficasse ali, seria “derrotado pela província e devorado pelo” irmão.

Capítulo 1 – Parte 7 – Yaqub saiu da escola cheio de elogios, ganhou duas medalhas. Os professores sabiam do futuro brilhante dele, diferente do irmão que faltou ao jantar de despedida. Ele só voltou tarde, enquanto Yaqub pedia para não receber dinheiro dos pais. Omar acordou mas dessa vez sem a ajuda das mulheres, que só tinham olhos e foco para o viajante. Recusou a comida fria. Lívia apareceu na casa e perguntou por Yaqub, que foi voando a ela. Domingas foi espiar e viu os dois trocando carícias. Omar, sombra da casa, viu o irmão ainda marcado da garota que amava.

Capítulo 2 – Parte 1 – Há um retorno ao passado, para 1914. Há uma descrição do restaurante de Galib, viúvo e pai de Zana, ponto de encontro de imigrantes libaneses, sírios e judeus marroquinos. Halim recebeu uma indicação de um amigo poeta, Abbas, e começou a frequentar cada vez mais o local. Halim admirava Zana e trazia peixes para Galib, ganhando almoço de graça. Quis comprar um chapéu para a filha do dono do restaurante, mas o amigo poeta sugeriu um gazal (peça de tecido com um poema). Fingiu ter esquecido no restaurante para, semanas depois, receber de volta de Galib. Abbas, ao ver o amigo derrotado, recomendou beber e ter coragem. Halim apareceu bêbado no restaurante para o susto de Galib e Zana. Leu os versos do gazal no meio de risadas dos outros clientes. Dois meses depois, era esposo da garota de 15 anos. Já velho, Halim contava a história ao narrador, confundindo árabe com português, pois contava de vez em quando algumas histórias, “como retalhos de um tecido” que “foi se desfibrando até esgarçar”, era um “romântico tardio, um deslocado anacrônico”. O casamento entre ele e Zana não era bem visto por ser muçulmano. Zana era bem decidida, de “uma teimosia silenciosa, matutada, uma insistência em fogo brando”, sendo a última e definitiva palavra do casal. O casamento seria no altar de Nossa Senhora do Líbano, com a presença das maronitas (tradicional do Líbano) e católicas de Manaus. No casamento, a foto dos dois beijando tinha Zana de olhos abertos, assustada com a voracidade. Halim era um Jó paciente acompanhado de Zana que mandava e desmandava, além de ser “um demônio na cama e na rede”. O narrador disse que contava as histórias com a maior naturalidade, ainda que pausasse para fumar narguile e tentando lembrar de vozes e pessoas devoradas pelo tempo. Apesar do casal não ter viajado para o Líbano, Galib foi, todo contente. Depois de duas cartas, Zana recebeu uma carta enquanto morava no Biblos, de que o pai morreu. Zana ficou desesperada, pedindo três filhos e se agarrando às roupas do pai. Halim tentava convencer de que não adiantava se agarras às coisas, já que eram vazias. Tinha o costume de não guardar dinheiro, agradava mulher e filhos. A dor da morte era grande pois quando viajavam para fora não viam o corpo, recebiam apenas uma carta ou telegrama. E ainda assim, Zana quis que Yaqub fosse sozinho para a aldeia dos parentes dele.

Capítulo 3 – Parte 1 – Yaqub, já em São Paulo, mandava cartas ao fim de cada mês. A vida era sozinha e fria, deixando a mãe de coração partido e o filho caçula com ideias de ter uma festança para afastar essas ideias da cabeça da mãe. Conforme os meses passavam, e talvez pela cabeça de matemático professor paulistano, as cartas diminuíam o número de textos, até entrar na Universidade de São Paulo. Seria engenheiro. Mandaram dinheiro e felicitação, sem entenderem o título, porém, ele agradeceu e mandou o dinheiro de volta. Zana enchia-se de orgulho, levando o crédito do filho paulistano ser dela, não o filho que foi levado ao Líbano por ordens dela.

Capítulo 3 – Parte 2 – O narrador conta como via apenas fotos de Yaqub fardado. Enquanto um era uma figura abstrata de um mundo distante, o outro irmão era bem presente, zombando do sucesso de quem tinha voz e aparência iguais. Zana ficava entre o pouco que recebia de notícias e fotos do filho matemático e de seu falecido pai. O narrador ficava entre as reclamações do paciente Halim e da saudosa Zana. Lembraram de como Domingas chegou à casa, como era próxima de Zana, apesar de ser sua empregada e de como Zana se deixava levar pelo prazer do sexo. Halim lamentava de não ter comércio, já que “exagerava nas coisas do amor”. Halim nunca quis filhos, mas Zana pestanejava por caprichos do marido, sua teimosia e de seu falecido pai, queria três. Tinha muito carinho pelo Caçula que adoeceu nos primeiros meses, temendo a morte. Domingas era uma índia que sonhava na liberdade que deixava para depois, ainda mais quando nasceu Rânia, cuidava dela e de Yaqub com muito carinho. Ela ouvia fofocas da patroa e tinha medo, mas rezavam juntas e tudo voltava ao normal. Como esperado, as noites de sexo de Halim e Zana não eram mais as mesmas. Os gêmeos eram travessos, com destaque em Omar. Numa noite, viu o mosquiteiro pegando fogo e Omar deitado ao lado de Zana. Acordou a casa aos gritos, achava um desaforo o filho dormir na mesma cama. Foi dormir no depósito da loja e até sugeriu para Zana que fizessem amor na frente de Omar. Ela respondeu com ironia para que anunciassem outro filho. Ele começou a dormir no depósito e se trancavam lá por horas quando ela resolvia visitá-lo.

