Categorias
Literatura Brasileira Resumo de Cada Capítulo

“Marília de Dirceu” de Tomás António Gonzaga – Resumo de Cada Capítulo

O livro é uma história de amor de poemas escritor por Dirceu (Tomás António Gonzaga) a Marília (Maria Doroteia), um amor entre o autor aos seus 40 anos com uma jovem de 16 anos. Por fazer parte da Inconfidência Mineira, Tomás António Gonzaga seria preso. No dia que iriam se casar, que ele marcou de propósito no dia que seria preso e era também o dia que Maria Doroteia teria 18 anos, não houve pena do autor e ele ficou exilado em Moçambique para cumprir a pena. Maria Doroteia nunca soube mais dele e morreu aos 85 anos. Tomás António Gonzaga casou-se com uma filha de comerciante de escravos, teve dois filhos e morreu aos 66 anos. Seu corpo foi levado ao Brasil e enterrado junto ao corpo de Maria Doroteia. O livro é um conjunto de poemas que varia de sílabas poéticas e rimas. São 3 partes (as 2 primeiras escritas antes do exílio, a terceira em Moçambique), com 33 liras, 38 liras e 9 liras, respectivamente. Foi publicado em 1792 (a primeira parte), em 1799 (a segunda parte) e em 1812 (a terceira parte). Há uma mistura de características do Arcadismo e do Romantismo, sendo a primeira mais presente do que a segunda.

Parte I

Lira 1

A parte 1 é publicada em 1792. Lira é um instrumento que acompanha a leitura dos poemas, principalmente na Grécia Antiga, que deveria ser cantada (por isso o nome “eu lírico”). Dirceu se apresenta como um vaqueiro que tem seu próprio gado, que não trabalha para outras pessoas. O amor é tratado racionalmente – nos moldes do Arcadismo – e tenta convencer logicamente a Marília que ele é uma boa opção. Ele se apresenta como dono de terras, que possui talento e que está bem preservado (que não parece velho).

Lira II

Dirceu começa a descrever Marília. Apesar dele citar os cabelos de Marília em partes da obra em ser loiro, ela é morena (o Arcadismo segue os moldes greco-romanos de beleza, como o amor é idealizado, Marília é descrita com o cabelo loiro mesmo que seja morena, e, há, até, partes do texto que ele confunde a cor). Marília é retratada como um amor distante, já que o amor na vida real não era aceito pela família de Maria Doroteia por conta da diferença de idade entre os dois.

Lira III

Dirceu diz que ama Marília pois é humano amar. Ela é bela, e ignorar a beleza é estar fora de razão. O amor no Arcadismo é galante, ele tenta convencer, mostrar o que possui. Não é como o amor romântico (apesar de alguns traços do Romantismo começarem a aparecer na obra) que é fatalista e extremamente exagerado, o amor árcade é comedido, racional, comparativo.

Lira IV

Dirceu conta como ver Marília fez seu corpo mudar. As relações são com vocabulário pastoril – em vez de espelho, uma fonte, em vez de senhor, pastor, em vez de posses, gado – e o amor é uma relação de servo como era no Trovadorismo, trocando a imagem da Senhora e do Vassalo para Pastor e Camponesa.

Lira V

Dirceu fala dos sítios que possui e cita Alceu, pseudônimo para Inácio José de Alvarenga Peixoto, um dos participantes e principais articuladores da Inconfidência Mineira, além de poeta carioca do Arcadismo (Tomás António Gonzaga nunca quis confessar de sua participação e sempre tentou deixar registrado que era inocente, pois poderia ser morto por isso). Há a descrição do campo ao seu redor, seguindo os conceitos de Fugere Urbem (do latim “fugir da cidade”, voltar à simplicidade dos campos em meio à intensificação da industrialização dos centros urbanos).

Lira VI

Há uma mudança nas sílabas poéticas de lira em lira, variando entre versos decassílabos (10 sílabas poéticas, separando as sílabas por quantas vezes caem o queixo/há uma pronúncia de uma vogal forte até outra) como nesta lira ou em redondilhas maiores (7 sílabas poéticas). Dirceu fala do talento – Estrela – e até cita Alceste (pseudônimo para Glauceste, Cláudio Manuel da Costa) que ele chora pelo talento em escrever poemas que Dirceu tem. E mesmo com esse talento e de várias outras coisas interessantes no mundo, Dirceu que é feliz por passar horas olhando para Marília.

Lira VII

Dirceu tenta explicar a beleza de Marília e falha, pois não tem recursos que poderia comparar ela por ser tão bela. Ele chega a comparar ela com os deuses greco-romanos, uma das táticas do Arcadismo de recuperar elementos da Grécia e Roma Antiga, e diz que venceria a beleza de todas. Porém, o que se destaca também do Arcadismo é a linguagem simples do poema, como uma forma de negação do Barroco de possuir uma linguagem que é exageradamente complicada, o Arcadismo traz poemas compreensíveis, de fácil leitura, sem usar palavras não usuais ou construções que confundem os leitores.

Lira VIII

Dirceu pergunta o motivo de Marília estar se queixando de estar apaixonada. Há o uso de elementos da natureza – pombas, ninho – para falar que é a Lei da Natureza amar. Se até as Deuses e os animais amam, como ela poderia não amar? É uma tentativa de Dirceu argumentar o amor, tornando ele racional, em vez de puramente impulsivo (como o seria no Romantismo).

Lira IX

Dirceu diz como ele tem suas mãos nos cabelos de Marília, em vez de estar em martelos, bigornas e ferros de trabalho como outros vaqueiros. Como é um período próximo da Revolução Francesa e também perto industrialização do Brasil, Dirceu ser dono de capital e não trabalhar para outros mostrava como seria vantajoso Marília estar com ele (na vida real, Tomás António Gonzaga era juiz).

Lira X

Há uma mudança para 4 sílabas poéticas na lira X. Dirceu conta como o Amor (em letra maiúscula, citando a divindade, não o sentimento) traz setas – flechas – que atingem os mortais, traz guerras, foi ao Céu e à terra. Inclusive, que a própria Marília possui essas flechas, falando como ela faz quem olhe para ela se apaixone. Então, a única forma de não se apaixonar, é fugindo do seu rosto lindo.

Lira XI

Por ser uma obra com tantas edições, que só perde para “Os Lusíadas”, sendo uma citação do próprio Manuel Bandeira, há uma metalinguagem – conversa de um texto com outros textos – com Virgílio (inspiração de Tomás António Gonzaga) e Homero na questão de escrever poemas. Ele pede inspiração para as Musas – divindades que trazem o espírito poético aos poetas – para escrever seus poemas, que seja maior do que já foi escrito, para falar de Marília. Dizendo que toda a natureza se silencia perante o simples falar de seu nome.

Lira XII

Dirceu narra uma batalha que trava e de como o Amor jamais morrerá enquanto Marília continuar vivendo. Perceba que, mesmo que o sentimento do amor tente ser mais racional no Arcadismo, é possível perceber um exagero dos sentimentos que será tão comum ao Romantismo.

Lira XIII

Há citações de deuses e elementos da cultura greco-romana, já que o Arcadismo possui esta retomada de princípios e valores da época. Dirceu diz que tudo faria – desde ir ao Céu e ao Inferno – por Marília. Como é um amor de galanteio, há sempre uma argumentação, convencimento e exposição para poder amar.

Lira XIV

Dirceu conversa com Marília para aproveitarem o momento, já que eles irão morrer. Este conceito é aplicado ao Carpe Diem – “aproveite o dia” – no sentido de aproveitar o que já se tem, não de que você deve fazer loucuras porque vai morrer, mas ficar feliz com o que está ao seu alcance hoje.

Lira XV

Aqui, o vocativo muda para Alceu – Alvarenga Peixoto – sobre a perfeição natural da beleza de Marília. O vocativo aqui muda pois, geralmente, Marília é usada como o vocativo (a voz com quem o eu lírico, Dirceu, conversa e fala) ao longo do poema. Até mesmo, o uso dos nomes é alterado para que fossem mais semelhantes à Grécia e à Roma.