Capítulo 4 – Parte 1 – O narrador conta como sabe pouco de si. Tão pouco dos antepassados, da origem e desconfiava que um dos gêmeos era o pai. Domingas disfarçava. Uma noite de sábado, Domingas pediu para ir à cidade. Zana achou estranho mas deixou, desde que voltasse cedo. Domingas acordou feliz, fez café e identificava os pássaros da região. Ela lembrava de como os pais se encontraram. Lembrou também de como o pai morreu e foi levada ao orfanato. Rezava muito, aprendeu a ler e queria fugir, inspirada em outras do orfanato. Um dia, uma das irmãs pediu que ela tomasse banho, cortasse as unhas e se vestisse bem. Ela foi levada até Dona Zana, com a ameaça de que caso ela se comportasse mal, voltava ao orfanato. Cuidou dos gêmeos, em especial Yaqub, sofreu quando ele viajou. Apesar do pouco tempo que passou, Domingas chegou a vila mas logo foi embora, assombrada pelas memórias e por não cumprir de chegar cedo à casa. Conforme chegavam próximos da cidade, Domingas falava menos. Choveu no final da viagem. O barco balançava fortemente, tanto o narrador quanto Domingas vomitaram. Voltaram para casa sujas, Domingas dormiu na rede e o narrador no chão. No meio da noite, Domingas perguntou se gostava de Yaqub, mas não ouviu mais. O narrador ganhou um quarto separado de Domingas, já estava grande. O narrador ficou fascinado pelo rio, enquanto Domingas jamais viajou de barco novamente. Ia ao cinema e via sessões de domingo.

Capítulo 4 – Parte 2 – O narrador tinha permissão de passear pela casa. Domingas sempre se ocupava em limpar a casa, até demais. O narrador era apaixonado por Zahia. Apesar de filho de Domingas, fazia os afazeres para Zana e alguns amigos dela. Para poder fugir dos trabalhos pesados, ouvia as fofocas da rua e contava para Zana. Chegava até a faltar de aulas para comprar coisas para Zana, sendo que ela pagava fiado e nunca estava satisfeita. Porém gostava menos era de Omar, que não queria que comesse na mesa e ainda precisava ajudar o caçula quando chegava bêbado ou machucado. O narrador só sabia nutrir ódio pelo relacionamento entre Zana, Halim e sua mãe. Ainda assim, era fascinado pelas histórias do pai dos gêmeos. O narrador procurava memórias em uma casa que esquecia o passado.

Capítulo 4 – Parte 3 – Em 1956, Yaqub continuava genial e conquistando objetivos em São Paulo. Omar iria a São Paulo, apesar do matemático não gostar da ideia. Uma noite, Omar levou uma mulher à casa e a deixou em completo caos. Halim esperou a mulher ir embora e deu uma única bofetada no filho que fingia estar dormindo, segurando-o pelo cabelo. Depois, algemou o filho ainda nu no cofre e Halim sumiu por dois dias. As mulheres da casa cuidavam dele. O narrador tentou procurar Halim, sem sucesso. Viu um vira-lata acorrentado que latia e babava. Riu da cena pois lembrou de Omar, já que “toda valentia é vulnerável”.

Capítulo 4 – Parte 4 – Halim decidiu mandar Omar para São Paulo. Yaqub estava casado e ainda não aceitava dinheiro dos pais, nem se quer anunciou o nome da esposa. Zana teve ciúmes, já que “filho casado era um filho perdido ou sequestrado”. No aniversário da mãe, o Caçula trouxe flores, trazendo surpresa para Rânia. Porém, Omar trazia isso como uma máscara de suas intenções, “sorrindo cinicamente para a irmã. Sorria, fazia-lhe cócegas nos quadris, nas nádegas, uma das mãos tateava-lhe o vão das pernas”. Rânia afastou-se do irmão e foi para o quarto. Rânia era reclusa, mal saía do quarto, abandonou a universidade no primeiro semestre, não frequentava festas e dormia em uma cama estreita. Pediu para trabalhar na loja do pai, coisa que nunca veio de Omar. Era uma vendedora exímia, por habilidade e beleza. Recebia cartas de pretendentes, médicos e advogados, mas jogava todas no fogo, as únicas que guardava era de Yaqub. A mãe tinha pena da filha solteirona. Porém, escondendo “seus pensamentos, suas ideias, seu humor e mesmo uma boa parte do corpo”, ela mantinha a loja do pai andando e sua vida. Na única noite que se arrumava, no aniversário de Zana, iludia um pretendente que a mãe trazia e encantava todos, até o narrador. Talib era tarado por ela. Quando recebia o pretendente, dançava, fingindo não saber como e dando esperanças à mãe. Porém, quando aparecia o Caçula, jogava-se aos braços dele, para ciúmes do pretendente. Zana e Rânia competiam pela atenção do Caçula, até que chegou o evento da Mulher Prateada (motivo que Omar foi mandado para São Paulo). Era uma mulher mais velha que conhecia, motivo que a preocupava, já que todas as meninas que Omar trazia eram desconhecidas. Era Dália, tinha sobrenome mas o narrador esqueceu, tinha um vestido vermelho e corpo que chamavam atenção de todos, mais até do que Rânia. Zana duelava com sorrisos falsos com Dália. Rânia, diferente das outras noites, comeu a sobremesa e foi para o quarto. Dália dançava com um corpo prateado, ganhando a atenção de todos, ainda mais da mãe, uma rainha destronada que jamais havia traído Omar. Zana sequer assoprou as velas e foi ao quarto. Zana viu os dois dançando, chamou a mulher para limpar a casa enquanto Omar ficava na rede. Um momento, a mãe a puxou pelo braço e cochichou. Dália foi ao banheiro, com o vestido prateado em uma sacola e com um olhar derrotado. Saiu e bateu a porta com força. Omar, assustado, a perseguiu. Descobriram que ela fazia parte de um grupo de dança e a mãe pediu abrigo para Yaqub ao irmão, que negou prontamente. Escreveu que poderia alugar um quarto, matricular em um colégio particular, enviar notícias mas jamais dormir no mesmo teto. Sabendo dos planos, Omar aparecia menos em casa, xingava o irmão. Descobriram o lar de Dália, uma casa derruída, destruída. O narrador foi visitar a mando de Zana. Foi oferecer dinheiro, as tias da casa aceitaram. Dália sumiu. Em uma noite chuvosa, Omar, bêbado e doente, apareceu. Zana discutiu com o filho sobre a dançarina. O pai deu o ultimato que iria para São Paulo. Zana ainda tentou adiar a viagem e dizer que voltaria depois de alguns meses. Halim não falou mais com o filho até o dia do embarque. Omar viajou dando coices no ar. Foram seis meses de quietude. O quarto ficou do jeito que ele deixou, a pedido dele para Domingas. A mãe demorava para limpar os dois quartos – um bagunçado e o outro que nem parecia ter vida. O narrador entrou no Galinheiro dos Vândalos com a ajuda de Halim. A escola tinha histórias, ex-namoradas e gravuras do Caçula. Conseguiu terminar o curso que o mais novo não concluiu. Omar disse que ia bem e que estudava em São Paulo, acostumado ao frio. A empregada de Yaqub levou doces da mãe para Omar, que comeu com muito gosto. Yaqub, em novembro, visitou o bairro da Liberdade, onde morava Omar, ainda que ele não o queria vê-lo. Yaqub lembrava do começo de sua vida em São Paulo. Pensou em tudo que não teve, na solidão e no que não podia comprar, pensando que “o desamparo engrandece a pessoa” e isso engrandeceria Omar. Foi visitar o colégio do irmão, ele era participativo e prestava atenção. Porém, após o feriado de novembro, o irmão deixou de aparecer na escola e nem avisou que não ficaria mais no quarto. Yaqub tentou procurá-lo em todos os lugares e a esposa disse que não deveria se preocupar. Foi até o quarto de Omar e viu um mapa dos Estados Unidos. Após alguns meses, recebia os doces e também o primeiro cartão-postal.

Capítulo 5 – Parte 1 – Yaqub foi visitar a família pela primeira vez. O narrador ficou aflito, conta de como Domingas estava nervosa. Lembrou de quando Domingas discutiu com Yaqub por levar Lívia a São Paulo, e que não a levou para visitar em Manaus. A mãe perguntou da nora e Yaqub se irritou, falando que “o outro filho vai te dar uma nora e tanto”, e que seria “tão exemplar quanto ele”, o irmão caçula. Zana contou do sonho que teve com os gêmeos se dando bem, Halim reclamou da atenção desproporcional ao caçula e disse para falar com o matemático. Zana e Domingas faziam de tudo para que os gêmeos não se vissem. O narrador conta como ficou em conflito do que contavam de Yaqub a ele – era desconfiado da família, mas saudoso com os lugares da infância que via com o narrador. Porém, a dor do reencontro era maior que a saudade da infância. Foi ao restaurante, ao porto e aos lugares que visitava quando criança, muito sério. Yaqub reclamava do comércio e de como o pai não se inovava. O narrador notava como Rânia se tornava sensual na presença do irmão, recebendo carinhos de Yaqub no colo dele. Viu os dois indo ao quarto e trancarem a porta, só os viu de novo no jantar. Em um jantar que mal tocou na comida, Talib perguntou se ele não tinha saudade do Líbano. Yaqub perguntou “Que Líbano?”. O silêncio reinou na sala, Talib disse que era o Líbano que morava no coração, com a resposta de Yaqub sendo “Não morei no Líbano, seu Talib”. Disse que não havia esquecido uma coisa, mas desistiu de continuar. Talib se retirou após um pedido de tomar licor com suas filhas. Fumava no jardim incomodado. Conversou com Halim e o narrador só o viu no domingo, dia que voltaria para São Paulo. Rânia o acompanhou até o aeroporto, Domingas entregou um pacote de farinha e penca de pacovãs, “abraçou-o; soluçou ao vê-lo partir”.

Capítulo 5 – Parte 2 – Os pais descobrem das aventuras de Omar. Não haviam desconfiado porque ele voltou falando inglês e espanhol. O narrador foi com Halim até a ponta da Cidade Flutuante, local que o pai dos gêmeos vendia. Halim era conhecido e conhecia o pessoal. Um navegante contou a história de um casal de irmãos que vivia ali por perto, longe das pessoas. Halim desembestou a falar mal de Omar e reclamar de como era ingrato. O Caçula mandou cartões-postais de diferentes cidades, Yaqub fez questão de rasgar todos, menos um, ao qual entregou ao pai e que elogiava o país, inferiorizava os pais e os convidava a visitar. Omar tinha roubado o passaporte de Yaqub, além de roupas. Descobriu após a empregada confessar tudo: a invasão do irmão na casa enquanto viajavam para Santos no feriado, os almoços com o dinheiro que os pais mandavam a Omar, os 820 dólares roubados de um “harami, ladrão”. O engenheiro queria o dinheiro de volta. O pai pediu para perdoar, fazendo com que o filho só ficasse mais energético. Afinal, “parece que o diabo torce para que uma mãe escolha um filho”. Não era apenas dinheiro, mas também o casamento que era segredo – Omar havia desenhado nas fotos de casamento. Halim ouviu tudo, disse que ia dar um jeito. Foi para casa com orquídeas, ficou nu na rede, chamou a mulher e fez sexo.