Lira XVI

Agora, o vocativo muda para Glauceste – Cláudio Manuel da Costa – para poder comparar as pastoras – Marília de Dirceu e Eulina de Glauceste, em como cada uma se comporta com o amor que recebe dos pastores. Perceba que o próprio livro possui um aspecto de posse, já que a Marília é de Dirceu (Marília de Dirceu). Como é um período de intensificação de ideias burguesas de propriedade privada, o amor também se modifica para esta ideia de posse, em vez de uma relação emocional como era nas escolas anteriores.

Lira XVII

Dirceu compara suas emoções com elementos da natureza – a ideia de um local tranquilo para o amor é do Locus Amoenus. Ele diz como os céus ficam triste quando ela está, até porque ela tem ciúmes de alguém que estava interessado nele, e Dirceu pede para que ela não tenha. A relação de pastores é uma tentativa de fugir da vida de cidades, uma forma de ir para simplicidade do que são os centros urbanos na época.

Lira XVIII

Dirceu lamenta que logo será velho como um que ele está falando para Marília. Esta percepção da vida e morte é um dos pressupostos do Arcadismo para que a vida seja aproveitada, em vez do que será colocado no Romantismo como uma forma de escapismo de uma realidade cruel.

Lira XIX

Dirceu chama Marília para prestar atenção no local calmo que estavam – Locus Amoenus – assim como viam o gado e ficavam na sombra. Isso traz uma oposição à rápida urbanização dos centros urbanos brasileiros.

Lira XX

Há uma narração de Marília se machucando com uma rosa e sendo resgatada. Esta imagem de uma mulher bela e idealizada como inocente e que precisa ser resgatada.

Lira XXI

Apesar de ser melhor articulado no Romantismo, Dirceu fala de como se sente com os sentimentos do amor. A ele, não apetece mais os mesmos assuntos que tinha anteriormente com outras pessoas, perde noção de tempo e não se cuida mais como antes, pois viu Marília.

Lira XXII

Dirceu diz como os poemas podem eternizar a beleza de Marília, tal qual já fizeram outros poetas. Já passadas tantas liras, parece exagero o tanto que se fala da beleza de Marília, mas é comum ao Arcadismo (e também ao Romantismo) de como se descreve a amada.

Lira XXIII

Há uma cena que Marília canta para Dirceu em um campo calmo. Por muitas vezes, a obra faz mistura de um texto lírico (poemas) e um texto narrativo.

Lira XXIV

Dirceu diz como o deus Jove deu presentes e talentos às criações da terra. O homem ganhou as armas do discurso e as donzelas ganharam a arma da beleza. Ele diz como há até mesmo guerra e paz por isso (citando Helena de Tróia) e que até Marília poderia dar a todos paz e guerra.

Lira XXV

Há uma história de como o Cupido não conseguia atingir suas flechas em Dirceu, e que apenas Marília conseguiria atingir. Apesar de não ser dito ao longo da obra, a paixão é real e aconteceu, porém, Maria Doroteia tinha 16 anos quando eles se conheceram, e só chegaria aos 18 anos no dia que combinou o casamento (que, de propósito, ele marcou para ser o mesmo que seria exilado, tentando compadecer as autoridades).

Lira XXVI

Cupido pintou um quadro para poder representar a maior beleza do mundo. Vênus, a deusa da beleza, cede o lugar para que fosse de Marília.

Lira XXVII

Dirceu chama Alexandre, César e Augusto para falar das conquistas de terras. Dirceu diz que, em vez de batalhar, quer viver nos braços de Marília, já que nem dormindo ele deixa de pensar nela. Isto será uma das temáticas do Romantismo (o mundo dos sonhos como local ideal e possível do amor, ou de escapar da realidade cruel).

Lira XXVIII

Dirceu conta que Marília roubou as flechas de Cupido enquanto ele dormia. Apesar das risadas dos Faunos, Cupido diz que agora suas flechas devem ser temerosas, já que quem as têm é Marília.

Lira XXIX

Dirceu discute com o Amor, dizendo como ele faz as pessoas sofrerem e como causa guerras. Quando Dirceu se arma para enfrentar uma batalha, ele vê que é contra Marília e que ele perderia nesta luta de amor.