Capítulo 5 – Parte 3 – 6 anos depois da fuga de Omar, Yaqub mudou de endereço. Mandavam fotos que mostravam mais a “decoração e se esqueceram de mostrar o rosto”. A mãe emoldurava as fotos, apesar da diferença visível, fazia elogios em gangorra para Omar e Yaqub. Zana era enciumada com a nora, que enviava presentes para Halim. Zana tinha vontade de destruir tudo. As notícias da nova capital do Brasil ecoavam, Rânia queria modernizar a loja. Halim só queria comer bem, sem se importar com o amanhã. Yaqub foi o pequeno deus que apareceu e reformou tudo, sem dar chance aos pais de dizer “não”. A falta de energia era constante, mas tudo na casa era novo, até o quarto do narrador e de Domingas. A loja até terminou com o fiado e melhorava. Quem desprezava tudo era Omar, não queria nem que pintassem o seu quarto. Zana admirava o filho em fotos com mulheres seminuas, Omar roubava dinheiro da loja, Domingas repunha e Zana dava de presente a Omar no bolso enquanto se arrumava para sair. A loja não era mais a mesma, possuía vitrines e artigos novos da moda. Halim era um conhecido que lembrava-se do passado.

Capítulo 5 – Parte 4 – Depois de Dália, o Caçula se apaixonou por uma mulher apelidada de Pau-Mulato. Apesar de Omar ter parado de voltar bêbado, acordar cedo e barbear-se, sua mãe não ficava calma, ficava aflita. O novo irmão encantava Rânia, conversavam nas refeições e convivia com a família. As filhas de Talib se encantavam com o novo Omar. Omar até trouxe um inglês a sua casa, que recusou as comidas de Domingas. Saiu ele e o inglês no conversível do caçula para surpresa de todos. Zana desconfiava do filho, viu que o emprego do filho era falso. Ele estava participando de contrabando. “Quando o destino de um filho está em jogo, nenhum detetive do mundo consegue mais pistas que uma mãe.”. Halim desconfiou de Zanuri, um agente do governo, que frequentava a casa e vigiava casais. Delatou o episódio que Omar encontrou com a mulher, a mãe foi aos poucos dando indícios, até que Omar percebeu. Foi dando sinais e disse que ele devia sair de casa, o que aceitou. No fatídico dia que iria embora, a mãe brigou com ele, num misto de quer que vá embora mas que fique de mãe. O pai, por outro lado, deliciava-se com a saída do caçula. A mãe causou um alvoroço na casa após as palavras duras de um filho que saía e pedia para não ser seguido, já que o outro dava orgulho. As mulheres sentiam falta do Caçula, ainda que o narrador não entendesse como e o quê. Halim, sem ser amado, prometeu que traria de volta o filho.

Capítulo 6 – Parte 1 – Halim envelhecia, apesar do corpo demorar para mostrar. O narrador nasceu em um dia de briga, já que Azaz contou que Halim estava de graças com algumas indígenas. Chamou o sem-teto para brigas às 3 – o valentão apareceu horas antes e o pai dos gêmeos apareceu meia hora atrasado. Foi um banho de sangue. Azaz morreu três anos depois, Halim nem festejou. O pior foi quando voltou no dia da luta para casa, viu Omar brigando com Yaqub e Zana tentando apartar. Halim tirou a camisa e rodopiava a corrente de aço, chamando os filhos para a briga. Zana pediu calma, ouviu o boato dele ter filha com indígenas e disse que “estaria em paz se tivesse meia dúzia de curumins soltos por aí”. Mandou Omar ao quarto, Yaqub foi se esconder no quarto de Domingas com o filho, Domingas e Zana cuidaram dos ferimentos de Halim, cheio de furos e marcas de navalha.

Capítulo 6 – Parte 2 – Halim procurava Omar, foi atrás do Booth Line, procurar Wyckham, o inglês contrabandista. Procurou nos lugares que Omar frequentava e nada, só tinha notícia de que Omar foi aos Estados Unidos para ter um supermercado de importados. Na quarta noite, descobriu por Tannus, que o ajudava na procura, que o nome de Wyckham era Francisco Keller, Chico Quelé, filho de alemães pobres e era inglês coisa nenhuma. Soube do conversível que foi um carro adaptado, peças de um, motor de outro. Foi daí que Omar conheceu Quelé, que aparecia dando agrados e Omar que procurava mulheres, além de conhecer a Pau-Mulato. Omar queria sempre mais. Halim continuava com a procura com Tannus. Ficaram em círculos, chegaram a repetir trajetos, enquanto Tannus aproveitava para fazer comércio.

Capítulo 6 – Parte 3 – Halim esperava por um pequeno milagre, ainda que fosse pouco religioso e adiava a crença. Rânia, agora tutora da loja, controlava as despesas da casa, exceto do peixe, já que comiam bem. Mas era peixe até demais. Halim começou a prestar atenção no peixeiro, Adamor, o famoso Perna de Sapo. Tentava vender os peixes ruins, mas Domingas era boa para saber da qualidade do peixe. Apesar de esbravejar contra a indígena, ela fazia comentários duros mas prezava pela apresentação do vendedor. Adamor era sobrevivente de guerra e salvador de um herói americano. Ao longo do tempo que Omar estava sumido, Adamor prestava atenção nas dores de Zana, meio chorando meio querendo vender. Halim queria a atenção de Zana mas nem lendo os gazais era possível. Um dia, ele viu Zana e Adamor saindo juntos, ela vestindo a melhor roupa, chovia uma chuva triste e fina. Omar foi encontrado, vivendo metade na terra, metade nos rios, foi Perna de Sapo quem achou, vivendo como pescador e cartomante, sem terem se afastado da cidade. Ele estava careca, com barba grisalha, olhos esbugalhados e tomava banho quando a mulher o dava, vendia peixes na madrugada por qualquer preço. Omar foi até a antiga casa e começou a destruir tudo com uma corrente, esbravejava contra o pai sobre o irmão engenheiro. As mulheres ficaram assustadas e fugiam dele, o Caçula rosnava, enquanto o narrador segurava sua posição para se defender. Apesar de esperar pela raiva, Omar foi se acalmando, a mãe foi tentando acalmar o filho perdido. Abraçou o filho e pediu ao narrador e às meninas que limpassem tudo. O narrador comenta do espelho que Omar quebrou, pois já não precisaria lustrar com tanto zelo. Halim comprou outro, o qual o narrador limpava com menos zelo.

Capítulo 6 – Parte 4 – Na madrugada que Zana e o Perna de Sapo saíram, Halim pediu ao narrador para ir vigiar. Omar estava por perto, todos perceberam a presença de Zana, já que seu cheiro era inconfundível. Todos viam ela chegar, tal qual chegava para encantar Omar. O narrador só conseguiu ouvir o choro e a voz de Zana falando que o filho voltaria para casa. Omar retornou à casa. “O Caçula foi mimado como nunca”. Rânia ia abrindo o cofre da loja, cedendo ao irmão, que ia acariciando ela por beijos, afagos, lambidas. Omar sentiu-se derrotado de não poder ter uma vida simples com uma mulher, mas ter que ficar na tutela da mãe com várias putas. Omar voltou ao lar. O narrador discutiu com Halim sobre o seu futuro e se aprendeu algo onde estudava, dizendo que nem o Galinheiro dos Vândalos Omar terminou. Disse que nunca queria filhos e que os queria em outro país. Reclamou de como Zana se comportava, da vida difícil no começo do Brasil, da preferência do filho mais novo por parte da mulher. Halim envelhecia, mal jogava, mal subia as escadas e nem identificava as pessoas que passavam perto dele. Era “um náufrago agarrado a um tronco, longe das margens do rio, arrastado pela correnteza para o remanso do fim”.

Capítulo 7 – Parte 1 – Na primeira semana de janeiro de 1964, Antenor Laval, o professor de francês, foi falar com Omar. Perguntou ao narrador se tinha lido os livros. Foram ele e Omar resolver algo. A mãe estranhou a sobriedade. Omar pediu dinheiro para Rânia, a mãe pedia para Rânia ceder e ela se enraiveceu. Amava o comércio, o narrador a ajudava com frequência, tentando ao máximo ouvir as histórias dos clientes. Halim não aguentava mais ver Omar, lamentava a filha que sustentava “aquele parasita”. O narrador estudava no Liceu. Falava do poético professor de francês. Em sua última aula que o viu, o narrador anotou “Que cherchent- ils au Ciel, tous ce aveugles?” (Os Cegos, Baudelaire), o professor saiu da sala sem dizer nada. Foi preso no dia seguinte. Foi humilhado na praça das Acácias, “esbofeteado como se fosse um cão vadio à mercê da sanha de uma gangue feroz”. O narrador pegou a mala do professor Laval e levou consigo. No dia de sua morte, acenderam tochas, todos tinham um poema manuscrito do mestre. Após um minuto de silêncio, começaram a ler os poemas do mestre. O Caçula foi o último a ler. Até escreveu um dos versos com tinta vermelha ali. O narrador teve pena dele.

Capítulo 7 – Parte 2 – A cidade vivia em medo. O narrador ainda lembra de Laval. Corria no Liceu que Laval era “militante vermelho, dos mais afoitos, chefe dos chefes, com passagem por Moscou”. Escreveu muito, não gostava do título de poeta, mas não recusava o título de mestre. Em meio a ver Laval, viu um espectro na casa, era Yaqub.