Lira XXX

Dirceu conta a história de que a deusa Vênus dormia e que o Cupido foi dar um beijo no rosto. Vênus fica zangada e Cupido disse que era fácil confundir seu rosto com o de Marília.

Lira XXXI

Dirceu pede paciência de Marília para que possa escrever versos que sejam da altura da beleza dela. É comum ver o verbo “cantar” com a escrita de poemas, já que os poemas, inicialmente, eram cantados.

Lira XXXII

Dirceu fala de que encontrou antigos versos que escreveu a outras amores em uma noite. Ele conversou com um Deus cego tentando convencer a não queimar pois os versos eram inspirados pelo Cupido e que havia glórias ali. Dirceu responde que tinha Marília e que não teria sentido ter versos que não fossem delas.

Lira XXXIII

Dirceu chama Glauceste para que cante de Marília. Apesar dele cantar, os outros choram de inveja e Dirceu chora de gosto, pois Dirceu é quem tinha Marília.

Parte 2

Lira I

A parte 2 foi publicada em 1799. Nesta época, Tomás António Gonzaga já estava preso (não no ano da publicação, mas da escrita). Dirceu se encontra em uma masmorra (prisão) e que não está contente. Ainda assim, por conta do pedido de Marília pedir para cantar a ele, assim ele o faz.

Lira II

Dirceu diz ter um coração maior que o mundo. Diferente da parte 1, que ele não estava preso, Tomás António Gonzaga ainda afirma nunca ter participado da Inconfidência Mineira.

Lira III

Dirceu lamenta como sua sorte não muda, já que ao longo de tantos anos o mundo mostrou exemplo de como o mundo muda. O aspecto agora mais melancólico não somente se liga à vida do autor como também a características que surgirão no Romantismo, sobre os exageros de sentimento e do fatalismo (como a vida do eu lírico é miserável em tantas obras).

Lira IV

Dirceu lamenta que a idade está deixando marcas em seu corpo – o cabelo perde a cor, sente dor nas costas e não anda mais da mesma forma. Diz que Marília poderia trazer saúde a seu corpo novamente e que seria jovem por vê-la. Esta narração é comum à segunda geração do Romantismo. Porém, é possível avaliar a obra como uma obra do Arcadismo não só pela primeira parte, mas como também a natureza é uma forma de mostrar os sentimentos do eu lírico e que até Cláudio Manuel da Costa usava deste recurso (usando o local calmo e também o local horrível).

Lira V

Há uma temática do mar, tão comum na escrita da literatura portuguesa de como o mar não traz mais novidades ou ventos bons. Tudo isso para relacionar seu sofrimento por não ter Marília.

Lira VI

Dirceu reclama de como não resta nem mais a língua para ele, ou até mesmo de como tantas outras pessoas tiveram mais do que merecia. Ele ainda tem honra e virtude.

Lira VII

Dirceu conversa com Glauceste, invocando seu talento para que cante novos poemas para acalmar os corações. Vale lembrar que Cláudio Manuel da Costa, durante a prisão dos envolvidos da Inconfidência Mineira, cometeu suicídio, enquanto Tomás António Gonzaga foi exilado.

Lira VIII

Dirceu diz como foi chamado para visitar sua história com a deusa Fortuna. Apesar de está lá, disse que eram pequenos momentos de felicidade em coisas gastas que não seriam o mesmo do que Marília, o que o fez abandonar o templo da deusa.

Lira IX

Dirceu lamenta sua vida de agora, comparando o passado que ele possuía gado, tempo e que ficava com Marília. Hoje, o que ele pode fazer é suspirar. Esta comparação é comum ao Romantismo, como forma melancólica de que o presente é insuportável.

Lira X

Dirceu lamenta não ter Marília com ele, ao mesmo tempo que Cupido ri de sua situação. Lembre-se que esta parte tem uma diferença escandalosa de comportamento do eu lírico antes positivo e que para ele bastava pouco para ser feliz – Aurea Mediocritas -, agora, possui nada.

Lira XI

Dirceu diz que nem o inferno poderia ser tanto sofrimento como o sofrimento que ele sofre do abutre da saudade que ataca ele.