Capítulo 7 – Parte 3 – Yaqub não tinha perdido a pose de espadachin, Domingas abraçou, “o abraço mais demorado que ela deu num homem da casa”. Domingas preparou a mesa, a rede, ele foi deitar e pediu para que Domingas ficasse perto dele. Várias vezes mencionou o nome do narrador. Ele ria, mas parou quando Domingas passou a mão na cicatriz, “traço estranho na face esquerda”. Omar chegou ensopado, viu o irmão. Yaqub balbuciou algumas palavras e o Caçula ignorou, subiu ao quarto. Omar chamou Domingas, que a ignorou, sorrindo. Yaqub era um alguém que quis provar a si mesmo. A mãe foi abraçar o filho que chegou, mas percebendo que o Caçula gemia. Halim reclamava dos soldados, Yaqub disse que finalmente “Manaus está pronta para crescer”. Yaqub trabalhava na casa dos pais, voltou sem vestir terno. Acordava bem cedo, gostava de ver o dia amanhecer e as cores mudarem. Prometeu ao narrador que levaria-o para ver o mar. O narrador desconfiou de Yaqub saber da morte de Laval. Yaqub ficou pensativo, falou que outro professor em São Paulo sem terminar a frase. A cidade estava ocupada pelo Exército e Marinha. O comércio de Rânia fechou. Yaqub não se abalava, era oficial da reserva, como dizia orgulhoso. Em uma tarde que foi sair para fotografar edifícios, vários soldados apareceram em jipes. Desesperou-se, foi resgatado por Halim e Yaqub, ardendo de febre. Nos últimos dias, Yaqub acariciava-o, até Halim se preocupou com o “neto bastardo”. O que não foi deixado de gastar com médico, Yaqub ofereceu de dinheiro para Domingas, que aceitou desta vez. O narrador não sabia se veria Yaqub de novo, “ele não gostava de prolongar a despedida; segurou” as mãos do narrador e disse escreveria e mandaria livros. Halim abraçou o filho que tinha presa, chorava e balbuciava que ali era a casa do filho. Pediu para ver a nora, Yaqub disse que traria e que ficaria num hotel. Yaqub disse que ficaria num hotel pois não era obrigado a aturar os surtos do Caçula, ainda que não tivesse falado dele, mas falou alto para que ouvisse. O narrador perguntou se Yaqub era o pai. Não aguentava a humilhação da mãe, que ignorou o assunto. Omar ficava cada vez mais doente e saudoso.

Capítulo 7 – Parte 4 – Omar teimou de catar frutas podres, folhas e colocava em um saco. Tinha nenhum conhecimento, machucava-se. O narrador ficava feliz pois podia estudar aos sábados. Rânia foi até a loja para limpar tudo, com ajuda do narrador. Limpava tudo, “não teve pena de jogar nada fora”. O narrador encarou o corpo de Rânia, vendo também através da roupa. Beijaram-se. Após horas, Rânia disse da festa de quinze anos que não teve, falando que a mãe implicou com o homem que ela amava. Porém, ela nunca disse quem era o homem, pediu para que fosse embora e nunca mais voltou a ajudá-la.

Capítulo 7 – Parte 5 – Zana olhava para o narrador estudando e para o filho que remexia no quintal. Um dia, as duas filhas de Talib, Zahia e Nahda, chegaram na casa e viram Omar pelado no quintal. Quando percebeu que estava sendo vigiado, tapou a virilha. Porém, estava com o ramêmi, pênis, com pus, estava doente de novo. Tinha uma gonorreia galopante e Zana só sabia disso agora. Halim não sabia de nada e Zana mentia que ele tinha ressaca, em vez de contar a verdade. Halim saía por aí com mais frequência, fosse de dia ou de noite. Ele percebia que estava envelhecendo e que as pessoas ao seu redor morriam. Estava cada vez mais audacioso, comia a comida de Lívia em vez da de Zana. Em uma tarde, o narrador achou Halim na beira do Rio Negro, vendo a demolição da Cidade Flutuante. Chorava muito com os outros moradores. Uma noite apenas que a busca do narrador pelo pai dos gêmeos foi em vão, na véspera de Natal de 1968. Esperaram Halim voltar, dizendo que era costumeiro o seu desaparecimento. Porém já de madrugada, o acharam no sofá. Tentou falar com ele. Tentou até falar em árabe. Porém, não respondeu, estava “calado, para sempre”.

Capítulo 8 – Parte 1 – Dois meses antes de Halim morrer, Omar desapareceu. Continuou exercendo a ocupação de jardineiro. O narrador até torceu para que voltasse às festas e “nunca mais se erguesse da rede vermelha”, mas não aconteceu. Continuava arrumando, subindo na árvore, sem limpar os cupinzeiros, tarefa que acabaria ficando para o narrador. O narrador gostava de ver o espetáculo. Halim evitava ver fogo, suas consequências e ficar parado, morto, como o pai ficou. Viu o pai morto sentado no sofá, começou a gritar, lembrando de quando ficou acorrentado. Talib chegou com as filhas, a tempo de evitar o “confronto entre o filho vivo e o pai morto”. Rânia ficou desesperada, tal qual Zana tinha ficado quando aconteceu com o pai dela. Zana jamais tinha contado que tinha lido os gazais que Halim deixou no restaurante de propósito. Repetia os versos de quem achava isso tolo, romântico, curiosa e aliviada. Yaqub mandou flores com dizeres, Omar ficou afastado, vendo o enterro. Poucas semanas depois, Omar foi repreendido pelas palavras grosseiras que apontou para o pai morto, “humilhar o esposo morto, isso Zana não admitia”. Disse que deveria abandonar o “trabalho de péssimo jardineiro” e procurar um emprego. Omar parou de ir ao quintal. Rânia ofereceu trabalho, ao qual ele riu com “trovões de uma bronquite cônica” e dentes amarelos e afiados. Zana ficava quieta, de luto. Manaus mudava, menos Omar. Tentou agradar a mãe, que apenas queria “paz entre os” filhos. Um dia, Omar surgiu com um homem desconhecido. Rochiram, era um indiano que começou a frequentar a casa, falava manso, misturando inglês e espanhol. Ele começou a trazer presentes, conquistando a atenção de Zana. A família tomou curiosidade pelo indiano e Omar morria de medo de falarem o nome de Yaqub. Rochiram estava sendo ajudado por Omar a “encontrar um terreno perto do rio”. Começou a ficar desconfiado, até mesmo do pai morto, deixou de levá-lo para casa. Zana quis datilografar uma carta para Yaqub – o engenheiro ajudaria com a planta e Omar ajudaria o indiano em Manaus, tudo para que puddeve ter o “seu grande sonho” de ver os filhos reconciliados. Tinha falta de Halim, não podia “morrer vendo os gêmeos se odiarem como dois inimigos”. Já que Yauqb era mais estudado, ele poderia entender melhor, tanto do Líbano, quanto do filho que não saia de perto da mãe. Enviou a carta. Yaqub disse que o que tinham era entre eles, mas se interessou pelo hotel, ignorando a participação do irmão. Rânia mostrou a carta, tentando ter algo para mostrar a Omar, que riu. Quando mencionou da construtora, piorou. Omar se esquivava de todos e esbravejava contra Yaqub. As mulheres apenas viam em silêncio. O narrador conseguiu escutar que Yaqub estava em um hotel por ali, um hotel muito simples e escondido. Em um dia de chuva forte que trouxe goteiras, tiveram que tirar a mobília dos quartos enlameados. No outro dia, Omar acordou cedo, sem comer o manjar que era feito a ele todos os dias e avisou que não voltaria para o almoço. Antes das onze, enquanto o narrador limpava os arredores da casa e cavava fossas, Yaqub apareceu. Trouxe roupa para Domingas e livros para o narrador. Estava com o corpo ereto e a expressão saudável, o que o deixava “bem menos envelhecido que o Caçula”. Ele havia ido ao cemitério ver o túmulo. Comeu o que Omar deixou para trás, chamou o narrador que mostrou os desenhos, vendo o corpo sujo de terra. Disse a ele sobre os cálculos e de que “não podes passar a vida limpando quintal e escrevendo cartas comerciais para Rânia”. Domingas pedia para Yaqub fugir e sair dali, apesar dele querer ficar com Domingas, que só observava o corredor. Porém, o inevitável aconteceu – Omar chegou e destruiu Yaqub. Os vizinhos ainda o ajudaram, mas Omar ainda descontou nos desenhos e na louça da cozinha.

Capítulo 8 – Parte 2 – Yaqub se contorcia na rede, tinha o rosto inchado e a boca que não parava de sangrar. Domingas tratou de limpar tudo antes que Zana chegasse, pediu para mentir sobre Yaqub. Zana não engoliu a mentira, achou o passaporte roubado de Yaqub por Omar no quarto do Caçula. Ficou pensando, repensando, analisando como Omar tinha ficado com mulheres e não ia para frente. Zana tinha o sonho desfeito, falou que Yaqub tinha se reunido com o indiano e “estragou tudo”. Rochiram apareceu na loja de Rânia, pedindo muito mais do que antes. Ameaçou sabendo conhecer pessoas influentes, a irmã pediu tempo. Domingas ficava preocupada com Yaqub. Zana já não pintava o cabelo e mechas grisalhas apareciam.

Capítulo 9 – Parte 1 – Domingas piorava de saúde, pensando em Yaqub. Em uma tarde de domingo, ela foi passar com o narrador por Manaus Harbour. Passeou por ali, viu conhecidos e rezou. Começou a contar de quando nasceu e como Halim cuidava dele, dizendo que ia estudar, foi no batismo, pediu o nome do pai dele no menino, Nael. Omar não aceitava essa proximidade de Domingas com Yaqub, em uma noite, bêbado, “agarrou com força de homem”. Na casa, Zana começou a chamar o filho agredido de agressor. Zana estava cada vez mais desnorteada, sem marido e sem Domingas. Ela pedia pelo filho Caçula de volta. Talib dizia que uma porta fechava e a outra abria. Rânia começou a se livrar de tudo da casa que lembrava do passado. Quando voltou para casa, o narrador encontrou Domingas enrolada na rede de Omar, armada no quartinho. Viu os olhos fechados, balançou a rede mas a mãe não mexeu. “Ela não dormia”. O narrador lembra dos cheiros e de como a mãe o deu o que mais queria saber, sua origem. Zana chamou por Domingas, até a vê-la na rede e abraça-la de joelhos.

Capítulo 9 – Parte 2 – O narrador tentou escrever em vão que sua mãe morreu. Filosofou sobre esperar a morte e o esquecimento. Pediu a Rânia que a enterrasse no jazigo da família.

Capítulo 10 – Parte 1 – “A casa foi se esvaziando e em pouco tempo envelheceu”. Rânia mudou para um bangalô. Zana teimava em ficar na casa. Caiu e teve que engessar braço e clavícula. Estendia a roupa de Halim, sentava ao lado direito de onde o filho almoçava, de noite chamava Domingas. O narrador ia assustado correndo, ver Zana perto do oratório. Rânia tinha medo de Rocharim aparecer e queria abandonar Manaus. Continuava enxotando clientes e ex-pretendentes que compravam de tudo e sorria ao próximo cliente. Eram menos visitas, mais tempo de estudo para o narrador. Estelita passou para visitar Zana e recebeu acusações da filha da irmã dela, Lívia, acabar com a casa. Zana queria ver mais ninguém. Só tolerou a visita de Emilie. Aos poucos, Zana contava coisas que poucos sabiam. Seu nome era Zeina. Disse que Halim incomodou-se de quando Domingas foi para a casa, que mudou muito depois que Domingas engravidou. Quando ia ter o filho, Zana perguntou se ia aturar um filho de ninguém como havia reclamado antes, no qual ele “se aborreceu, disse que tu eras alguém, filho da casa”. Ela falava e fazias as próprias perguntas. Até falou que sabia que o narrador os espiava quando eles faziam sexo no tapete que rezavam. A vontade de viver de Zana ia dissipando conforme ia percebendo que Omar não voltaria. Chorava e conversava com fotos. Cinco semanas foram necessárias “para ofuscar a casa, para dar um ar de abandono”. Um dia que uma boca de lobo entupiu e Rânia pediu ajuda do narrador, um homem entrou na loja, era Rochiram. Ela ouviu o que tanto esperava e já sabia, “a dívida dos dois irmãos em troca da casa de Zana”, mas a surpresa veio que o irmão engenheiro já estava de acordo com as condições. Foram para o bangalô, Zana saiu da casa, vendo lugares vazios que faltavam algo. Cozinhava, procurava Domingas e esperava Omar, segurando sua rede encardida, “esperava a visita que nunca veio”.