Lira XII

Dirceu narra uma história possível do futuro que Marília levará o rebanho dela para passear e contará as histórias que ela teve que passou tempo com Dirceu. O uso de verbos até muda da parte 1 para a parte 2 – enquanto na primeira se foca em ações do futuro e presente, agora há uma atenção redobrada para o futuro do pretérito e verbos no passado, em uma dicotomia entre “o que poderemos ter” contra “o que não temos mais”.

Lira XIII

Dirceu, mesmo sem esperança nenhuma, ainda guarda uma gota de crença que o Destino o ajudará a não ser punido ou morrer – esta última, era a punição comum aos integrantes da Inconfidência Mineira.

Lira XIV

Dirceu invoca o poder da amizade, tão recorrente na literatura grega para que lembrem do que deve honrar as santas leis da Humanidade.

Lira XV

Dirceu lamenta a sua situação de hoje, comparado com o que tinha anteriormente. Dirceu fala até da morte, como fim certeiro que não costuma ser pensado no Arcadismo como trágico, mas como algo que é certeiro e que o dia deve ser aproveitado por isso – para que você possa aproveitar que está vivo. Ao contrário nesta lira, a morte é um alívio do sofrimento, o que será um traço marcante no Romantismo.

Lira XVI

Dirceu fala de como se sente triste de ter deixado Marília, amaldiçoa o Cupido, fala mal de Jove e diz pouco da sorte. Mais uma vez, ele deixou Marília no altar, achando que a ocasião faria com que as autoridades tivessem pena de prendê-lo, deixando ela sem saber para onde foi e nem sabia se estava vivo.

Lira XVII

Dirceu lamenta que está ficando velho. Ele apenas vê a única possibilidade de ver Marília ser morrer aos braços dela, após ter sido julgados pelos juízes do inferno e o deus Plutão.

Lira XVIII

Dirceu faz um devaneio a respeito do choro – tanto das lágrimas de Marília, quanto das referências gregas e romanas.

Lira XIX

Dirceu diz que lembra de Marília nas memórias, principalmente na sombra, que ele pode se iludir. Este recurso de imaginar visões e até confundir o que é realidade e imaginação é comum na literatura inglesa, principalmente com Poe e Byron.

Lira XX

Aqui, Dirceu fala de como o sol se põe e ele fica a chorar por Marília, mesmo que o Cupido tente levar a cantar. É notório perceber como aqui o pôr do sol é diferente da parte 1, a qual tem uma perspectiva de descanso do fim do dia, para aproveitar o fim. Já na parte 2, o pôr do sol ganha um aspecto fúnebre, de fim da vida e perda das esperanças.

Lira XXI

Dirceu lamenta a relação atual entre os pastores (Glauceste e Dirceu) e suas pastoras (Eulina e Marília). Como o amor pastoril continua, a diferença nesta parte é que não há galanteio, não se argumenta para amar. Agora, há apenas a saudade e a lamentação do que não se pode mais fazer. Apesar de Dirceu não mais cantar como antes, seu juramento de amor continua a Marília.

Lira XXII

Mais uma vez, Dirceu afirma ser inocente, mesmo na masmorra (prisão). Em nenhum momento do livro e nem na vida, Tomás António Gonzaga assume ter participado da Inconfidência Mineira.

Lira XXIII

Dirceu fala da justiça, invocando referências da Antiguidade.

Lira XXIV

Dirceu diz que vai lutar contra tigres e leões, provando que é inocente.

Lira XXV

Dirceu fala de como o tempo vence tudo, menos o amor que ele sente por Marília.

Lira XXVI

Dirceu fala que tudo conspira para que ele seja humilhado de sua inocência.

Lira XXVII

Dirceu fala de elementos da noite e da neve, o que é oposto da primeira parte que fala do dia e do sol.

Lira XXVIII

Dirceu se compara com os elementos da natureza, dizendo que é mais forte que tudo.

Lira XXIX

Dirceu tenta quebrar sua tristeza com um pouco de contentamento, mesmo que não veja sentido nisso. Apolo o ajuda a cantar para Marília.

Lira XXX

Dirceu canta a beleza de Marília.