Capítulo 10 – Parte 2 – O narrador ficou sozinho na casa. Zana levou o que tinha de roupas de Halim, a fotografia do pai e a mobília do aposento. Rânia apareceu para pedir que cuidasse da mãe, que voltou a quebrar o braço. Rânia pediu para que chamasse uma das meninas do cortiço, mas Zana queria ninguém, o narrador cuidava. Zana ia sofrendo de “tanta saudade de Halim e do Caçula diluía a beleza do rosto dela”. Orava para que Omar não morresse, que voltasse. Não falava de Yaqub. Em um dia, Zana sumiu, acharam-na no galinheiro. O narrador pediu por ajuda mas ela disse que dali não saía, foi levada com muito custo para o carro, enquanto chorava. Teve hemorragia interna, ficou internada. O narrador a visitou, ela já se esforçava muito para poder lembrar e só podia falar em árabe. Procurou as mãos dele e balbuciou “Nael… querido…”.

Capítulo 11 – Parte 1 – Zana morreu com o filho ainda foragido. Não viu a casa que morava renovada. Tinha gente de tudo quanto é lugar na Casa Rochiram, até mesmo de Brasília, mas ninguém que era da rua, que o narrador conhecesse. Porém, havia um corredorzinho que conduz aos fundos da casa, que pertencia ao narrador, a herança dele. Yaqub queria assim: facilitar a vida do narrador e arruinar a do irmão. Disse que seria melhor receber a bagatela para que Omar não sofresse as consequências. Rânia arrancou a assinatura da casa da mãe só no hospital, quando ela tentou reconciliar os irmãos. Ela não sabia que Yaqub saiu antes do hospital e de Manaus pois Omar apareceu por lá. Omar saiu andando, bebeu e esbravejou a história. Rânia tentou comprar o silêncio, Yaqub fez corpo delito e comprou advogados atrás de Omar. Yaqub teve paciência de pantera, perseguia Omar que vivia de favores. Rânia não conseguia mais pagar pelas dívidas que Omar continuava fazendo, as queixas continuavam e Rânia esperava pelo pior.

Capítulo 12 – Parte 1 – Rânia achou Omar, com um destino conectado ao de Laval, na praça das Acácias. Os policiais apareceram aos montes, as pessoas fugiram. Omar, como esperado, reagiu, rindo deles. Recebeu uma coronhada e um ticket de ida para o presídio. Rânia se desesperou perguntou para onde ia. Ficou incomunicável no presídio. Tentava comprar os policiais em vão, a conexão de Omar com Laval era uma condenação política. Estava em condições deploráveis na cela que enchia de água nas chuvas. Na manhã que saiu para o Tribunal, Rânia estava sozinha. Omar era só osso e pelanca. Rânia escreveu a Yaqub, dizendo que “a vingança é mais patética do que o perdão”. Ameaçou devolver tudo que tinha dele, reclamou de como tratou a mãe e o irmão. Foi nessa época que o narrador se afastou de Rânia, o lugar dele não era ali.

Capítulo 12 – Parte 2 – Omar saiu às custas dos poucos níqueis de Rânia. Omar queria ver a mãe e chorava. Rânia tentou se aproximar mas Omar continuava perambulando por aí. Yaqub continuava escrevendo ao narrador, pedindo por flores no túmulo de Halim e de Zana. Não falava de Rânia ou de Omar, perguntava quando iria visitá-lo em São Paulo, o que adiou por vinte anos. “Não quis ver o mar tão prometido”, sequer encostou nos desenhos rasgados. Queria distância dos cálculos de Yaqub. Nas últimas cartas, ele só falava do futuro, “essa falácia que persiste”. O narrador guardou apenas uma única foto, a qual Yaqub estava perto do Bar da Margem. Recortou a foto para ver o rosto de Domingas, sorrindo. Anos antes de Yaqub morrer, queria mais se distanciar do que estar perto dos irmãos. A dor que os gêmeos causaram eram iguais, o sentimento de perda o narrador deixou aos mortos. O que Halim desejou tanto os filhos cumpriram: não tiveram filhos.

Capítulo 12 – Parte 3 – O narrador viu Omar pela última vez, em uma chuva de tarde de meio-céu. Foi o dia que tinha dado a primeira aula no Liceu que estudou. Ainda morava no mesmo quartinho na Casa Rochiram. Tinha um bestiário da mãe, única coisa que sobrou dela ali. Começou a reunir as conversas com Halim, os escritor de Laval, passou “parte da tarde com as palavras do poeta inédito e a voz do amante de Zana”. Desde que Zana morreu, não cuidava da natureza, era uma conexão ao passado que não podia ter mais. Omar invadiu o refúgio do narrador. Era já quase velho, um homem de meia-idade. Não reconheceu o local ou agia como quem não reconhecesse. O narrador esperava uma palavra. Quis dizer algo. Titubeou. Olhou para o narrador, emudecido. “Deu as costas e foi embora.”.

Uma resposta em ““Dois Irmãos” de Milton Hatoum – Resumo de Cada Capítulo”

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