Lira XXXI

Dirceu diz da tristeza da falta de tudo de Marília. Fala da voz, do cabelo e da pele da pastora. É notória a diferença de um desejo de ter da parte 1 (a possibilidade de poder ter por estar galanteando) da parte 2 (o sentimento de desolação de nunca mais poder ter ou de que tudo ficou na memória).

Lira XXXII

Dirceu perde as esperanças de ficar vivo, compara-se com os navegadores e descreve calafrios. Ao pensar em Marília, ele ganha forças para continuar. O Arcadismo traz a temática da calma como contraponto do desenvolvimento e crescimento desenfreado das cidades, aqui, é semelhante ao Romantismo que traz a calma como uma exceção da vida sofrida do eu lírico.

Lira XXXIII

Dirceu descreve sua aparência de dado como morto, o cabelo em mal estado e a barba por fazer. Ainda insiste em ser inocente.

Lira XXXIV

Dirceu traz Morfeu para pintar seus sonhos. Traz o passado que é interrompido por ser acordado, e vê que nada é real. Diz que o único crime é amar Marília.

Lira XXXV

Dirceu diz à Marília que os suspiros que ela ouvir algum dia serão dele. É interessante perceber como é comum ver o uso recorrente do elemento da visão como primeiro contato da paixão e da voz como elemento carente ao Romantismo. Há muito mais o uso de descrição de imagens na parte 1, enquanto a parte 2 possui mais descrições sonoras.

Lira XXXVI

Dirceu fala de como suas mãos perecem, como elas antes carregavam uma pluma e que poderiam até segurar um cetro de monarca.

Lira XXXVII

Dirceu conversa com um pássaro para que não cante para ele, mas que visite Marília, pois será melhor do que cantar para ele que está preso na masmorra.

Lira XXXVIII

Dirceu faz um retrocesso histórico dos povos que já visitaram as terras brasileiras. Ele sempre usa o termo Luso Povo para o povo de Portugal pois Brasil ainda é colônia de Portugal. Dirceu queria gastar mais uma hora com Marília.

Parte 3

Lira I

A parte 3 foi publicada em 1812. Ela reúne Marília e outras musas que teve de inspiração antes de conhecer ela. Cupido chama Dirceu para um templo para que termine seu lamento e cante novamente. Ele mostra os tesouros e armas de outros deuses a Dirceu. Fala de outras mulheres conhecidas na cultura grega e romana – Helena de Tróia, Deidamia de Aquiles, Cleópatra, Hérmia, Ônfale – até chegar em Marília.

Lira II

Dirceu diz que mesmo não cantando o nome de Marília, ainda fala bem dela.

Lira III

Dirceu fala de como está atrás de grandes livros e cantos de poesia. Ele lerá novamente o processo do passado até chegar a Marília.

Lira IV

Dirceu narra uma história entre Amor e Morte conversando. Cada um deles fala de como as flechas atingem os humanos. Falando da história, Marília conhecerá se Dirceu padece de amor ou de morte.

Lira V

Dirceu canta de Nise, a pastora de Cláudio Manuel da Costa. Várias vezes ele invoca sua estrela – seu talento.

Lira VI

Dirceu fala de como estava em um bosque tecido pelo Amor, até ser picado por uma serpente, porém, ele sai ileso.

Lira VII

Dirceu diz que os mares sabem agora da beleza de Marília.

Lira VIII

Dirceu narra como está navegando pelos mares com Marília. Ele se encontra com seu pai e apresenta Marília. Todavia, era apenas um sonho.

Lira IX

Dirceu usa Dircéia para referir-se à Marília. É notório perceber que Dirceu parece totalmente servo de Marília em toda a obra, fazendo até sentido que o título fosse “Dirceu de Marília”. Todavia, com a cultura patriarcal, explica-se a ordem “Marília de Dirceu”. Ele lamenta que não pode dizer adeus a ela, porém, esperançoso do próximo dia que poderia ver ela. Fora da obra, tanto Tomás António Gonzaga e Maria Dorotéia foram enterrados juntos, anos após a morte de cada um, como ele havia prometido na obra.

Uma resposta em ““Marília de Dirceu” de Tomás António Gonzaga – Resumo de Cada Capítulo”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *